Trinta e Seis anos, divorciada e entediada. Elisa começa uma nova e secreta vida em um mundo virtual, onde vai poder se livrar das amarras da moralidade e viver um romance intenso com Dudu, um novinho, quinze anos mais novo, e filho da sua melhor amiga.
Leer másSeu casamento de dezoito anos havia terminado. O termino em si era um alivio. A anos eles apenas arrastavam a relação. A obrigação era a única coisa que os mantinha juntos.
A sensação de ter desperdiçado dezoito anos da sua vida, o sentimento de vazio de ter que recomeçar do zero, ali estava o problema, isso era o que pesava para Elisa. Nem tudo na relação havia sido ruim, eles tiveram seus momentos. Seus filhos eram fruto daquela relação. Mas a sensação de que ela havia desperdiçado os melhores anos da sua vida era insuperável. Eles eram uma família de classe média. Moravam em uma bela casa de condomínio longe do centro da cidade. Uma vida tranquila e pacata. Mas estavam longe de ser ricos. Para seguirem suas vidas separados, tiveram que vender a casa. Por sorte ainda tinham um pequeno apartamento no centro e ela pode mudar para lá com as crianças. Mudar para um lugar que as crianças já conheciam com certeza facilitou o processo de transição. Mas ainda era um recomeço cheio de desafios. Sua vida parecia extremamente vazia. Ainda não havia encontrado um novo proposito, um objetivo pelo menos. Ela os chamava de crianças, mas a verdade é que seus filhos já eram adolescentes e muito mais independentes do que ela gostaria que fossem. Clara, a filha mais velha, tinha 17 anos e estava terminando o ensino médio. Em um ano ela iria pra faculdade, sonhava em estudar medicina. O Caio, o mais novo, tinha 15. Apesar de ele não ser tão focado e não ter objetivos tão concretos quanto a irmã, ele praticamente também não ha dava mais trabalho. Depois de deixá-los na escola pela manhã, seus dias eram vazios. O apartamento apesar de confortável era pequeno. As crianças ajudavam a manter tudo organizado, então não sobrava muito para ela fazer. Nem mesmo retomar a carreira era possível. Ela havia servido a aeronáutica, havia sido uma das primeiras pilotos combatentes da história no seu país a se formar na acadêmia aérea. Mas nunca chegou a seguir com sua carreira militar. Deu baixa na aeronáutica para se casar e nunca mais teve outro trabalho na vida a não ser o de dona de casa. Naquela época já teve que se adaptar a uma mudança brusca de estilo de vida. Estava acostumada a ser independente, tinha trilhado seu caminho no serviço militar sem depender de ninguém, apenas do seu talento. Então ela se casou e passou a ser completamente dependente do marido. Agora ela vivia uma situação parecida. No passado ela estava apaixonada, então todos os desafios de mudar de vida eram facilitados pela força que seu amor por seu marido lhe dava. Mas agora, por mais que ainda tenha o amor dos filhos, ela estava perdida, sem rumo, completamente entregue ao tédio de uma vida que parecia vazia. Em mais uma das muitas tardes tediosas, ela resolveu aproveitar a piscina do prédio. Tomar sol na piscina em um dia de semana. A alguns meses isso seria inimaginável. Sua antiga casa era gigante e manter aquela casa organizada era um desafio muito maior do que o atual apartamento. Além da casa gigante, diferente dos seus filhos, seu marido lhe dava trabalho. Se ela não tomasse conta de cada detalhe da vida dele ele não conseguiria sair de casa de manhã. Ela às vezes se pegava imaginando como ele tem se saído. Pensar no inferno que provavelmente tem sido a vida dele, agora que ela não estava la para agir como babá, era um pouco reconfortante para Elisa. Ela vestiu um biquíni, fez um vestido com uma canga, pegou protetor solar e creme de bronzear, um óculos escuro, um chapéu de praia, um livro