Ele feriu um coração. Ela quer destruir o dele. Pietro nunca mediu esforços para vencer, mas, por ironia do destino, perdeu a maior batalha de sua vida: o coração da mulher que amava. Em uma noite de desespero e arrogância, ele encontrou consolo nos braços de Irina Luzhin, a herdeira da poderosa máfia russa. O que deveria ter sido apenas um erro impulsivo tornou-se sua nova realidade: um casamento forçado, selado pela tradição e pelo poder de suas famílias. Irina sabe exatamente o que aconteceu naquela noite. Ela foi apenas um refúgio, um alívio para as mágoas de Pietro, e agora está decidida a transformar esse casamento em um verdadeiro inferno. Ele pode até tentar conquistá-la para massagear seu ego ferido, mas ela tem seus próprios planos. Entre traições, jogos de poder e um desejo que nenhum dos dois consegue controlar, Pietro e Irina descobrem que, nesse jogo, ninguém sai ileso. Em um mundo onde amor e ódio andam lado a lado, quem será o primeiro a ceder?
Ler maisPietro
A véspera do meu casamento começou exatamente como você esperaria: com meu irmão mais velho, Thomas, me chamando de idiota e se divertindo com o rumo que as coisas vinham tomando desde que eu — palavras dele — “decidi foder com o nome da família e o destino resolveu me ensinar uma lição”.
— Agora sim eu me sinto vivo. Você está completamente ferrado, irmãozinho. Tipo, de um jeito que nem um plano de fuga bem bolado resolve, e essa é a melhor parte. Você não vai mais conseguir fugir da responsabilidade.
Ele estava jogado na poltrona do meu quarto, com uma taça de vinho na mão e um sorriso malicioso no rosto. Eu, por outro lado, estava no sofá, encarando meu reflexo em um copo de uísque pela metade.
— Eu não tô ferrado — retruquei, tentando soar confiante.
— Ah, não? Você dormiu com a filha do chefe da Bratva, e agora vai se casar com ela. Donna não quer nem olhar na sua cara, mesmo depois daquelas desculpas mequetrefes que você tentou dar a ela, e, sinceramente? Bella não viria ao seu casamento se não fosse a senhora da família Kuhn.
— Thomas, se você veio aqui só pra fazer piada e me lembrar dos meus erros, pode ir embora.
Ele gargalhou, aquele riso alto e exagerado que me irritava desde que éramos crianças, a risada de quem “sabia” que estava certo sobre tudo e que era por isso que eu estava tão irritado.
— Pietro, eu tô aqui porque quero ver como você vai sair dessa. Você sempre teve uma sorte absurda, mas acho que até ela vai te abandonar dessa vez. Não dá pra continuar contando com o nome da família e usando charme barato pra se safar de tudo e todos.
Eu revirei os olhos e tomei outro gole do uísque. Ele tinha razão em uma coisa: minha sorte parecia ter tirado férias. Não era como se eu tivesse planejado isso. Na verdade, "planejamento" não era uma palavra que eu usava muito na vida.
— Você nem gostava da Donna, pra começo de conversa, não é? Agora consegue ver como tudo foi em vão? — Thomas perguntou, inclinado para frente como se estivesse prestes a descobrir um segredo.
— Isso não importa — respondi rápido demais. — Estou cansado de pensar no passado. Donna está casada e feliz. Nossa história já acabou, acho que eu deveria estar mais preocupado com a mulher com quem vou me casar amanhã.
Thomas bufou.
— Você pelo menos sabe o nome dela?
— Irina — murmurei. — Posso não sentir nada por ela, mas não vou morrer por causa de um casamento arranjado.
Thomas levantou uma sobrancelha, claramente se divertindo.
— Você vai descobrir que casamento pode ser pior do que morte, dependendo da esposa.
Joguei uma almofada nele, mas ele só riu mais alto, como se nada do que eu falasse ou fizesse mudasse o quão bem ele estava com o fato de que eu estava “ferrado”.
***
Mais tarde, enquanto eu tentava me esconder no jardim da mansão principal, onde praticamente todos estavam hospedados, já que o casamento seria no jardim central, a situação ficou ainda mais surreal. Irina passou por mim sem nem me olhar. Nada. Nenhum aceno de cabeça, nenhum "oi". Era como se eu fosse invisível para aquela mulher.
Ela estava ao telefone, falando algo em russo que eu não conseguia entender, mas, pelo tom, não era nada que envolvesse unicórnios ou arco-íris.
— Você deveria falar com ela. — Thomas apareceu do nada, porque é claro que ele não sabia respeitar o espaço pessoal de ninguém e considerando que eu o havia largado sozinho no meu quarto, ele só devia ter me seguido como um bom intrometido que era.
