Ela queria só uma noite. Ganhou um destino que mudaria tudo. Helena se envolveu com Dante sem promessas — só desejo e perigo. Mas um teste positivo vira sua vida do avesso. Entre segredos de família, brigas de poder, e a vida perigosa dele, um amor que queima, vai fazer ela descobrir que fugir nem sempre é possível… e que às vezes, o maior risco é se entregar. Gravidez inesperada. Corações partidos. Reviravoltas de tirar o fôlego. *esse é meu primeiro livro, então sejam pacientes e podem comentar o que acham. XO
Leer másEu não estava ali por acaso. Também não estava por coragem. Eu só queria esquecer.
Era o tipo de lugar que minha mãe detestaria — luxuoso, decadente e com cheiro de pecado. A Boate Verona era conhecida por atrair milionários entediados, empresários corruptos e os tipos de homens que não se acham no G****e. Mas pra mim, naquela noite, era o esconderijo perfeito. Depois de pegar o Arthur com outra na cama que eu pagava, eu só queria uma bebida forte e a sensação de que eu ainda era dona de mim. O ambiente era envolto em veludo vermelho, luzes âmbar filtradas por lustres de cristal, e uma trilha sonora que misturava jazz moderno com batidas eletrônicas sutis. O bar, todo em mármore preto com detalhes em dourado, parecia saído de um filme de gângster. Me aproximei e pedi um uísque duplo. A bartender me olhou de cima a baixo, surpresa. Uma mulher bem-vestida, sozinha, pedindo dose dupla como se precisasse daquilo pra não desmoronar. — Duro dia, princesa? — a voz veio de trás. Grave, levemente debochada. Virei o rosto devagar. Um homem encostado no balcão, sorriso de canto, tatuagens visíveis no pescoço. Alto, olhos verdes, cabelo castanho escuro com um leve ondulado bagunçado pelo vento ou pela vida. Usava uma camisa preta aberta no colarinho e um paletó escuro por cima — um visual elegante demais até mesmo praquele lugar. Mas ele carregava com charme e descaso. — Já tive piores — respondi, bebendo o uísque num gole só. Ele soltou uma risada baixa. — Gostei de você. Tem cara de problema — disse, se aproximando com aquele andar preguiçoso de quem sabe que é desejado. — E você tem cara de encrenca. Qual dos dois vai arriscar mais? — retruquei, deixando um meio sorriso escapar. Ele estendeu a mão. — Léo. — Helena — aceitei o aperto de mão, firme. O toque dele era quente. Confiante. Conversamos por alguns minutos. Ele era provocador, cheio de charme fácil, e me arrancou algumas risadas. Mas eu não queria jogo naquela noite. Só queria esquecer o nome Arthur e tudo que vinha junto com ele. Pedi mais uma dose. E foi aí que ele entrou. Não como os outros. Não com barulho. Mas com presença. Um terno escuro impecável, alfaiataria italiana. Gravata solta, expressão indecifrável. O olhar dele se fixou em mim no segundo em que passou pela porta, escoltado por dois homens de terno com expressão de segurança e silêncio. Intenso. Quase primitivo. Era o tipo de homem que não precisava levantar a voz pra ser ouvido. Que não precisava tocar pra marcar. — Dante — Léo murmurou, quase num aviso. Dante se aproximou com passos calmos, como se o tempo se curvasse ao redor dele. Parou ao nosso lado. Ignorou Léo. Olhou direto nos meus olhos. — Quem é ela? — Helena — respondi por mim mesma, erguendo o queixo. Ele sorriu. Um sorriso torto. Lento. Letal. — E o que uma mulher como você tá fazendo aqui, Helena? — Bebendo. Fugindo. E, talvez, me metendo com o cara errado — respondi. Ele se inclinou levemente, só o suficiente pra invadir meu espaço, meu ar, meu pulso acelerado. O perfume dele era amadeirado, quente, caro. Perigo com notas de sofisticação. — Ou talvez, finalmente, com o certo. Léo pigarreou ao lado, desconfortável. Havia tensão ali. Algo antigo. Algo não resolvido. Mas meu corpo já não ouvia minha mente. Eu estava sendo puxada pra aquele homem como se meu instinto mais primitivo gritasse por ele. Perigo. Luxúria. Caos. E naquela noite, eu queria todos os três.Epílogo — 1 ano depoisA mansão Bellini estava decorada com cores suaves, balões em tons de branco, dourado e rosa-claro, com arranjos de flores frescas e uma mesa de doces que parecia saída de um conto de fadas. O jardim estava cheio de crianças correndo, risadas ecoando entre as árvores, e adultos brindando discretamente com taças de espumante. Era o primeiro aniversário de Lavínia Bellini — e o mundo parecia em paz, ao menos por hoje.Helena a observava sentada no gramado, em um vestidinho leve, os cabelos castanhos cacheados como os do pai, rindo enquanto agarrava o dedo de Salvatore Bellini, o tio mais perigoso e encantado da festa.— Ela não larga dele nem por decreto — murmurou Dante ao meu lado, com um sorriso quase orgulhoso. — Se um dia ele tiver uma fraqueza… vai ter o nome dela.Lavínia deu uma risada alta e Salvatore, ajoelhado à sua frente, fingiu cair para trás, arrancando mais risadas da pequena.— Eu prometo, minha piccolina, que ninguém nunca vai te tocar — ele disse
