Miguel Fontes é um bilionário frio, possessivo e obcecado pelo controle. Acostumado a comprar tudo o que deseja; poder, silêncio e prazer; ele vê sua autoridade ser desafiada por algo que o dinheiro ainda não conseguiu conquistar: um terreno em um bairro turístico onde sonha construir o maior hotel de luxo da região. Há doze meses ele tenta, sem sucesso, finalizar a negociação. A ONG que ocupa o local é resistente, liderada por uma mulher determinada que se recusa a abrir mão do espaço onde adolescentes resgatam suas dores através da arte. Para Miguel, isso é inadmissível. Em sua mente ferida por uma traição devastadora, tudo tem um preço. Inclusive ela. Ao descobrir que a ONG vem recebendo, sem saber, repasses da sua empresa, desviados por um dos próprios sócios. Miguel decide resolver a questão pessoalmente. O nome da instituição, por ironia cruel, é o mesmo do homem que o criou... e o abandonou. Mas ele não contava com Anyellen Lins. Linda, estonteante, misteriosa. Uma mulher marcada por abusos, rejeições e silêncios que ninguém ousa decifrar. Em seus olhos, Miguel vê algo que não se compra: força. Em seu corpo, um convite ao desafio. E na sua alma, uma dor que ele reconhece, porque também a carrega. Ela não quer dinheiro. Quer respeito. Quer ser vista além da aparência. Ele não quer amor. Quer controle. Mas se vê despido diante da única mulher que não pode comprar. O desejo nasce no embate. O amor floresce no improvável. Mas quando os segredos explodem, a verdade pode destruir o que parecia indestrutível. Porque ele nunca soube o que era ser visto. E ela nunca soube o que era ser amada.
Leer másO quarto estava em penumbra. As cortinas filtravam a luz do sol, transformando-a em um abraço morno sobre os móveis claros. O ar tinha cheiro de lavanda e calma. Na parede, um quadro com pinceladas suaves pintava um horizonte — como se anunciasse: algo está chegando. E vem sereno. Miguel segurava a mão de Anyellen como quem segura o próprio coração. E, talvez, fosse exatamente isso. Porque ali, entre suspiros contidos e lágrimas represadas, ele estava à beira de viver, de novo, o milagre mais arrebatador da vida: ver um amor nascer do amor. Anyellen respirava profundamente. Suava. Mas sorria. Não com euforia. Com fé. Ela não estava mais sozinha. Nunca mais esteve, desde que ele aprendeu a ser inteiro ao lado dela. Dessa vez, ela não tinha medo. Ela tinha história. Tinha lar.
A casa estava silenciosa. O tipo de silêncio que não incomoda — aquele que embala, que cobre os ombros como um cobertor quente depois de um dia cheio. Lá fora, a noite soprava um vento calmo, e dentro, o mundo parecia reduzido ao espaço sagrado entre dois corpos que se amavam no compasso da respiração. Anyellen estava sentada no sofá, os pés descalços apoiados sobre a mesinha baixa, uma xícara de chá esquecida entre as mãos. A barriga, já avançada, se movia de leve — como se o bebê dançasse em segredo ao som das emoções da mãe. Miguel a observava da poltrona oposta, os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar completamente devoto. E ali, sem pressa, sem palavras ensaiadas, ele disse o que há muito queimava em silêncio. — É aqui que eu sempre quis estar — sua voz era baixa, mas cheia. — Invisível pro mundo. Visto por você. Anyellen ergueu os olhos, encontrando os dele. E o que viu ali fez seu coração desacelerar e acelerar ao mesmo tempo. Amor. Não o amor apressado, cheio d
