Ela foi criada como um erro. Grávida, humilhada e rejeitada pela própria família, Isadora Monteiro já não tem mais nada a perder — exceto o filho que carrega. Mas quando ela bate à porta de Matteo Bianchi, o homem mais frio (e mais perigoso) da elite mafiosa, o que começa como um acordo de sobrevivência vira uma jogada letal. Um casamento por contrato. Uma proposta ousada. E uma promessa: ninguém sai ileso. Matteo quer vingança. Isadora quer o mundo em chamas. E juntos, eles vão transformar um casamento falso na sentença de todos que os feriram. “Você quer ser minha esposa, mesmo carregando o bastardo do meu primo? Pois então, queime com meu nome no dedo.”
Ler maisMatteo entrou no quarto de Isadora sem bater, a presença dele tomando conta do espaço em segundos. Rocco estava logo atrás, expressão fechada, como se a tensão do momento já estivesse ensaiada.— Você não vai mais ficar aqui. A partir de hoje, seu quarto é o meu — Matteo anunciou, a voz firme e sem espaço para réplica.Isadora se ergueu da cama num salto, o choque estampado no rosto.— Você não pode estar falando sério.Matteo cruzou os braços, frio, cada palavra arrastada com precisão:— É a única forma de te manter viva. E debaixo do meu controle.Antes que ela pudesse protestar novamente, Matteo deu um sinal com a cabeça e, num piscar de olhos, funcionários entraram no quarto, começando a empacotar tudo — roupas, objetos pessoais, livros, qualquer vestígio da individualidade dela.— Espera! Isso é loucura! — Isadora tentou intervir, avançando até uma das malas, mas Matteo agarrou seu pulso com firmeza, puxando-a para trás.— Você não vai impedir. Nem tem mais escolha — disse, os ol
Clarisse, fervendo de raiva e inquietação, subiu para a cobertura luxuosa do hotel cinco estrelas que Benedetta administrava — a fachada perfeita para os negócios da máfia.O ambiente era frio, elegante, com paredes envidraçadas e móveis de mármore, um símbolo de poder silencioso. Benedetta estava sentada atrás de uma mesa imponente de vidro, folheando um relatório grosso de finanças, com uma xícara de café fumegante ao lado. Ela ergueu o olhar quando Clarisse entrou, o ar de realeza inabalável.— Isso é inesperado — Benedetta disse com um sorriso calculado, não se levantando da cadeira.Clarisse ajeitou a bolsa nervosa, o veneno já aflorando na voz:— Isadora está fora de controle. Precisamos nos unir. Essa bastarda está se achando mais do que devia.Benedetta ergueu uma sobrancelha, o sorriso frio nunca saindo do rosto.— E por que eu me uniria a você? Tem algo a me dar em troca?Clarisse hesitou, engolindo seco, mas tentou manter a pose.— A única pergunta que me importa é: ela é a
Matteo e Isadora chegaram em casa depois do jantar, o silêncio entre eles pesado e cortante. Assim que entraram no saguão da mansão, Matteo fechou a porta atrás dela com força, fazendo o som ecoar pelo mármore frio. Ele bloqueou a saída, o corpo tenso, os olhos em brasa.— Você vai me dizer o que Don Fabrizio te falou. — A voz dele era baixa, mas cada palavra carregava a ameaça de explodir a qualquer momento.Isadora virou devagar, cruzando os braços, o queixo erguido.— Ele só repetiu as mesmas sujeiras sobre mim. Bastarda, que não deveria entrar na família Bianchi. Não é adequada. Nada novo.— Não era isso o que aquele verme estava sugerindo no jantar.— Na sua frente, claro. Quem respeita alguma mulher dentro desse meio?Os olhos de Matteo estreitaram. Ele não acreditava nem por um segundo, e a raiva por terem falado dela vibrava sob a superfície, mesmo que ele não dissesse nada.Ele avançou de repente, segurando o braço dela com firmeza — não o suficiente para machucar, mas deixan
Isadora chegou esbaforida ao ateliê, o coração martelando no peito. O salão era imenso e impecável, iluminado por luzes douradas que dançavam sobre catálogos abertos e manequins enfileirados. O cheiro sutil de flores frescas misturava-se ao perfume caro de Clarisse e Valentina, que estavam ali, sentadas lado a lado como duas rainhas prontas para o massacre.— Até que enfim — Clarisse alfinetou, cruzando os braços e lançando um olhar cortante. — Nem pontualidade básica você consegue?Isadora, sem perder a compostura, ajeitou a bolsa e respondeu seca:— Atraso planejado pela sua filha. Espero que as próximas datas sejam marcadas com mais respeito da próxima vez.Valentina fingiu sorrir, mexendo preguiçosamente no bracelete caro.— Querida, estamos apenas tentando evitar que você passe ainda mais vergonha do que já carrega na bagagem.A organizadora, visivelmente desconfortável, forçou um sorriso profissional e abriu um catálogo grosso.— Bem, vamos então escolher o vestido perfeito para
