Sinopse – Princesa da família Duarte Na imponente fazenda Volchya Dolina, entre os gelos da Rússia e o rigor dos laços familiares, Amanda Duarte cresce como a herdeira improvável de um império ancestral. Criada por Ana e Augusto como filha, Amanda enfrenta olhares desconfiados e rivalidades silenciosas, principalmente da prima Clara, que nunca aceitou vê-la brilhar onde achava que era seu lugar. Dividida entre os estudos, o trabalho na poderosa Duarte Holdings e os conflitos internos da família, Amanda precisa provar que seu valor não está no sangue, mas na coragem e na inteligência com que enfrenta os desafios. Seu maior aliado — e talvez seu maior dilema — é João, irmão de criação e diretor-geral da empresa, com quem compartilha uma ligação intensa, carregada de sentimentos proibidos que ameaçam explodir a qualquer momento. Quando segredos antigos ressurgem e aliados se tornam inimigos, Amanda vê-se no centro de uma teia de traições, rivalidades e sentimentos confusos. Entre o dever e o desejo, ela precisa escolher seu próprio caminho — e decidir até onde está disposta a lutar para proteger quem ama e afirmar seu lugar em uma família que, apesar de tudo, a ensinou a nunca se curvar. Princesa da família Duarte é uma história de amadurecimento, lealdade, poder e paixões proibidas, onde o frio da neve só contrasta com a intensidade dos sentimentos que queimam sob a superfície.
Leer más– Clara intercepta João no jardim da frenteClara surgiu do escuro como um raio, o vestido esvoaçando no vento frio da noite russa. Estava lívida.— João! O que foi aquilo? Você... você ficou paralisado por causa dela? É isso?João virou lentamente, os olhos escuros de raiva e cansaço:— Clara, por favor, não começa.— Não começa? Você me ignorou a noite inteira! Nem me defendeu daquela cobra!— Ela não precisa de defesa — respondeu, irônico. — E você não precisava provocá-la.— Então é isso? Você vai voltar a ser o cachorrinho dela?João se aproximou, frio:— Amanda não quer ninguém. Nem eu. Nem você. E talvez por isso... talvez por isso ela seja mais livre do que todos nós.Clara sentiu o gelo subir pelas veias. Ele não era mais o mesmo João. Algo nele havia mudado desde que Amanda pisou de novo naquelas terras.— Você ainda ama ela, não ama?João ficou em silêncio. Mas o silêncio dizia tudo.– Escritório da Presidência, Sede da Duarte Corp – Segunda-feira, início do impérioA manhã
A mesa estava novamente posta com esmero, castiçais acesos, o aroma da sopa fumegante se misturando ao cheiro da terra molhada lá fora. Todos os membros da família estavam reunidos: Ana, Augusto, Afonso, Carla, Clara, José, Sofia com a barriga já pesada da gravidez, e João — este com o olhar perdido, entre a comida e o vazio da lembrança de um amor.Amanda entrou por último, ao lado de Bruno, vestindo um vestido escuro de lã fina, que realçava ainda mais sua elegância fria. Os olhos azuis cortavam a sala como navalha.Sentou-se ao lado de Ana sem pedir licença. Pegou a taça de vinho com delicadeza, e depois de um gole, ergueu o rosto para Augusto.— Senhor Augusto — disse com voz firme, pausada — aceito sua proposta.Um silêncio sepulcral caiu sobre a mesa. Todos pararam os talheres. Até Nina, no colo de Sofia, ficou quieta, como se pressentisse algo solene.Amanda continuou:— Mas entenda bem: não estou aqui para bater continência ao senhor. E jamais farei isso. Aceito... porque me p
Interior da sede – Quarto de Amanda, fim de tardeO sol já se escondia além das montanhas cobertas de neve. A luz alaranjada filtrava-se pelas cortinas pesadas, dourando os contornos do quarto. Amanda sentava-se diante da penteadeira, penteando os cabelos ainda úmidos do banho, a expressão inabalável. Bruno estava recostado à janela, os olhos fixos nela — com admiração e cautela.— Você causou um terremoto naquela mesa — comentou ele, com um sorriso enviesado.Amanda arqueou uma sobrancelha, sem desviar os olhos do espelho.— Era o mínimo. O que Augusto esperava? Que eu simplesmente dissesse “sim, papai” e batesse continência?Bruno se aproximou devagar, sentando-se na poltrona ao lado.— Talvez não. Mas... talvez fosse uma jogada útil aceitar esse cargo agora. — Ele falou com calma, mas seus olhos eram atentos. — Você estaria no comando de tudo que Ana construiu. O império que ela levantou está pronto pra ser passado a você. É o seu direito. Seu legado.Amanda parou de pentear o cabe
Todos à mesa ficaram imóveis por alguns segundos. O som dos talheres cessou. Os olhares se entrecruzaram como lâminas. Amanda havia desafiado Augusto Duarte. Publicamente. Dentro da casa que ele comandava com mãos de ferro.Carla, mãe de Clara e irmã de Augusto, rompeu o silêncio com uma indignação abafada:— Onde foi que ela aprendeu essa falta de respeito? Falar assim com o próprio pai...Amanda, já de pé, virou-se apenas o suficiente para encará-la de perfil.— Talvez no exílio forçado. Ou, quem sabe, no silêncio imposto. Mas se quiser, posso te dar aulas. De como se manter de pé mesmo quando tentam te dobrar.Carla engoliu em seco. Ana manteve-se em silêncio, firme, mas um brilho de orgulho discretíssimo cruzou seu olhar.João largou o guardanapo sobre a mesa e se levantou. A cadeira arrastou um pouco para trás, interrompendo o desconforto com um som abrupto.Sem olhar para ninguém, saiu da sala em passos rápidos. Clara seguiu-o com os olhos, e seus dedos apertaram o guardanapo co
