Conexões entre o morro e a máfia

Conexões entre o morro e a máfia PT

Romance
Última actualización: 2025-10-22
Andressa Abs  Recién actualizado
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Resumen
Índice

Heloísa, uma mulher muito forte e bonita, porém com um passado marcado por atrocidades e crueldades que lhe deixaram cicatrizes incuráveis. Se tornou dona do morro da rocinha muito jovem, assumindo o lugar de seu falecido pai. Conhecida como " A loba " ela é muito respeitada por todos os membros de sua facção, e muito temida por seus inimigos. Sua posição como a dona do morro despertou inveja e ódio em algumas pessoas que queriam estar em seu lugar, e isso pode acabar resultando em atentados contra a sua vida.

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Capítulo 1

Apresentação/Part 1

Oi gente, eu me chamo Heloísa Duarte de Oliveira, e tenho 27 anos. Sou a dona do morro da rocinha, uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro, quando digo a mais perigosa, estou me referindo a mais pesada em armamentos e com grande dificuldades de acesso policiais, é raro acontecer operações aqui, os policiais sabem muito bem que os meus soldados estão sempre preparados e dispostos a trocar tiros até não sobrar nenhum deles, por isso eles evitam visitar a minha comunidade, e isso de alguma forma me ajuda a economizar dinheiro, e não gastar comprando mais munições e armamentos.

Faz sete anos que eu comando a favela da rocinha, e para me ajudar eu tenho o Hugo, meu melhor amigo como o meu braço direito.. Eu conheci ele na escola, na época eu tinha onze anos, ele era só um menino medroso que apanhava de todo mundo e não tinha coragem de enfrentar os garotos, eu sempre me metia e defendia ele, e assim ele se aproximou de mim e fizemos amizade, eu ensinava ele a como se defender, e também como humilhar com palavras, ele era muito lerdo, quase todos os dias nos encontrávamos no campo de areia que fica em uma rua deserta aqui do morro, e lá eu ensinava um monte de coisas pra ele. Mas todas as vezes que eu me metia em confusões na escola, o meu pai me dava uma surra dobrada, mas eu não me arrependia de nada, um dia eu furei de lápis o braço de um garoto que tentou me bater, e então eu fui transferida para outra escola, mesmo assim o Hugo e eu continuamos nos encontrando no mesmo lugar de sempre para brincar, e também para eu continuar ensinando a ele algumas formas de bater, ele já não apanhava mais na escola, e a mãe dele foi até chamada pela diretora porque ele tinha batido muito em um dos garotos que faziam piadas dele, eu fiquei muito orgulhosa e feliz por ele.. O tempo foi passando e nós fomos crescendo, na adolescência quando eu tinha uns quinze anos, ele se declarou dizendo que estava apaixonado por mim, mas eu não queria estragar a nossa amizade, e então eu não aceitei ele como meu namorado, mesmo assim ele não saiu do meu lado, e a nossa amizade continuou.. A minha mãe amava ele, ela dizia que ele me fazia muito bem e que se um dia eu mudasse de ideia, que ela aceitaria o Hugo como o seu genro, mas o meu pai nunca gostou da nossa amizade, sempre que ele estava em casa o Hugo não podia entrar..

Eu não tenho lembranças boas do meu pai, por isso eu nunca falo sobre ele ou sobre esses assuntos, ele sempre me batia, e me torturava até eu desmaiar, e eu passei por isso diversas vezes, ele me queimava, me batia com madeiras pesadas, fazia coisas monstruosas comigo, e ele sempre dizia que tudo isso era para eu aprender, caso um dia eu fosse sequestrada pelos seus inimigos eu precisava aguentar e ser forte, ele dizia que eu tinha que sofrer calada e não dizer nada para outras pessoas, porque tudo aquilo era um aprendizado para mim, a minha mãe sempre tentou se meter e impedir, mas no final ela também sofria nas mãos dele, eu sempre via machucados e hematomas espalhados pelo corpo dela, e isso se repetiu por anos, mas ter apanhado e ter sido torturada foi o de menos perto do que eu vi, eu não me lembro bem o lugar, mas o meu pai uma vez me levou pra longe, e nesse lugar eu vi as piores cenas da minha vida, eu ainda tenho marcas desse dia, e cicatrizes que nunca vão ser apagadas. Os meus irmãos que nunca apanharam, eu dizia que eles tinham sorte, e eu queria muito entender o porque meu pai parecia ter tanta raiva de mim, mas eu nunca consegui entender, e agora já não tenho mais como descobrir.