Isadora estava no quarto, de costas para a porta, tirando os brincos diante do espelho. Os ombros nus refletiam uma tensão que ela tentava disfarçar, mas que vibrava no ar como eletricidade. O estalo da porta se abrindo com força a fez congelar.— O que pensa que está fazendo? — Matteo entrou sem pedir licença, olhos cortantes. — Quer me explicar o que fazia sozinha com Enzo ontem à noite?Ela virou devagar, mantendo o queixo erguido, mesmo com o coração disparado.— Ele me encontrou por acaso. Não é o que você está pensando.Matteo deu um passo à frente, o olhar preso ao dela como um laço apertado demais.— Não brinque comigo, Isadora. Eu sei quando estão mentindo.Ela apertou os brincos na mão, a respiração acelerando.— Por que importa? Você não confia em mim mesmo.Num movimento rápido, Matteo agarrou o queixo dela, obrigando-a a encará-lo. O toque era firme, frio, mas os olhos dele… ali queimava algo mais denso.— Ele te tocou? — A voz veio baixa, ameaçadora.Isadora tentou se so
O vapor do banho subia preguiçoso, como se tentasse esconder o que o espelho não conseguia mentir. Isadora encarava a própria pele úmida refletida no vidro embaçado, os cabelos presos em um coque torto, os olhos fundos, o corpo ainda marcado por cicatrizes que o tempo não apagava. As marcas antigas estavam ali, visíveis. Mas era uma cicatriz mais funda que ardia: aquela que Enzo deixara gravada com a ponta do medo.Ela fechou os olhos. Respirou. Mas a memória da primeira vez voltou — confusa, crua, cheia de silêncio e culpa. Não houve prazer na lembrança, só o desconforto de um corpo entregue por carência, por ilusão, e a vergonha de ter acreditado em promessas vazias. O calor da água tornou-se insuportável, como se queimasse a ingenuidade que ainda restava sobre sua pele.E então a porta se abriu.— Matteo? — gritou, puxando a toalha numa reação desesperada.Ele congelou no umbral, o rosto travado, olhos caindo por um segundo para as cicatrizes nos braços, costas, na lateral do quadr
O silêncio da manhã foi cortado pela ordem seca de Matteo. Ele convocou Isadora ao escritório, o rosto impassível, os olhos mais frios que a lâmina de uma faca. Sem rodeios, largou um envelope diante dela.— Você precisa se portar como minha esposa. E isso exige mais do que boca fechada — disse, sem levantar a voz, mas cada palavra carregava o peso de uma sentença.Isadora abriu o envelope com dedos tensos. Dentro, um cronograma milimetricamente organizado: aulas de postura, dicção, comportamento. Dias e horários inflexíveis.— Pontualidade é respeito. Atraso é vergonha — ele finalizou, recostando-se na cadeira com uma calma assustadora.Ela tentou protestar, o peito inflamado pela humilhação, mas Matteo apenas a cortou com um olhar.— Você aceitou o contrato. Agora vai honrá-lo.Sem espaço para argumentos, Isadora deixou o escritório, cada passo ecoando como um lembrete do preço que pagava.***A primeira aula com Alessandra foi uma execução pública disfarçada de treinamento. A advog
O café da manhã parecia uma armadilha silenciosa. Isadora atravessou o salão de jantar sentindo olhares atravessarem sua pele como pequenos cortes invisíveis. Cochichos abafados flutuavam no ar, misturados ao tilintar distante da prataria. As cabeças se inclinavam sobre celulares, e o peso dos julgamentos a seguia a cada passo, como lâminas prestes a abrir novas feridas.Sentada à mesa, com Dona Benedetta à frente, o silêncio era cortante. A matriarca nem precisou falar — apenas fez um gesto com a mão, e o empregado se aproximou, estendendo o celular para Isadora com uma reverência cruel.O vídeo começou a rodar sem aviso.Imagens da festa: Isadora isolada, trechos cuidadosamente editados para mostrar seu desconforto como vulgaridade. Risos distorcidos. Comentários nojentos correndo embaixo da tela como feridas abertas. "A bastarda dando o golpe." "Subiu na vida pelo ventre."O estômago dela se revirou violentamente. O gosto amargo da vergonha subiu pela garganta, queimando a boca sec
O cheiro da mansão parecia diferente naquela manhã — não era só o aroma discreto das flores caras ou do chão recém-encerado. Era algo mais denso. Como se as paredes respirassem com raiva contida.Isadora desceu os degraus com passos medidos. Cada batida de salto no mármore parecia ecoar mais alto do que deveria. Ela sabia que estavam esperando por ela.Benedetta a aguardava sentada no centro da sala de reuniões, cercada pelos vultos silenciosos dos empregados e do cheiro sufocante de poder envelhecido.A velha não perdeu tempo.— Eu não sou idiota, garota. Isadora engoliu em seco, e não ousou interromper a senhora com olhar de águia.— Mas aceitarei essa gravidez — declarou, como se falasse de um tumor que ainda poderia ser removido.Isadora manteve a cabeça erguida, mesmo sentindo o coração vacilar.— Você se portará como uma Bianchi — continuou Benedetta, cada palavra gotejando veneno. — Cada passo, cada olhar, cada respiração será vigiada. Um único deslize... e você e essa criança