Filha única de um dos maiores chefes da máfia italiana-americana, Isabella Bianchi sempre viveu sob rígida proteção, com sua vida traçada por alianças que ela não escolheu. Entre elas, um noivado arranjado com Romeu Castellani, CEO de uma bilionária empresa, que a via apenas como uma obrigação. Prestes a completar dezoito anos, Isabella sofre um atentado brutal que tira a vida de seus pais e a deixa gravemente ferida. Sozinha e com o contrato ainda em vigor, ela é forçada a se casar com Romeu, um casamento frio, celebrado no hospital onde ela luta para se reerguer. Durante três anos, Isabella vive isolada em uma mansão gélida, cuidada apenas pelo silêncio e pela indiferença do marido que ela amava em segredo. Quando finalmente tenta se aproximar, descobre a traição que a destrói: Romeu tem uma amante, seu verdadeiro amor. Partida, ela decide pedir o divórcio e, pela primeira vez, escolher a si mesma. O que Isabella não esperava era despertar em Romeu uma fúria cega e um ciúmes avassalador. Acostumado ao controle e à distância, ele se vê obrigado a encarar os sentimentos que sempre negou. Mas talvez seja tarde demais para recuperar a mulher que ele jamais soube valorizar. Entre dores do passado e novas batalhas, Romeu terá que provar se é capaz de mudar antes que Isabella vá embora para sempre.
Leer másO som do motor ecoava abafado sob a chuva intensa. Dentro do carro blindado, Isabella Bianchi mantinha os olhos presos à janela, assistindo às gotas se misturarem como lágrimas contra o vidro. A viagem parecia interminável, mas ela sabia que logo chegariam à mansão. A festa de seus dezoito anos estava a apenas algumas horas de distância, uma celebração que ela mesma não havia pedido, organizada com pompa e rigidez por seu pai.
Tudo em sua vida tinha sido assim: planejado, decidido, selado com o peso da tradição e do poder. Desde pequena, Isabella ouvira sussurros sobre seu futuro, sobre o contrato. Sobre o homem que seria seu marido, Romeu Castellani. Um nome que ela aprendeu a respeitar antes mesmo de conhecer. Um CEO bilionário, apadrinhado pelo patriarca da família mafiosa, o mesmo homem a quem Isabella, inocente, chamava de nonno em sua infância.
Para Romeu, ela nunca foi mais que uma promessa feita por terceiros. Uma aliança selada por interesses maiores. E, embora não estivesse diretamente envolvido nos negócios sujos da família, ele era intocável, protegido pela rede invisível de poder que mantinha a todos sob controle.
Isabella suspirou, apertando os dedos finos contra o tecido do vestido. O carro virou uma esquina quando o inesperado aconteceu. Um clarão, depois o estrondo ensurdecedor de um impacto.
O mundo girou em desordem.
O carro capotou, aço retorcido misturando-se a gritos abafados. Isabella sentiu o corpo ser lançado contra o cinto de segurança, o vidro explodindo em estilhaços. A dor foi imediata, cortante, impossível de entender. Por um momento, ela pensou ter morrido. Mas então veio o silêncio. Um silêncio pesado, cruel.
Isabella piscou lentamente, o gosto metálico do sangue preenchendo sua boca. Sua visão turva buscou desesperadamente por seus pais, mas tudo o que encontrou foi o vulto imóvel de seu pai no banco da frente... e a certeza amarga:
Estava sozinha.
O hospital cheirava a éter e morte. Dias, semanas se passaram e Isabella perdeu a noção do tempo, presa a um leito frio, o corpo coberto por bandagens, a alma vazia. Ela sobreviveu. Era o que todos repetiam, como se aquilo fosse algum tipo de consolo. Mas sobreviver tinha um preço.
Cicatrizes profundas cruzavam sua barriga e perna esquerda, lembranças eternas do acidente. Ela mancaria pelo resto da vida, disseram. E não havia ninguém para segurá-la enquanto chorava. Nenhuma mãe e nenhum pai. Nenhum futuro.
Até que Romeu apareceu. Ele entrou em seu quarto como uma tempestade contida, trazendo consigo o cheiro da chuva e do poder. Isabella, frágil sob os lençóis, ergueu os olhos para o homem que, até então, era apenas um nome distante em sua vida. Ele era bonito, mas frio e indiferente. E não parecia nem um pouco feliz em vê-la.
