A Princesa da família Duarte
A Princesa da família Duarte
Por: Gisely Silva
A Princesa da Casa

 

Um romance dramático russo sobre poder, amor e rivalidade sob o frio do norte.

A família Duarte era reverenciada nas mansões silenciosas da Suíça e temida nos corredores gelados da Rússia. Seu brasão, esculpido em prata e cravado em contratos, cartas e taças de cristal, não era apenas um símbolo de poder — era uma marca de domínio.

Nascidos de uma linhagem antiga, os Duarte haviam trocado a herança dos campos por impérios financeiros. Os invernos longos e impiedosos da Europa moldaram sua frieza. Nos olhos deles, não havia hesitação — apenas decisões. Entre todos, Amanda era a exceção que confundia os que esperavam rigidez e encontravam um brilho suave, quase perigoso.

Amanda Duarte não nascera da linhagem direta. Fora criada como filha por Ana e Augusto, os pilares da família. E ainda assim, carregava o nome Duarte com uma firmeza que fazia tremer até os de sangue azul.

Seu rosto era leve, mas seu olhar — afiado como navalha — denunciava a mulher que crescia sob o gelo. Não herdara castelos ou ações; herdara algo mais letal: a confiança da matriarca.

Enquanto José, o mais velho, comandava o império tecnológico da família, e João — o charmoso e enigmático irmão do meio — assumia as rédeas da direção geral, Amanda dividia seus dias entre estudos, reuniões e noites silenciosas sob os livros e anotações.

Viviam numa fazenda-palácio às margens de Moscou, onde os flocos de neve caiam em silêncio, como se temessem interromper a força da casa Duarte. Era ali que o destino da jovem Amanda seria lentamente costurado entre afeto, poder e inveja.

Clara, filha de Afonso e Carla, primos dos patriarcas, era bela, médica em formação e acostumada a ser o centro. Mas desde que Amanda surgira, Clara sentia algo escuro crescer dentro de si. João, por quem nutria sentimentos há anos, parecia cada vez mais atento à garota que crescia não apenas em beleza, mas em influência.

Naquela manhã, tudo mudou.

O aroma de pão fresco e café invadia a cozinha entalhada em madeira, enquanto a neve tingia o mundo lá fora de branco. A família reunida ao redor da mesa parecia cena de filme — mas o clima era tenso, quase ensaiado.

— João... — começou José, com a calma de quem dita regras. — Durante os seis meses em que estarei fora com a Sofia, vou precisar que você leve e busque as meninas. Papai não pode, só vai à empresa à tarde.

Antes que João respondesse, Clara cortou, com o veneno disfarçado num sorriso:

— Pronto... o príncipe vai buscar a princesa.

Mas João nem a olhou. Apenas assentiu com frieza.

— Pode deixar, irmão.

Carla, a mãe de Clara, tentou suavizar:

— Amanda pode pegar um táxi, não precisa...

— Perigoso — rebateu Ana, firme. — Ainda mais à noite.

Nesse instante, Amanda entrou. O frio coloria suas bochechas, os cabelos presos em um rabo de cavalo desalinhado escapavam sob o gorro. O sobretudo azul-marinho dava a ela uma elegância despretensiosa — o tipo que não se compra, se nasce com.

Beijou Ana, abraçou José, cumprimentou Sofia e sorriu para todos.

— Já combinei com a Bia. Fico no apartamento dela três vezes por semana. Não quero atrapalhar a rotina do João.

José hesitou.

— Pequena... não quero você longe de casa.

— Vai me poupar tempo. E estou segura lá.

Ana assentiu.

— Eu confio na minha menina.

Clara quase quebrou a colher na xícara. Amanda conseguia tudo — até o que não pedia. O afeto, os olhares, a aprovação.

— Me traz um presente suíço, Sofia? — pediu Amanda, com um brilho travesso nos olhos.

— Claro, pequena.

— Não seja cara de pau — soltou Clara, ácida.

— Quer um também ou está com inveja de mim? — Amanda rebateu, sem perder a doçura no olhar.

Clara riu. Mas por dentro, algo queimava.

João, calado até então, levantou-se.

— Vamos, Clara?

— Amanda vai com a gente? — perguntou, impassível.

— Não. Vou com o Zé hoje — respondeu Amanda, e seus olhos se cruzaram por um instante. Um instante longo o suficiente para que Clara notasse.

No carro, Clara bufava:

— Você vai ter que trazer aquela menina... insuportável.

João não respondeu. Observava a neve derretendo no vidro. Algo em Amanda o intrigava. A forma como falava, como o enfrentava, como o desarmava sem perceber.

E Clara soube, naquele silêncio carregado: a guerra havia começado.

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