e desceu para a piscina. Ela se sentia ridícula. Aquela sensação ruim — de que todos vão te julgar a cada passo que você da na vida — a companhava constantemente. Desceu pelo elevador de serviço rezando para não encontrar ninguém. Enquanto caminhava pela área social do prédio teve suas preces atendidas, ninguém apareceu no seu caminho. Mas então ela chegou à área da piscina e alguém já estava la. Alto, magro, pele morena, músculos bem definidos. Os cabelos encaracolados, não muito longos mas também não muito curtos. Vestia apenas um calção de banho. Varias tatuagens no peitoral e nos ombros largos. Um novinho, que não devia ter muito mais que vinte e poucos anos. Quando ele a viu abriu um sorriso largo. Seu casamento não vinha muito bem a anos, mas havia uma coisa na qual seu marido era bom, na cama. Então durante todos os anos de casamento, teve uma vida sexual bastante ativa. E nesse momento estava passando, digamos, por uma certa crise de abstinência. Então quando ele abriu aquele sorriso, suas pernas chegaram a bambear. Ele estava flertando com ela? Ela deveria flertar de volta? Mas eles moravam no mesmo prédio as coisas poderiam ficar complicadas. Ela era uma mulher solteira agora, qual o problema? Sua mente trabalhava a milhão, ponderando cada detalhe mas seu devaneio foi logo interrompido. “Tia Elisa? Quanto tempo. Mamãe disse mesmo que vocês voltaram pro prédio.” O moreno novinho a cumprimentou. Tia Elisa? Eles se conheciam? Ela buscou na memoria e então finalmente o reconheceu.O escritório estava mais movimentado do que Elisa imaginava que seria. Jovens entrando e saindo com mochilas nas costas, copos de café nas mãos, e um ar de informalidade que beirava o caos — mas que, de alguma forma, funcionava. Beatriz, como sempre, estava impecável. Vestia um terninho claro, quase branco, contrastando com o batom vinho escuro que fazia sua presença ser imediatamente percebida. Ao lado dela, Elisa se sentia discreta demais, quase invisível. Mas, naquele momento, isso era até reconfortante. “Atenção, pessoal” Beatriz falou, estalando os dedos. O som se propagou como uma ordem silenciosa. A equipe se reuniu ao redor da sala de reuniões informal, cercada por pufes, cadeiras ergonômicas e uma enorme tela de projeção. Dudu encostou-se a uma parede próxima, casual, mas atento. “Antes de tudo, quero apresentar nossa nova funcionária” começou Beatriz, colocando uma mão no ombro de Elisa. “Essa é a Elisa. Ela vai trabalhar como minha assistente pessoal, ajudando a manter
O despertador tocou às seis da manhã, mas Elisa já estava acordada há quase meia hora, encarando o teto. Seu primeiro dia como assistente de uma cafetina digital. A frase ainda soava absurda na sua mente, mesmo depois de tudo o que havia experimentado no dia anterior. Vestiu-se com calma. Nada de exageros — jeans escuro, camisa leve, maquiagem discreta. O batom vermelho que quase escolheu ficou sobre a pia, recusado na última hora, junto com a fantasia de que aquilo era um encontro. Não era. Era trabalho. Profissionalismo. Seriedade. Ela repetiu isso três vezes em frente ao espelho, como se fosse um mantra. Dudu já a esperava no estacionamento do prédio. Estava com um moletom cinza, capuz jogado sobre os ombros, cabelo úmido e um sorriso sonolento que Elisa teve que fingir que não percebeu. Ele carregava um copo de café na mão e a cumprimentou com um aceno leve da cabeça. “Bom dia, Tia Elisa! Empolgada para o primeiro dia?” Dudu perguntou, dando mais um daqueles sorrisos desconcert