A dor vinha em ondas curtas e intensas, como se meu corpo inteiro soubesse que era hora, ainda que fosse cedo demais. A adrenalina ainda corria em minhas veias desde o que havia acontecido com a Mel. A cena — o rosto dela, o sangue, o som do tiro que eu mesma disparei — ainda estava presa na minha mente. Mas não havia tempo para pensar naquilo agora. Minha bolsa havia estourado, e o bebê… nosso bebê… queria nascer.Dante dirigia feito um louco pelas ruas escuras, com uma das mãos agarrada à minha. Ele não falava muito, mas os olhos denunciavam tudo: medo, tensão, amor. Ele já tinha chamado o médico, já tinha acionado a segurança, já tinha feito tudo. E agora só podia me levar até o hospital. Eu gemia baixinho, tentando controlar a dor.— Só mais um pouco, meu amor — ele disse, com a voz embargada. — Fica comigo, tá? Já estamos chegando.Respirei fundo, tentando segurar as lágrimas. O medo me atingiu como um raio. E se o bebê não estivesse bem? E se tudo aquilo tivesse causado algo irr
POV: Helena Algumas semanas se passaram depois do casamento. Eu ainda acordava tentando entender se aquilo tudo era real. A cerimônia foi pequena, mas intensa. Nós rimos, choramos, dançamos até o sol ameaçar nascer. E quando fui dormir com a cabeça no peito de Dante, me senti, pela primeira vez em muito tempo, completa. Em paz. Mas a paz tem prazo curto no nosso mundo. E eu devia ter sabido que algo estava por vir. Acordei naquela manhã com uma dor surda nas costas. Primeiro pensei que fosse só o estresse, ou o peso da barriga. Mas quando a dor desceu, irradiando como um raio até o baixo ventre, perdi o fôlego por um instante. — Ah, não… — sussurrei, sentando devagar na cama. Dante não estava ali. Era raro ele sair sem me avisar, ainda mais agora. Mas talvez tivesse descido para falar com os seguranças, ou resolver alguma coisa da boate. Aquele homem não parava nunca. Mais uma contração me pegou desprevenida, forte, me fazendo apertar o colchão. — Calma… calma… — murmur
POV: HelenaO céu amanheceu limpo, quase como se soubesse que aquele dia precisava ser bonito. A mansão estava silenciosa, mas não como nos outros dias. Era uma calma estranha, carregada de expectativa. O casamento seria à noite, mas desde cedo os funcionários corriam de um lado para o outro, ajustando flores, testando luzes, organizando os lugares ao redor do jardim onde a cerimônia aconteceria.E mesmo com tudo perfeito, com cada detalhe sendo cuidado como se fosse um pedaço de um sonho… algo dentro de mim não estava tranquilo.Dante saiu cedo. Disse que precisava resolver “coisas da segurança”, o que já era o suficiente para me deixar irritada. Desde a conversa no jardim, ele tinha tentado aliviar um pouco a vigilância, mas eu via o esforço. A cada esquina, um olhar. A cada passo, um homem disfarçado com um fone no ouvido. Eu já havia aceitado que estava no meio da máfia, mas às vezes sentia que minha vida era uma prisão de luxo.Hoje, especialmente, eu queria esquecer isso. Pelo
POV: DanteO silêncio me irritava. Era o tipo de silêncio que vinha antes da tragédia — e eu já conhecia o suficiente desse mundo para saber que o perigo nunca batia à porta fazendo barulho. Ele rastejava. Esperava. Atacava quando você baixava a guarda.E eu não ia permitir que isso acontecesse.Desde o dia em que Helena foi baleada, eu dormia pouco. E depois que descobrimos que Mel havia sumido, feito algum acordo sujo para desaparecer do radar, o pouco sono que eu tinha foi substituído por paranoia.Passei a última semana mergulhado em ligações, ordens, rastreamento. Meus contatos estavam espalhados por toda a cidade, cruzando dados, invadindo sistemas, interrogando gente do submundo. Paguei caro. Ameacei. Mandei quebrar dedos. E nada. Era como se Mel tivesse evaporado. Um fantasma com sede de vingança.— Verificaram os hospitais? — perguntei pela décima vez naquela manhã.Bruno, um dos meus homens de confiança, assentiu do outro lado da sala. — Todos. Clínicas, laboratórios, farmác
POV: HelenaEu nunca fui o tipo de mulher que sonhava com véu e grinalda. Quando era pequena, eu preferia livros a bonecas, julgamentos a contos de fadas. Mas agora… agora tudo parecia diferente.Sentada na varanda da mansão de Dante, com a xícara de chá quente entre as mãos e o sol do fim de tarde dourando o jardim, eu sentia uma calma rara. A brisa leve balançava meu vestido e fazia cócegas na pele. Dante estava ao meu lado, de camisa aberta no peito e olhar perdido no céu, mas eu sabia que ele estava me ouvindo.“Você acha que combina mais uma cerimônia ao ar livre ou algo mais fechado?” perguntei, tentando não soar nervosa. Só que até eu sabia que era inútil — ele sentia tudo o que eu sentia.Ele virou o rosto na minha direção, aquele meio sorriso de canto se formando nos lábios. “Você quer minha opinião sobre flores agora?”“Quero a sua opinião sobre tudo,” respondi, e encostei minha cabeça em seu ombro.Dante beijou o topo da minha cabeça e murmurou: “Ao ar livre. Com uma entrad
Último capítulo