O cheiro da mansão parecia diferente naquela manhã — não era só o aroma discreto das flores caras ou do chão recém-encerado. Era algo mais denso. Como se as paredes respirassem com raiva contida.
Isadora desceu os degraus com passos medidos. Cada batida de salto no mármore parecia ecoar mais alto do que deveria. Ela sabia que estavam esperando por ela.
Benedetta a aguardava sentada no centro da sala de reuniões, cercada pelos vultos silenciosos dos empregados e do cheiro sufocante de poder envelhecido.
A velha não perdeu tempo.
— Eu não sou idiota, garota.
Isadora engoliu em seco, e não ousou interromper a senhora com olhar de águia.
— Mas aceitarei essa gravidez — declarou, como se falasse de um tumor que ainda poderia ser removido.
Isadora manteve a cabeça erguida, mesmo sentindo o coração vacilar.
— Você se portará como uma Bianchi — continuou Benedetta, cada palavra gotejando veneno. — Cada passo, cada olhar, cada respiração será vigiada. Um único deslize... e você e essa criança