— Isabella. — Sua voz cortou o ar, grave e sem emoção. — Viemos formalizar o casamento.
A jovem piscou, confusa. Sua cabeça latejava. Ainda era efeito da medicação ou aquilo era real?
— O quê? — sussurrou, a voz falhando.
Romeu cruzou os braços, o olhar sombrio e implacável.
— O avô... — ele usou o termo como se lhe pesasse na boca — insistiu. O contrato de noivado permanece. Seus pais estão mortos e você está sozinha. E eu... — Romeu hesitou por um breve instante, a mandíbula travando — ...não tenho escolha.
Cada palavra era uma lâmina rasgando Isabella de dentro para fora. Não havia amor, nem compaixão. Apenas a obrigação e a conveniência. O cumprimento de um pacto antigo que a transformava em mais uma moeda de troca.
Naquela mesma tarde, no próprio hospital, Isabella Bianchi casou-se com Romeu Castellani.
Sem flores, sem vestido branco e sem votos sinceros. Apenas assinaturas rabiscadas em um papel e um anel frio deslizando em seu dedo trêmulo.
Durante os meses seguintes, Romeu financiou seu tratamento com uma generosidade mecânica, como quem paga uma dívida desagradável. Cirurgias. Fisioterapia. Reabilitação. Cada progresso de Isabella era testemunhado por médicos e enfermeiros.
Nunca por ele.
Romeu raramente a visitava.
Quando o fazia, sua presença parecia apenas aumentar o frio que já a envolvia.
No dia em que teve alta, Isabella foi levada para a mansão dele, um lugar tão luxuoso quanto frio. Romeu a instalou em um quarto de hóspedes, longe da suíte principal.
Nenhuma promessa de felicidade foi feita. Nenhuma palavra de carinho foi dita.
A jovem que havia sonhado em amar e ser amada agora conhecia a realidade cruel de seu destino: ela era uma esposa em nome apenas, prisioneira de um acordo que a obrigava a viver ao lado de um homem que jamais a desejou.
E assim começava sua nova vida, não como uma princesa da máfia, mas como um espectro esquecido no palácio do seu próprio pesadelo.
Os meses após a internação de Isabella foram um exercício de paciência e cuidado. Seguindo as ordens do médico, ela passou os primeiros cinco meses da gravidez em repouso absoluto, um desafio para alguém tão inquieta quanto ela. Romeu, fiel à promessa feita no hospital, tornou-se seu pilar. Ele organizava consultas, trazia livros e materiais de pintura para o quarto, e até aprendeu a cozinhar pratos simples para animá-la nos dias mais difíceis. Apesar das incertezas, os momentos de leveza, como quando ele tentava, sem sucesso, pintar ao lado dela, ou quando discutiam nomes para o bebê entre risadas, fortaleceram o laço que agora era inegável. Assim que isabella pode sair da cama eles se casaram e ela se tornou novamente a senhora Castellani.— Se for menino, nada de Romeu Júnior, tá? — Isabella brincava, deitada na cama, enquanto Romeu massageava seus pés. — Já basta um de você.— E se for menina, nada de nomes de artistas esquisitos — ele retrucava, com um sorriso. — Sem Monets ou Pi
Isabella arrastou sua mala até o apartamento de Bia, o único lugar que lhe veio à mente quando saiu do apartamento que dividia com Romeu. O peso da gravidez, do risco que ela corria e da discussão com ele a deixava exausta, física e emocionalmente. Bia abriu a porta, os olhos arregalados ao ver a amiga pálida e com olheiras profundas.— Meu Deus, Bella, o que aconteceu? — Bia perguntou, puxando-a para dentro e fechando a porta. — Você tá um caco!Isabella desabou no sofá, as mãos cobrindo o rosto.— Eu... não sei por onde começar — murmurou, a voz tremendo. — Tô grávida, Bia. E é de alto risco. O médico disse que é um milagre que eu tenha engravidado, mas que... talvez seja melhor não levar adiante. E o Romeu... ele não sabe. E agora, com o noivado falso acabado, acho que ele nem quer saber.Bia sentou-se ao lado dela, segurando sua mão.— Grávida? Meu Deus, Bella! — exclamou, mas logo suavizou o tom. — Tá, calma. Você precisa contar pro Romeu. Ele merece saber, e você não pode carreg
