Sophie Rodrigues aos vinte e três anos tem sua vida ao avesso. Com a trágica morte de sua irmã e cunhado, coube a ela criar seus sobrinhos gêmeos. Porém, jamais concordaria em entregar a guarda para aquele conde gélido e sem coração mesmo sendo tio paterno das crianças. Não lhe aprazia a proposta de casamento oferecida pelo mesmo e extremamente rico Albert Høgh Larsen. Mas, como medir forças para proteger Eliza e Nicolas? Levada a contragosto para o castelo dinamarquês da odiosa família Larsen, em pleno século 21 Sophie se viu imersa num mundo de realeza, intrigas e conspirações. Será que em meio ao caos viria a perceber que por trás da farsa mascarada do marquês com quem se casou em uma situação de desespero havia um homem marcado pela dor, amoroso, gentil e verdadeiramente apaixonado que poderia ser de várias formas um marido sob medida para ela? Ou esse relacionamento não passaria de uma mentira sofisticada?
Ler maisHá seis meses a morte trágica e inesperada de sua irmã e cunhado foram os motivos da insônia de Sophie. Mal ela havia terminado o funeral quando descobriu de forma chocante a traição do homem que pensou ser o amor de sua vida. As horas se tornaram intermináveis e as semanas um abismo escuro insuportável. O único motivo que a mantinha viva eram seus sobrinhos. Coube a ela a função de criar e proteger duas criança... mesmo sem emprego fixo, desesperada e endividada. Ao tentar inutilmente se desfazer das coisas de Sabrina naquela manhã, achou uma caixa de madeira guardando o contato do irmão mais velho de Vicente e por cortesia Sophie resolveu comunicar a tragédia. Mas, de boas intenções, o inferno está cheio....
Era meia noite e quinze quando Sophie ouviu o celular tocar. Quem poderia ser? levantou-se cautelosamente da cama para não acordar os sobrinhos que insistiam em dormir com ela. Colocou a historinha "Advinha o quanto eu te amo de Sam McBratney" que leu há pouco na cômoda e foi até a sala. — Alô? — Atendeu sonolenta. — Busco a senhorita Rodrigues. — Bradou uma voz masculina, fria e autoritária, dona de um sotaque estrangeiro. — Quem gostaria? — Perguntou Sophie ainda com olhos fechados. — Albert Larsen, é a Sophie Rodrigues? Por um momento ela parou de respirar, e logo despertou. De todas as pessoas do mundo que poderiam ligar ele por certo não passou em sua cabeça. Uma sensação desagradável dominou-a no estômago. O que aquele homem queria, para ligar tão tarde? Ela informou tudo no email há cerca de três dias! — Sim — Respondeu cautelosa. — Recebi sua notícia sobre a morte de Vicente, não foi possível entrar em contato antes, er.. você disse que ele teve um filho? — Perguntou sem rodeios. A voz do homem soava tão distante e vazia que ela sentiu um arrepio colossal na espinha. Ele só podia ter pedra de gelo no peito ao invés de coração, como conseguia falar assim sabendo que o irmão faleceu de forma tão trágica? — Dois filhos na verdade, Eliza e Nicolas. — Será que ele pretendia ajudar financeiramente? O orgulho dela impedia de cogitar a ideia de aceitar qualquer dinheiro daquela família, no entanto, se for para o bem das crianças tentaria ser racional. Ele era tio, não poderia ser tão ruim aceitar uma mesada... Seria sim e ponto! — Hmm.. Qual a idade deles? — Perguntou ainda em tom seco, distante. — Seis anos, são crianças gêmeas. — Quem está com eles no momento? Já que sua irmã morreu também. — Ser humano insensível! A respiração dela acelerou. — Estão comigo permanentemente, por quê? — Retrucou alterada com o interrogatório. — Com a senhorita? excelente, será mais fácil. — Respondeu apático sem alterar o tom firme. — Desculpe, mas não entendi o que você quis dizer. — Vou trazê-los para morar comigo. Que horário fica melhor para a senhorita colocá-los num voo para Copenhague amanhã? certamente arcarei com todas as despesas. — Sophie não respondeu de imediato, ficou furiosa ao mesmo tempo incrédula. — Você é louco ou se faz de idiota? — Perguntou. — P-perdão? — Não. Meus sobrinhos não vão morar com um estranho problemático, muito menos viajar num avião e sozinhos! — Ela também sabia ser arrogante. — Posso assegurar que estou muitíssimo bem para entender que não cabe a senhorita decidir, e não há motivos para irritar-se, tampouco para ofensas, afinal estou fazendo questão de a livrar deste fardo. Não deveria me agradecer? — Sophie respirou fundo para não xingar o homem de todos os nomes possíveis, pois