O sol parecia mais generoso naquela manhã.As crianças corriam pelos corredores recém-pintados da nova sede como se o chão soubesse dançar. Havia vida em cada parede, cores em cada centímetro, esperança brotando das janelas como flores teimosas que se recusam a morrer. E no centro de tudo, Anyellen. Com os olhos marejados e o coração cheio.Ela caminhava lentamente pelo corredor central, os cabelos soltos, a barriga redonda avançando como quem carrega mais do que um filho — carrega um futuro.Nas paredes, placas com nomes esculpidos à mão.Beatriz. Lucas. Matheuzinho. Kauã. Ana Júlia. Diego. Sofia. Pedro. Isadora. Rafael.Cada uma, uma criança que um dia chegou à ONG sem sonhos… e agora era símbolo de vitória. Dez nomes. Dez novas unidades espalhadas pelo estado. Cada uma com a missão de fazer mais do que ensinar: fazer florescer.E foi nesse cenário de luz, esperança e renascimento que Miguel se aproximou por trás dela, em silêncio. Tocou-lhe a cintura com delicadeza, como quem toca
Reconhecido por transformar empresas em pontes, não em impérios. O empresário que aprendeu com o amor a ser humano. O auditório estava lotado. Câmeras posicionadas. Jornalistas perfilados. Autoridades, empresários, educadores — todos em seus lugares. Mas Miguel Ferraz não parecia ver nada disso. Seus olhos estavam voltados apenas para a mulher sentada na primeira fileira. Anyellen. A razão. O começo. O meio. E, se dependesse dele, o para sempre. — Convidamos agora ao palco o homenageado desta noite. O homem que ousou transformar a lógica do poder: Miguel Ferraz. Aplausos. Não por status. Não por cifras. Mas por algo raro nos dias de hoje: coerência entre o que se vive e o que se prega. Ele subiu os degraus como quem pisa em terra sagrada. Na mente, flashes de uma história marcada por recomeços. Na alma, o peso leve de quem se reinventou pela dor — e foi salvo pelo amor. O apresentador seguiu: — Miguel é mais do que um CEO. Ele é a prova viva de que um império
Onde o toque vira reverência e o prazer, uma declaração físicaA noite caiu devagar, como se o tempo também soubesse que precisava desacelerar para eles. A casa à beira-mar respirava em silêncio, e cada vela acesa desenhava sombras nos cantos do quarto, como se a própria luz sussurrasse segredos antigos nas paredes.Miguel entrou no quarto e a viu ali. Anyellen. Sentada no centro da cama, com os cabelos soltos, os olhos cheios de calma e as mãos repousando sobre o ventre ainda pequeno. A camisola de seda branca escorria pelos ombros, revelando mais do que cobria, mas o que mais o tocava… era a forma como ela o olhava.Não era provocação. Era entrega.E aquilo o desmontou.Ele caminhou até ela sem pressa, como quem se aproxima de um altar. Sentou-se à beira da cama e pegou a mão dela. Beijou devagar cada dedo, cada dobra de pele, como se estivesse decorando o mapa de uma mulher que já era seu lar.— Você está linda — ele disse, rouco. — Mas mais do que isso… você está inteira. Radiante
O mar batia suave na encosta, como se respeitasse o silêncio que preenchia o quarto. As janelas abertas deixavam a brisa brincar com as cortinas de linho branco, e cada fio de tecido parecia dançar com o que não era dito.Miguel estava de costas, ajeitando a camisa no corpo largo. Tinha acabado de sair do banho, e a toalha ainda pendia do ombro. A barba por fazer, os cabelos um pouco bagunçados, o olhar fixo no reflexo do vidro. Como se buscasse ali um passado que, por muito tempo, tentou apagar.Anyellen o observava. Em silêncio. Com o peito quente, os olhos marejados e a alma cheia.Ela sabia. Era agora.— Miguel? — a voz dela saiu mais suave que o vento.Ele se virou devagar, como se cada movimento fosse um convite à vulnerabilidade. E ali estava ele: o homem que ela amou antes mesmo de perceber que o amava. O homem que gritou com o mundo, mas que sussurrava com o coração quando se tratava dela.— Eu te amei na primeira vez que te vi — ela disse, com um sorriso trêmulo nos lábios.
Último capítulo