Os dias seguintes à consulta médica foram um turbilhão silencioso para Isabella. As náuseas continuavam, agora acompanhadas de uma exaustão que parecia sugar sua energia. Ela passava os dias no estúdio, fingindo pintar, mas as pinceladas saíam hesitantes, como se sua mente estivesse em outro lugar. O segredo da gravidez pesava como uma âncora, e a incerteza sobre contar a Romeu só piorava. Ele, por sua vez, parecia alheio, mantendo a rotina de provocações leves e cuidados sutis, mas sem perceber o quanto ela estava distante.Naquela tarde, Isabella estava deitada no sofá, um chá de camomila frio na mesinha, quando Romeu entrou no apartamento com uma energia que ela não via há semanas. Ele jogou as chaves na bancada e abriu um sorriso largo, quase eufórico.— Bella, você não vai acreditar! — exclamou, os olhos brilhando. — Estamos livres! Isadora se casou, do nada, com o ex-noivo da irmã mais nova dela. Não sei os detalhes, e, pra ser honesto, não dou a mínima. O que importa é que ela
Os dias após a viagem inesquecível pela Europa passaram em uma tranquilidade surpreendente. Romeu e Isabella encontraram um ritmo quase doméstico no apartamento em Chicago, equilibrando os compromissos sociais do noivado falso com momentos de leveza. Isabella pintava no estúdio que Romeu montara, enquanto ele trabalhava no escritório, mas sempre voltava com um café ou um comentário sarcástico que a fazia rir. À noite, dividiam o quarto dele, onde conversas suaves e toques sutis apagavam, por instantes, as incertezas da relação. Apesar da fachada, havia uma conexão crescendo, algo que nenhum dos dois nomeava, mas ambos sentiam.Naquela manhã, porém, Isabella acordou com uma náusea insistente. Sentou-se na beira da cama, a mão no estômago, tentando ignorar a sensação. Romeu, já de pé, vestindo uma camisa social impecável, notou a palidez dela.— Tá tudo bem, Bella? — perguntou, franzindo o cenho. — Parece que você viu um fantasma.— Só... uma indisposição — ela respondeu, forçando um so
Isabella acordou com o som de Romeu batendo à porta do quarto dela. Era o dia do seu aniversário, e, embora ela não esperasse muito, havia um brilho de curiosidade em seus olhos. Nas ultimas semanas, a relação deles, marcada por um noivado falso que começou como uma farsa para enganar a máfia, tinha evoluído para algo mais profundo, ainda que confuso. Romeu, com seu jeito sarcástico, mas cada vez mais atencioso, parecia determinado a tornar aquele dia especial.— Passaporte na bolsa, Bella, e roupa de frio. É só o que você vai precisar — disse ele, com um sorriso enigmático, segurando duas malas pequenas já prontas. — Nada de perguntas. Confia em mim.Isabella arqueou uma sobrancelha, desconfiada.— Você nunca é tão misterioso assim, me sequestrar no dia do meu aniversário? Sabe que a Bia não vai gostar, estavamos planejando fazer algo. O que tá aprontando, Romeu?— Surpresa, e a Bia vai ter que me perdoar, esse é o meu ano. — ele respondeu, guiando-a até o carro com um aceno. — Vamos
Na manhã seguinte Isabella estava sentada na beira da cama, o celular na mão, o coração ainda pesado pelas palavras cruéis de Isadora e do Dr. Almeida. A raiva e a dúvida que a consumiram durante o dia haviam dado lugar a uma exaustão profunda, como se carregar aquelas emoções fosse um fardo físico. Ela não tinha visto Romeu naquela noite, ele alegou que precisava fazer uma pequena viagem de trabalho. E pela primeira vez, agradecia pela ausência dele. Não estava pronta para encará-lo, não depois de tudo.O celular vibrou, iluminando o quarto escuro. Era um áudio de Bia, sua amiga de anos, cuja voz sempre trazia um pouco de leveza, mesmo nos piores dias. Isabella hesitou antes de apertar o play, temendo que até a alegria de Bia parecesse distante demais para alcançá-la.— *Bella, menina, cê tá sumida! Tô te mandando isso porque, olha só, teu aniversário tá chegando! A gente precisa fazer alguma coisa, sabe? Algo bem legal, pra se divertir de verdade. Tô pensando numa noite com as menin
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