— Ela tá ocupada.
— Ela tá ignorando você. Tem diferença.
Eu bufei, mas fiquei onde estava. O que eu ia dizer? "Oi, desculpa por destruir sua vida social e te forçar a casar comigo. Quer dividir uma pizza?"
— Você é inacreditável — Thomas disse, balançando a cabeça. — Tá com medo de falar com a mulher com quem vai casar amanhã?
— Eu não tô com medo. Só… tô esperando o momento certo.
— Pietro, você já mentiu melhor que isso — ele zombou e sem me dar chances para retrucar, simplesmente bateu em meu ombro e foi embora, rindo da minha cara.
***
Quando chegou a hora de dormir, eu estava tão tenso que mal consegui pregar os olhos. Minha mente estava girando em círculos.
O que eu sabia sobre Irina Luzhin? Além do fato de que ela era linda e tinha um talento especial para me fazer sentir como um idiota, não muito.
Talvez fosse melhor assim. Talvez não saber nada facilitasse as coisas. Afinal, casamento é só um contrato, certo? Uma formalidade.
Eu tentei me convencer disso enquanto o sono finalmente me venceu. Mas na manhã seguinte, acordei com Thomas batendo na porta como se toda a mansão estivesse pegando fogo.
— Levanta, noivo do ano! É hoje o grande dia!
Enterrei o rosto no travesseiro, soltando um gemido.
— Thomas, vai embora.
— Nem pensar. Eu fiz questão de estar aqui só para ver isso. Não vou perder um segundo. Agora levanta antes que a noiva mude de ideia, afinal... nós dois sabemos que ela deve estar louca para fugir de um casamento com você.
Ele parecia tão feliz dizendo isso, que eu me questionei sobre o quanto o meu irmão me odiava. Eu sabia que não era exatamente o príncipe encantado dos sonhos de Irina Luzhin, mas se ela tinha aceitado dormir comigo naquela noite, naquele momento do bar, então tinha algo de bom em mim que a atraía.
Era quase cruel continuar me tratando como algo indesejado que seria recusado por ela. Francamente. Eu era um dos homens mais desejado da Itália e se unisse os interessados em se juntar a família Kuhn, de grande parte da Alemanha, também.
Irina era uma mulher de sorte e isso era um fato, mas considerando tudo que eu tinha feito ultimamente, eu sabia que não tinha direito de reclamar ou ter esse tipo de discussão com Thomas, então franzi os lábios a contragosto e suspirei, seguindo o que ele me disse e me levantando da cama de uma vez.
Eu não tinha escolha. Levantei, passei a mão pelos cabelos e encarei meu reflexo no espelho.
Era isso.
Hoje eu ia casar.
E, com sorte, ainda estaria vivo no final do dia.
ValentinaEu ajustei o casaco de Lorenzo enquanto ele balbuciava alguma coisa inteligível, feliz da vida por estar indo passear. Ele era um bebê incrivelmente esperto, e seus olhos brilhavam de empolgação. Atrás de mim, os guarda-costas da família já estavam a postos, como sempre. Eu sabia que Pietro nunca me deixaria sair com Lorenzo sem um batalhão de seguranças, mas eu não ligava. Tudo que importava era passar um tempo com o meu sobrinho favorito e eu não conseguia evitar isso.Lorenzo tinha 7 meses agora e eu me lembrava de quando o vi depois que ele nasceu. Eu estava odiando o fato de que Thomas me jogou na Rússia para “evitar problemas”, mas no momento em que Lorenzo nasceu, meu mundo pareceu mais colorido.Aquela coisinha redonda, rechonchuda e adorável se tornou o motivo para eu querer continuar ali e claro... o motivo para que eu tenha voltado depois que fomos apresentar ele para os meus pais.— Vamos, pequeno! Vamos nos divertir muito hoje! — Sorri para ele, pegando-o no col
PietroO sol entrava suavemente pela janela da sala, aquecendo o ambiente com uma luz dourada com a qual eu já estava bem mais que acostumado depois de todo esse tempo. Eu estava esparramado no sofá, uma mão segurando um copo de café quente e a outra brincando distraidamente com os fios soltos do cabelo de Irina, que estava deitada com a cabeça no meu colo. Ela lia um livro qualquer, virando as páginas com calma, completamente imersa na história. Lorenzo tinha acabado de dormir em seu berço, então a casa estava tranquila, silenciosa. Um raro momento de paz.— No que está pensando? — Irina perguntou sem tirar os olhos do livro, sua voz suave e relaxada.— Em como faz tempo que não temos um dia tranquilo assim — respondi, levando o copo de café aos lábios e me lembrando de como os 5 meses de vida do Lorenzo tinha sido um verdadeiro caos. — Sem trabalho, sem problemas para resolver... e com nosso filho dormindo mais de duas horas sem acordar.Ela sorriu de canto, fechando o livro por um