sentia ser capaz. E ela jamais falava palavrões! — Eles são meus sobrinhos não fardos! E se pensa que vai tirar eles de mim, está enganado! — São meus sobrinhos também, não tem o direito de me afastar deles. — Eles nem sabem de sua existência! — A culpa não é minha, Vicente foi embora com sua irmã e nunca mais deu notícias, eu nem ao menos sabia sobre eles. — Ah, nossa! que inocentes são os Larsen, vocês ameaçaram de internar ele num hospício e dar um fim na minha irmã se eles continuassem juntos além de deserdá-lo! E acha que ele agiu errado em desaparecer? — Se arrependimento matasse ela já estaria sepultada a 7 palmos da terra, quem dera tivesse o poder de voltar no tempo e jamais entrar em contato com Albert, nome tão metido quando o dono. — Como ousa... — Ele calou-se ao ouvir a voz de Eliza. — Tia Sosô? — Chamou a menininha esfregando os olhos com as mãos. — O que aconteceu? — Bocejou — tá brigando com quem? — Abafando o telefone com a mão e sorrindo, Sophie disse: — Com ninguém princesa, a tia não percebeu que falava alto, volte para cama só vou dar um fim nessa pessoa, digo, na conversa e já me deitarei também. — Hum, eu queria tomar leite morno com nesquik — A tia já leva para você meu Bem, agora vá deitar — A menininha assentiu em concordância e voltou ao quarto. — Era a Eliza aí? — Sim. — Isso são horas de uma criança estar acordada? — E isso são horas de ligar para perturbar os outros? — Um silêncio se fez do lado oposto da linha, mas ela pode ouvir aquela respiração forte, ameaçadora. — Seu comportamento rude é mais uma prova de que não está apta a criar um Larsen que dirá dois! — Oh, não me diga! Os Larsen criam os filhos tão bem que Vicente cortou relações com todos há anos! Sabe de uma coisa Albert, esqueça este assunto, esqueça que nos falamos e esqueça que tem sobrinhos pois eles nunca, jamais irão para a Dinamarca com você. Não esperando resposta, Sophie desligou o celular com força. Notou várias chamadas perdidas com DDD estrangeiro e também de Henrique, seu ex-namorado traidor. Preparou o leite de Eliza e foi dormir pensando no descaramento do sujeito. Que homem sem noção! Não conseguia acreditar na coragem daquele ser humano horrendo de ligar com tamanha arrogância e exigir que ela colocasse os sobrinhos para viajarem sozinhos num avião até a Dinamarca! Somente se fosse irresponsável. Ela os protegeria, mesmo de um tio rico esnobe, certamente os protegeria! Procurou acalmar-se pois em algumas horas ele não passaria de uma lembrança desagradável. Dois dias depois, porém, estava tranquila, o sujeito não deu sinal de vida para sua alegria e sossego. Fátima a ex-professora da universidade de arquitetura na qual Sophie precisou trancar um mês após a tragédia, ligou pedindo que Sophie refizesse todos os móveis da cozinha dela e fosse ainda naquela segunda-feira fazer um orçamento. Confiante, arrumou as crianças para irem juntos."Irlanda!" Sophie pensou que passariam a noite em qualquer hotel, "o que já era desesperador" e agora veio Albert com esse cronograma maluco de passar quatro dias no outro lado do mundo... tá! isso era um grande exagero já que o país fica no mesmo continente, mas, ainda assim, não podia deixar as criança por quatro longos dias só para sustentar a farsa de casal apaixonado. — Eu já organizei tudo — Ele disse girando ela em seus braços — Janine, Axel, Dagfinn, Arabela, o tutor Ragnar e toda uma equipe especial de segurança tomará conta dos nossos filhos e as câmeras, não há cômodo na nossa casa que não tenha câmera ligada ao meu celular. Sendo assim ainda ficaremos de olho neles, mas nós temos de ir hoje mesmo. E agora? passar quatro dias e noites inteiros com ele em lua...de mel? fogos de artifício explodiram nos olhos dela ante a possibilidade... Senhor! e se não conseguisse resistir ao charme dele? Albert a puxou para si, e o coração dela reagiu de imediato. Nos en
Sophie se viu no espelho produzida com perfeição. O vestido rendado com saia bufante parecia formar uma rosa. Só faltava colocar o arranjo na cabeça e a mantilha bordada Em alguns minutos seria uma mulher casada, um pesar envolveu seu peito, quem olhasse para Sophie veria a noiva radiante e feliz o que não chegava perto da realidade. — Aí Sasá, como eu queria você comigo — murmurou. Era difícil controlar a vontade de chorar sempre que pensava na falta da irmã, se as coisas fossem diferentes: Vicente a levaria para o altar e Sabrina estaria esperando próximo ao noivo para pegar o buquê das mãos dela, mas, a vida não era perfeita. Eles não estariam lá e ela não estava se casando por amor. Uma mentira sofisticada, era aquela cerimônia. Arabela e as outras mulheres foram se aprontar, alguns momentos preciosos de sossego antes que tudo mudasse. Respirou fundo o ar da liberdade pela última vez. — Tia Sosô? — Chamou Eliza entrando no quarto. A menina estava linda num vestido bufante at
