Victor Calderón, um bilionário implacável que não acredita no amor, está à beira de fechar o maior contrato de sua carreira, mas para isso, precisa de algo que nunca desejou: um casamento. Quando Clara Martins, sua doce e dedicada assistente, surge como a candidata ideal para um contrato de casamento por conveniência, a princípio, ambos veem isso como uma solução simples. Clara, lutando para salvar a clínica da família da falência, aceita a proposta, sem saber os segredos sombrios que Victor esconde.Enquanto os dois vivem uma intensa jornada de negócios e atração, Clara descobre um lado vulnerável e escondido de Victor que abala todas as suas certezas. Conforme os sentimentos começam a surgir, o contrato se torna uma linha tênue entre a conveniência e o desejo. No entanto, o passado obscuro de Victor ameaça destruir tudo, e segredos que ele enterrou profundamente vêm à tona, testando o amor nascente entre os dois.
Ler maisMal tinha chegado ao escritório e já podia sentir o olhar penetrante do Sr. Calderón sobre mim. Eu odiava quando ele me encarava daquele jeito, como se pudesse ver direto na minha alma. Aqueles olhos negros pareciam perscrutar cada movimento meu, cada gesto.
Estava apenas copo de café da Starbucks para o senhor Calderón, havia me atrasado cinco minutos por conta de um maldito ciclista passou na minha frente e me fazendo derrubar todo o meu café em minha camiseta. Precisei correr para o banheiro assim que cheguei no prédio para tentar tirar a grande mancha da camisa, mas foi em vão.
Estendi o copo de café, a mão tremendo levemente.
— Desculpe o atraso, senhor. Tive um pequeno imprevisto no caminho.— Engoli em seco, rezando para que ele não notasse a mancha em minha blusa.
Ele pegou o copo, os lábios se contraindo em uma careta.
— Senhorita Martins, você sabe muito bem que odeio atrasos — A voz grave e autoritária ecoou pelo escritório silencioso.
Abaixei o olhar, sentindo minhas bochechas queimarem de vergonha.
— Sim, senhor. Não vai se repetir. — Caminhei a passos rápidos até minha mesa, tentando esconder a mancha com o blazer.
Enquanto ele tomava o café caminhei para a minha mesa, minha sorte foi que meu blazer cinza do conjunto com a saia não havia sido manchada de café, assim podia esconder o banho que levei de café, mas o cheiro estava forte demais, uma mistura de café com sabonete líquido de erva-doce.
Assim que me sentei, o Sr. Calderón voltou a me chamar.
— Martins, preciso que você atualize o cronograma das reuniões de hoje. Mandou tudo para o meu e-mail?
— Sim, senhor. Enviei todos os detalhes logo cedo.— Respondi prontamente, tentando manter a voz firme.
Ele deu um gole no café e fez uma careta.
— Céus, isso está frio. — Balançou a cabeça em desaprovação e saiu, deixando-me ali, o coração acelerado.
Aquele homem conseguia me deixar completamente desarmada com apenas algumas palavras. Sua frieza e exigência me faziam sentir tão pequena, tão insignificante. Por que eu sempre me sentia assim na presença dele?
Assim que o Sr. Calderón saiu, deixei escapar um longo suspiro. Meus ombros caíram e eu me senti completamente derrotada. Aquela sensação de inadequação sempre me acompanhava quando estava perto dele.
Olhei para a mancha de café em minha blusa e balancei a cabeça, frustrada comigo mesma. Por que sempre tinha que acontecer algo assim justo quando estava prestes a me encontrar com ele? Parecia que o universo conspirava contra mim.
Levantei-me e caminhei em direção ao banheiro, precisava retocar a maquiagem e tentar disfarçar o quanto aquele homem me afetava. Não podia deixar transparecer o quanto suas palavras e seu olhar me atingiam.
Enquanto me observava no espelho, tentando esconder a angústia em meus olhos, lembrei da primeira vez que o vi. Aquele dia parecia tão distante, mas a sensação de admiração e nervosismo ainda estava gravada em minha memória.
Eu mal podia acreditar quando fui contratada para trabalhar no escritório do Sr. Calderón. Ele era um nome respeitado no mundo dos negócios, um empresário de sucesso. E ali estava eu, a jovem recém-formada, tendo a oportunidade de trabalhar ao lado de um homem tão influente.
No início, eu me esforçava ao máximo, querendo mostrar todo o meu potencial. Trabalhava horas a fio, sempre pronta para atender a qualquer demanda dele. Mas, aos poucos, percebi que nada que eu fizesse parecia ser o suficiente. Ele sempre exigia mais, suas críticas eram implacáveis.
E então, aquela admiração que eu sentia foi se transformando em uma crescente insegurança. Eu me questionava constantemente se era realmente capaz de atender às suas expectativas. Aquele homem intimidador parecia me sugar toda a confiança, deixando–me sempre à beira de um colapso.