IrinaDois anos se passaram desde que Pietro e eu nos casamos. Se eu pudesse resumir esse tempo em uma palavra, seria felicidade. Mas seria uma palavra muito pequena para tudo o que vivi.Nossa casa, nossa rotina, tudo parecia um sonho. E então tinha Lorenzo, nosso pequeno raio de sol. Ele tem apenas sete meses e claro, nós fomos a Itália quando ele tinha dois meses, queríamos garantir que o avô e avó dele o conhecessem, mas além de dominar completamente nossas vidas, ele monopolizou o amor de todos, seus tios, primos e até mesmo da família de Bella, a esposa de Thomas. Seu sorriso iluminava meu dia, suas mãozinhas tentando agarrar meu rosto me faziam rir toda vez. Pietro era um pai maravilhoso, bem diferente do que sempre pensei sobre ele, talvez até melhor do que eu esperava quando comecei a confiar em seu potencial. Ele olhava para Lorenzo como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. E, para nós, ele realmente era.Eu estava sentada na poltrona do quarto do bebê, balançando suavem
PietroO cheiro de café fresco e pão assado preenchia o ar da nova casa, uma bela construção ao lado da imponente mansão Luzhin. Era espaçosa, mas aconchegante, com grandes janelas que deixavam a luz do sol dançar pelos cômodos. Ivan nos deu a casa como um presente, e apesar de ainda estar perto o suficiente para ele manter seu olhar vigilante sobre nós, era nossa. Pela primeira vez, Irina e eu tínhamos um lar que parecia verdadeiramente nosso, sem tantos seguranças andando pelo lugar e claro, sem Daniel passeando pelos corredores ou jardim.Sentado à mesa da cozinha, observei Irina enquanto ela preparava o café da manhã. Seu cabelo estava preso em um coque desalinhado e ela usava um vestido leve que realçava a suavidade de sua gravidez. Ela parecia mais tranquila agora, mais à vontade. Sua mão frequentemente pousava na barriga, como se quisesse reforçar a conexão com o pequeno ser crescendo ali.— Você está sorrindo. — A voz dela me tirou dos pensamentos.— Estou? — Sorri ainda mais,
PietroO silêncio que reinava na sala foi interrompido pelo som seco de Ivan Luzhin batendo palmas uma vez. Seu rosto antes rígido agora trazia algo que eu jamais esperaria: um sorriso. Um sorriso real, carregado de orgulho e alívio.— Um neto — ele finalmente falou, sua voz reverberando com força e interrompendo o momento que eu estava tendo com a minha mulher. — Isso sim é uma boa notícia.Meu coração ainda estava disparado, tentando processar tudo. Irina estava grávida. Eu seria pai. A mistura de emoções era tão caótica que mal consegui acompanhar as próximas ações de Ivan.Irina estava ao meu lado, quieta, mas forte. Sua mão encontrou a minha por um momento, e aquele toque era tudo o que eu precisava para me ancorar na realidade.— Pietro. — A voz de Ivan me trouxe de volta. Seus olhos penetrantes se fixaram nos meus. — Você errou muito, mas provou hoje que está disposto a lutar pela minha filha. E agora, por esse bebê. Eu espero que você continue assim, porque se não... — Ele não
PietroEu senti pânico ao ouvir Priscilla falando, ao ver o olhar de Ivan Luzhin pra mim e todo o meu orgulho, todo o meu charme, tudo o que eu achava que me definia, tinha desmoronado. Eu estava ali, vulnerável, e iria implorar se fosse necessário.Ela tinha me dito para esperar, mas... eu não conseguia.Caí de joelhos aos seus pés sem pensar duas vezes e implorei para que ela me ouvisse.— Irina, por favor. — Minha voz saiu rouca, quase um sussurro. — Acredite em mim. Eu nunca faria algo assim. Nunca trairia você.Ela me olhou de cima, o rosto iluminado pela luz dourada que entrava pelas janelas altas. Mas seus olhos distantes, fixos em mim como se estivessem tentando decidir se eu era digno de qualquer tipo de compaixão. Ao redor, o ambiente era uma mistura de tensão e julgamento. Ivan Luzhin, o pai de Irina, estava sentado em uma poltrona próxima, seus olhos estreitos como um predador calculando o próximo movimento. Daniel, seu irmão, encostado na parede com os braços cruzados, pa
Último capítulo