Elisa chegou em casa empolgada com tudo que havia experimentado naquele dia. Sua vontade era de pegar a primeira pessoa que ela visse na frente, para contar tudo que tinha feito e visto. Mas essa vontade entrava em conflito com o medo que sentia do julgamento, que provavelmente sofreria, se tudo fosse revelado.Ela subira o elevador tentando pensando em como iria contar tudo para os filhos. Ela tinha um novo emprego, eles precisavam saber, ela queria contar para eles. Mas como ela faria isso?Como poderia virar para os filhos adolescentes e contar: “Meninos, a mãe tem uma novidade, eu agora sou a nova assistente de uma proeminente cafetina virtual”.Pior, como ela poderia explicar como foi sua entrevista de emprego: “Nós conversamos por horas, enquanto gogo-boys faziam estripe tease e nós bebíamos um cosmopolitan atrás do outro”.Por mais que sua relação com seus filhos fosse uma relação super aberta, que eles sempre conversassem abertamente sobre tudo, boa parte do que aconteceu no s
Já era final de tarde quando Elisa subiu no carro de Dudu para voltarem para casa. O cheiro dele — que impregnava o carro — a envolveu, e ela teve que se segurar para não fechar os olhos e se perder naquela sensação."Então... vamos trabalhar juntos, hein?" Dudu quebrou o silêncio, os dedos batendo levemente no volante. O tom era leve, mas Elisa podia perceber a tensão por trás daquela pergunta."É mais 'assistente pessoal e piloto'." Elisa sorriu, tentando aliviar o clima. "Não vou me envolver com as... outras atividades da empresa."Por algum motivo, Elisa sentia a urgência de deixar claro que não se envolveria com prostituição virtual, mas não por uma questão moral.Não, de alguma forma o que ela queria dizer era: se eu for fazer sexo virtual com alguém, esse alguém será você. Claro, ela não tinha coragem de dizer aquilo.Apesar de tudo que passava pela cabeça dela, naquele momento ele apenas acenou com a cabeça, os olhos fixos na estrada."Você gostou do que viu lá?" perguntou, e
Beatriz e Elisa acabaram aproveitando uma manhã inteira de spa, com direito a massagens, banhos aromáticos e um desfile de mais NPCs seminus, servindo-as como se elas fossem da realeza.Elisa nunca havia experimentado algo como aquilo. Aquele tipo de mordomia só era possível para bilionários na vida real. Mas ali, naquele jogo de realidade virtual, elas podiam brincar de imperatriz romana, como se fosse a coisa mais normal do mundo.“Agora eu entendo perfeitamente por que as pessoas estão tão viciadas em VR” Elisa falou, mas então lembrou de um detalhe. “Será que meus filhos estão jogando esse tipo de jogo?”Ela confiava nos filhos, mas não podia deixar de ficar com medo de que estivessem fazendo coisas que não deveriam em jogos online.“Não se preocupe. Para jogar jogos como esse, você precisa de máquinas de simulação profissional, como as que nós estamos usando” Beatriz explicou. “O que você tem em casa provavelmente é a versão simples, então não tem como eles fazerem nada do tipo.”
Depois que seu personagem foi criado, Beatriz levou Elisa para experimentar um pouco do que o jogo tinha a oferecer. Primeiro, ela a levou para uma sala que mais parecia uma boate. Quando Elisa entrou, tomou um susto — já havia alguém lá. "Não se preocupe, ele é um NPC", disse Beatriz. Vendo que Elisa não havia entendido, ela continuou a explicação: "Ele não é outro jogador, é um personagem controlado por inteligência artificial." Elisa ainda estava um pouco desconfortável, mas continuou. "Senhorita Belatrix, vai querer o de sempre?" O NPC era um bartender. "Não, acho que hoje vou de cosmopolitan. E você, Escarlate?" Elisa demorou um pouco para perceber que Beatriz estava falando com ela. "Hã... não, obrigada. Ainda nem são nove da manhã", respondeu, um pouco sem jeito. "Não se preocupe, o álcool que você ingerir aqui não vai parar magicamente no seu estômago, lembra? Estamos em uma simulação", brincou Beatriz. Elisa hesitou por um instante, então se decidiu. "Pode ser um c
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