17: A Bastarda e as Cobras

O vapor do banho subia preguiçoso, como se tentasse esconder o que o espelho não conseguia mentir. Isadora encarava a própria pele úmida refletida no vidro embaçado, os cabelos presos em um coque torto, os olhos fundos, o corpo ainda marcado por cicatrizes que o tempo não apagava. As marcas antigas estavam ali, visíveis. Mas era uma cicatriz mais funda que ardia: aquela que Enzo deixara gravada com a ponta do medo.

Ela fechou os olhos. Respirou. Mas a memória da primeira vez voltou — confusa, crua, cheia de silêncio e culpa. Não houve prazer na lembrança, só o desconforto de um corpo entregue por carência, por ilusão, e a vergonha de ter acreditado em promessas vazias. O calor da água tornou-se insuportável, como se queimasse a ingenuidade que ainda restava sobre sua pele.

E então a porta se abriu.

— Matteo? — gritou, puxando a toalha numa reação desesperada.

Ele congelou no umbral, o rosto travado, olhos caindo por um segundo para as cicatrizes nos braços, costas, na lateral do quadr
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