Sala de jantar – Sede da Fazenda DuarteA mesa estava impecável. Louças de porcelana azul-cobalto, taças de cristal limpo como a primeira neve do inverno, talheres de prata realinhados com obsessiva perfeição. Uma lareira crepitava em um canto, mas o verdadeiro calor da sala... estava longe de vir do fogo.Amanda entrou.Vestida como quem sabia seu lugar no mundo — e que o lugar era no topo. O casaco pendia de seus ombros como uma capa de rainha. Os cabelos estavam soltos, dourados como trigo sob o sol do leste. Seus olhos, azuis e gelados, atravessaram a sala com a precisão de uma lâmina.Ao seu lado, Bruno.Alto, loiro como o ouro de velhas coroas eslavas. Olhos verdes que contrastavam com a dureza de sua expressão. Trajava um terno cinza-escuro, sem exageros, mas cortado com perfeição. Era impossível não notá-lo.Todos os olhos voltaram-se para eles — como se uma tempestade tivesse acabado de cruzar a porta.José foi o primeiro a se levantar, o sorriso genuíno, como o de um irmão m
Varanda da sede – Mesmo fim de tarde.João estava ao lado de Clara, mas seus olhos vagavam, inquietos. O vento trazia um pressentimento antigo. Aquela dor atrás do peito — que ele aprendera a calar — voltou com força.E então ela apareceu.Amanda.Não era mais a mesma. Era mais. Mais mulher. Mais firme. Mais distante. Seus cabelos, soltos ao vento, pareciam tecido de ouro antigo. Os olhos azuis — aqueles que um dia haviam se voltado para ele com ternura — agora eram puro gelo.Ela subia os degraus com um porte de rainha exilada que retorna ao palácio.Mas não era isso que o feria.Era o homem ao lado dela.Bruno.Alto, elegante, o olhar atento. Como se a escoltasse. Como se fosse dele a responsabilidade de protegê-la — ou pior, como se fosse dele o privilégio de merecê-la agora.João sentiu o estômago contrair. Um nó se fez na garganta, mas ele não podia demonstrar. Clara estava ao seu lado. E todos olhavam.Amanda não parou. Não hesitou. Passou por ele... como quem não via.Mas ele a
Varanda da fazenda Duarte – Tarde fria.João estava imóvel. O vento varria a varanda da sede, mas ele não sentia nada. O corpo presente, a alma dispersa — ausente como quem já havia sido sepultado vivo.As mãos estavam frias, apesar do chá quente que Clara lhe entregara. Ela sorria com doçura. O tipo de doçura que sufoca."É o certo, João", diziam todos.Seu pai. Seu tio Afonso pai de Clara. Até Ana silenciara diante da imposição.O nome Duarte precisava sobreviver. O escândalo precisava ser abafado. A aliança com Clara — filha perfeita, prima ideal — seria o selo de honra.Honra.A palavra soava como ferro enferrujado contra os dentes. Ele não queria. Nunca quis. Clara era o passado... Amanda, o abismo que ele escolheu cair.Mas agora, estava de mãos atadas.Augusto batera na mesa dias antes, os olhos em brasas, a voz como um trovão:— Ou você casa com Clara, ou sai desta família sem um centavo, sem um sobrenome, sem um teto para onde voltar.João sentiu o ódio raspar-lhe o peito. N
Londres – Apartamento de Amanda. Tarde cinzenta.A luz entrava oblíqua pelas janelas altas do flat em Mayfair. O céu inglês, perpetuamente coberto de nuvens, refletia com fidelidade o estado de espírito de Amanda.Sentada diante da lareira acesa, com uma taça de vinho não tocada ao lado, ela observava os e-mails no tablet — contratos, fusões, números. Era isso que Amanda havia se tornado: um dossiê ambulante de eficiência e poder. Não se permitia distrações. Não se permitia fraquezas.O celular vibrou. Ana.Amanda respirou fundo. Atendeu.— Alô.— Oi, filha... como você está? — A voz de Ana era baixa, delicada. Cansada.Amanda respondeu de forma automática, sem emoção.— Estou bem. E José e Sofia? Soube que Sofia está grávida de outra menina.— Sim — respondeu Ana com um pequeno sorriso que não foi ouvido. — Se chamará Carolina. Nina está ansiosa pra conhecer a irmã.Silêncio.— E José? — perguntou Amanda, com o tom leve, mas distante.— Está bem, filha... trabalhando bastante com seu
Sede principal – Biblioteca. Noite de inverno, fogo alto na lareira.O silêncio dentro da biblioteca era sufocante. Do lado de fora, a neve tombava espessa sobre os vidros, como se quisesse apagar o mundo. Ana estava ausente. José permanecia calado, escorado em uma das estantes, com o olhar fixo nas mãos cruzadas. Amanda e João estavam de pé, frente a frente com Augusto Duarte — que parecia mais uma estátua eslava do que um homem.— Você não pode fazer isso — disse Amanda, rompendo o silêncio com a voz firme, mas carregada de emoção. — Me mandar para outro país como se eu fosse uma peça fora do tabuleiro.João completou, o peito arfando, o rosto vermelho.— Jamais irei para a Suíça. Eu sou Duarte tanto quanto você. E se pensa que vai me separar da Amanda como se fôssemos crianças...Augusto deu um passo à frente. A mão pesada bateu sobre a mesa de carvalho com tal força que a xícara de chá de Ana tremeu, rachando o pires.— Quem manda nesta família sou eu!A voz ecoou pelas paredes co