Albert acordou com alguém borrifando água no rosto dele. Sentou na cama xingando furioso. — Sabe que horas são? — Ouviu a voz irritante de Dagfinn. — Já deveria estar de pé! perdeu uma vídeo conferência com o CEO da França! — Mas que... que Droga! Será que dá pra me deixar em paz?! — Berrou igual um pré-adolescente birrento. — Milorde! se me permite dizer, o seu humor está péssimo para quem se casará amanhã. — Só saia daqui e me deixe em paz Dagfinn. — O senhor deveria pedir desculpas a sua noiva. Albert voltou a deitar e se levantou furioso, o travesseiro estava molhado. — O que faz você pensar que fiz algo errado com ela? — Nada... talvez o fato de ter visto ela sair chorando do seu escritório ontem. Que ótimo! uma coisa era supor, outra pior ter certeza de que a fez chorar. Era mesmo um bastardo desgraçado, mas não podia se desculpar, ela certamente pensaria que era só mais uma estratégia para a levar pra cama. Suspirou frustrado, de todas as respostas possíve
Durante as duas últimas semana Sophie não encontrava tempo nem coragem para encarar Albert, os únicos momentos de interação entre eles era durante os ensaios da Brudenvalse a valsa tradicional de Niel Gade que era "obrigatória" dançar na cerimônia de matrimônio. Ele, porém, estava distante, não demonstrava nenhuma emoção ou interesse em conversas durante aqueles breves momentos e isso por mais que odiasse admitir a chateava. Após saber por Arabela que segundo a tradição da família o noivo não podia ver a noiva um dia antes do casório, ela decidiu ignorar o orgulho e parar de o evitar. Já na porta do escritório, ao invés de bater, abriu entrando antes que perdesse a coragem. Ele que lia um documento ergueu a vista para ela.— Albert desculpe a invasão, mas toda essa coisa de casamento tem consumido meu tempo e nunca consigo falar com você. — Mentiu, ela jamais admitiria que o estava evitando pelo simples fato de não conseguir desviar os olhos dos lábios dele. O con
— Não! — Ela o afastou — Albert, pare. Ele a respeitou e não insistiu. Uma hora nunca demorou tanto para passar. As vezes o olhava pelo canto dos olhos arrependida de ter dito não, Sophie sua tonta! logo depois a razão lhe parabenizava, agiu corretamente, não podia trair a si mesma. O que ele pretendia fazer quando abriu a calça dela? Curiosidade estúpida! só então se deu conta de que ainda estava exposta. Ela esticou as pernas para poder fechar o zíper e sentiu o olhar dele, o que fez o zíper escapulir duas vezes. — Quer ajuda? — Ele perguntou, na mesma hora ela conseguiu puxar até acima. — Agradeço, mas não. — Que pena, você teria adorado a minha ajuda. Posso lhe garantir. O carro chegou ao destino deles a salvando de ter que responder. Sophie se despediu do motorista e saiu segurando o roupão para não mostrar os seios praticamente correndo, como quem foge de um leão feroz e faminto... precisava de um banho urgente! ..... Albert teve dificuldade pa
Depois de algumas conversas, a rainha designou um motorista para os levar de volta para Åarhus. Excelente, o conde teria quase três horas diretas para colocar seu plano em prática! isso se Sophie ao menos olhasse para ele. Que frustração, Albert detestava ser ignorado, apertou um botão e fechou a janela que separava eles do motorista lhes dando privacidade total. — Você está bem? — Perguntou depois de quase uma hora que o carro começou a andar. ...... Sophie usava toda sua concentração para não olhar na direção daquele homem. Albert estava muito mais charmoso bronzeado, mas ela não podia se esquecer quem ele era. Se sentia carente, desejando afeto. Nesse ritmo suspeitou que pudesse desenvolver sentimentos românticos até por uma pedra de aquário! Não podia cair na cilada de avançar sobre ele e o beijar... Ah, que ótimo! as lembranças da biblioteca a invadiram com tal força que ela umedeceu os lábios. Queria ser beijada, queria que ele a beijasse! Isso era estupidez. Lembr
Último capítulo