Sede principal – Biblioteca. Noite de inverno, fogo alto na lareira.
O silêncio dentro da biblioteca era sufocante. Do lado de fora, a neve tombava espessa sobre os vidros, como se quisesse apagar o mundo. Ana estava ausente. José permanecia calado, escorado em uma das estantes, com o olhar fixo nas mãos cruzadas. Amanda e João estavam de pé, frente a frente com Augusto Duarte — que parecia mais uma estátua eslava do que um homem.
— Você não pode fazer isso — disse Amanda, rompendo o silêncio com a voz firme, mas carregada de emoção. — Me mandar para outro país como se eu fosse uma peça fora do tabuleiro.
João completou, o peito arfando, o rosto vermelho.
— Jamais irei para a Suíça. Eu sou Duarte tanto quanto você. E se pensa que vai me separar da Amanda como se fôssemos crianças...
Augusto deu um passo à frente. A mão pesada bateu sobre a mesa de carvalho com tal força que a xícara de chá de Ana tremeu, rachando o pires.
— Quem manda nesta família sou eu!
A voz ecoou pelas paredes co