Na época quando o meu pai morreu, foi um grande alívio para mim, eu não iria mais ver a minha mãe apanhando e nem eu iria passar por mais torturas, eu me senti livre de um castigo que durou anos, os meus irmãos sofreram porque o meu pai era muito bom, mas só com eles dois.. Alguns dias depois eu fui chamada para uma reunião com os maiores chefes da facção, o Hugo até tentou ir comigo, mas não podia, eu fui sozinha sem saber o porque eu estava sendo chamada, e chegando lá eles me passaram a posse de dona do morro, meu mundo desabou porque eu não queria aquilo para mim, e um dos chefes me disse que se eu não aceitasse o meu cargo, ele iria matar os meus irmãos por regras ditadas pelo meu próprio pai, porque antes dele morrer ele tinha assinado um papel no qual estava o meu nome e a herança de assumir o seu lugar, eu não tive escolha, no mesmo momento eu aceitei, só para não ver ninguém machucar os meus irmãos. Eu sai chorando da sala de reunião, eu não queria dar esse desgosto pra minha mãe, mas eu não podia fazer outra escolha, e nem podia contar isso para eles. E nesse mesmo dia eu acabei conhecendo um homem bonito, alto e forte, ele trabalhava como mula do tráfico, para quem não sabe oque é mula, é uma pessoa que se arrisca levando drogas ou armas para outros lugares ou até mesmo países por ordem dos chefes, ele me seguiu até a saída e me deu palavras de consolo, ele me pediu o meu contato e assim fomos nos conhecendo mais e saindo algumas vezes, até que eu me vi apaixonada por esse homem, ele era muito gentil, romântico e paciente, eu estava completamente iludida, só que eu não sabia que ele seria uma grande decepção na minha vida. No início eu achava que ele me amava, o Hugo se afastou de mim, os meus irmãos e até a minha mãe tentou me avisar que ele não era uma boa pessoa, mas eu estava cega de amor, comprei carro, relógios de ouro, cordões de presente para ele, e até uma casa para morarmos juntos, eu me entreguei de corpo e alma, perdi a minha virgindade com ele e queria ter filhos com esse homem, eu era jovem e muito ingênua, só queria ser amada e bem tratada como toda mulher sonha em ser.

Até que um dia ele chegou com marcas de batom na camisa, eu muito furiosa perguntei oque tinha acontecido, e ele me convenceu de que foi uma brincadeira de um amigo dele que tinha passado batom e beijado ele, só para causar brigas entre nós dois, eu acreditei e deixei aquilo de lado. Se passaram dois meses e ele sempre chegava tarde em casa, e um dia uma mulher me enviou foto deles juntos em um quarto de motel, os dois pelados se divertindo, o meu coração ficou despedaçado, ela ainda me escreveu uma mensagem dizendo que ele só estava comigo para tentar tomar o meu lugar e me deixar na lama, aquilo acabou comigo, eu sai armada atrás dos dois, fui até o motel mais não encontrei ninguém lá, e então nunca mais o maldito apareceu, eu sofri por um tempo, mas consegui seguir minha vida e aprendi a não confiar e nem me apaixonar por nenhum outro homem.

Depois de tudo isso o Hugo se aproximou de mim novamente, e me disse que queria ser o meu braço direito, eu aceitei de tanto ele insistir.. A minha mãe não queria que eu estivesse envolvida com o mundo do crime, e por várias vezes ela chorou me pedindo para sair, mas eu não podia largar tudo de mão, e nunca contei o verdadeiro motivo de ter aceitado viver dessa forma, mesmo assim nós vivemos muitos momentos felizes juntas, tínhamos paz, e alegrias.. Mas infelizmente dois anos depois a minha mãe morreu de derrame cerebral, eu e os meus irmãos sofremos muito, é incrível como ela faz tanta falta, já vai fazer quase três anos que ela partiu, mas parece que a dor é a mesma do primeiro dia.. O bom é que eu e os meus irmãos somos muito unidos, o Leandro e o Lucas tem 23 anos, eles são a minha única família agora, eles ainda moram na mesma casa onde todos nós morávamos juntos, mas eu preferi ter a minha própria casa, as vezes eles me fazem uma visita, e eu também visito eles e aproveito para brigar quando a casa tá suja, mas nos amamos muito, eles até tentaram entrar pro tráfico, mas eu proibi, não quero eles envolvidos com essas coisas e muito menos se arriscando.

As circunstâncias da vida me obrigaram a ser diferente, eu não demonstro afeto por ninguém, exceto meus irmãos, sou totalmente fria e muito calculista, não gosto de receber toques ou elogios, isso me incomoda muito, algumas pessoas devem me olhar e pensar que eu sou fraca e indefesa para estar nesse cargo de dona do morro, mas eles não sabem oque eu já fiz com seres humanos imundos, dentro do meu coração eu guardo muita raiva, e ódio, as lembranças do passado vem todas as noites nos meus pesadelos, é inevitável, mas de alguma forma isso me deixa cada vez mais forte e me faz lembrar que eu preciso continuar sendo a mesma pessoa na qual me transformaram, a Loba assassina e cruel, a mulher que não pode amar ninguém além de si mesma, a mulher que não sente empatia, compaixão e piedade de ninguém, essa sou eu. E aos poucos vocês irão me conhecer ainda mais...

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