Londres – Apartamento de Amanda. Tarde cinzenta.
A luz entrava oblíqua pelas janelas altas do flat em Mayfair. O céu inglês, perpetuamente coberto de nuvens, refletia com fidelidade o estado de espírito de Amanda.
Sentada diante da lareira acesa, com uma taça de vinho não tocada ao lado, ela observava os e-mails no tablet — contratos, fusões, números. Era isso que Amanda havia se tornado: um dossiê ambulante de eficiência e poder. Não se permitia distrações. Não se permitia fraquezas.
O celular vibrou. Ana.
Amanda respirou fundo. Atendeu.
— Alô.
— Oi, filha... como você está? — A voz de Ana era baixa, delicada. Cansada.
Amanda respondeu de forma automática, sem emoção.
— Estou bem. E José e Sofia? Soube que Sofia está grávida de outra menina.
— Sim — respondeu Ana com um pequeno sorriso que não foi ouvido. — Se chamará Carolina. Nina está ansiosa pra conhecer a irmã.
Silêncio.
— E José? — perguntou Amanda, com o tom leve, mas distante.
— Está bem, filha... trabalhando bastante com seu