Miguel não esperava encontrar um museu de emoções cruas em meio à ONG. Muito menos se comover por ele. Mas lá estava ele, parado diante de uma pintura feita por uma adolescente órfã; linhas tortas, cores gritantes, traços carregados de dor. E entre os tons vermelhos, um detalhe que só ele reconheceria: a assinatura de Elias, o homem que o criou. O homem que destruiu o nome da sua família. E que agora era homenageado por alguém que o via como herói.
Miguel sentiu como se algo fosse arrancado de dentro. A tinta parecia escorrer em sua direção. E pela primeira vez, ele não se sentiu no controle. Sentiu-se atravessado por significados que nunca planejou enfrentar.
— Achei que já tivesse perdido tempo demais aqui, Miguel.
A voz firme e baixa de Anyellen o puxou de volta.
— Como já sabe, não vou vender o local.
Ele respirou devagar. Como se digerisse a dureza dela com prazer.
— Eu também já percebi que você é difícil de convencer. Mas... eu sou um homem persistente. E estrategista.
Ele s