Respirei fundo, tentando me recompor. Não podia deixar que ele continuasse a me afetar dessa maneira. Precisava encontrar uma forma de lidar com aquela situação, de não me deixar abalar por suas palavras ácidas e seu olhar gélido.
Saí do banheiro e voltei para minha mesa, pronta para enfrentar o resto do dia. Tinha muito o que fazer, o dia seria muito corrido e teria que passar no hospital para ver meu irmão antes de ir na clínica dos meus pais.
A manhã foi exatamente exaustiva, até chegar a hora de ir almoçar e meu chefe sair da sala dele passando a mão do rosto e se aproximando de mim.
— Irei almoçar, vê se troca de camiseta — Ele olhou em direção da grande mancha do tecido antes de sair do escritório.
Como iria trocar? Quando ele virou as costas apertando o botão para o elevador chegar no andar respirei fundo. Ele só podia estar fora de si hoje, tão exigente e rude.
Peguei o celular e mandei mensagem para minha melhor amiga Isabella:
— Amiga, você tem alguma camisa para me emprestar?
Não demorou muito para ela me responder dizendo que sim e que levaria agora, estava no almoço. Isabela Montfort é uma jornalista investigativa e incrível, trabalha aqui perto e sempre tem uma peça de roupa no carro ou no escritório para caso de emergência, precisava aprender com ela.
Isabella chegou poucos minutos depois, uma expressão divertida no rosto.
— Ei, amiga! O que aconteceu? — Ela estendeu a camisa, um sorriso animado no rosto — Parece que seu dia começou agitado, hein?
Peguei a camisa, sentindo o alívio tomar conta de mim.
— Você nem imagina! Um maluco de bicicleta quase me atropelou, fez eu derrubar café na blusa. E agora o Sr. Calderón está ainda mais insuportável do que o normal.
Isabella soltou uma gargalhada.
— Aquele homem é um pé no saco mesmo, não é? Parece que ele acorda todo dia com o pé esquerdo.
Assenti, suspirando.
— Hoje ele chegou reclamando do atraso, como se eu fizesse de propósito. E depois ainda me disse que o café estava frio!— Revirei os olhos, nervosa. — Às vezes eu me pergunto se algum dia vou conseguir agradar aquele homem.
Minha amiga me deu um tapinha no ombro, seus olhos transmitindo compreensão.
— Ei, não se preocupe. Você é uma ótima profissional, Clara. Cedo ou tarde, o Sr. Calderón vai perceber isso.
Enquanto dirigia para casa, Clara adormeceu no banco ao lado, a cabeça pendente de nível para a janela, a respiração ritmada, curta, tranquila. Não fazia ideia do que Max falara para ela, mas acredito ter sido ruim o bastante para levá-la a beber e, no fim, encostar o dedo na torre de taças até tudo vir abaixo. O volante rangeu sob a pressão dos meus dedos. A pele dos nós ardia; pontos de sangue marcavam o punho. O soco em Max tinha validade. No meio do caos, ele achou tempo para jogar veneno.Apertei o volante mais uma vez. O maxilar travou. O sangue corria quente, martelando nas têmporas. Ele poderia falar o que queria sobre mim. Sobre Clara, não. Não admitia.✘ FLASHBACKEstava à procura dela quando a vi com Max. Não deveria ter-la deixado ao alcance do meu irmão. Ele sabia que o casamento era fachada — e, quando me ouviu dizer que era um bom ator, ganhou o pretexto que queria. Mas não tocaria no que era meu.Clara era minha.Assinamos um acordo, registramos um casamento diante de
Aproximei-me de uma mesa tomada por taças cobertas de vinho branco. A mão foi sozinha até uma delas e desenhada. No mesmo instante, o som em cascata preencheu o salão: uma trilha aguda de vidro se tocando, os primeiros copos deslizando e, então, desabando diante dos meus olhos. Só então entendi — era uma torre de taças.— Senhora Calderón! — uma voz masculina surgiu ao lado. Mãos firmes me pegaram pela cintura e me arrastaram um passo para trás.O restante veio abaixo. Os vidros se espalharam pelo piso brilhante; cabeças se viraram, uma conversa se partiu em murmúrios. Olhai para quem me segurava. Era o senhor Duval. O sangue gelou nas veias; a respiração travou no alto do peito.— Está tudo bem com a senhora? — indagou, o semblante composto.— Está… — respondi num fio de voz, piscando rápido. - UE…— Vai ficar tudo bem — a voz veio doce, polida, mas algo nela tinha um brilho que arranhou a pele. — O importante é que a salvei.— Sim, me salvou — senti o rosto queimado por inteiro.— M
Ao sair do banheiro, procurei Victor pelo salão e não o encontrei. O incômodo veio no estômago, uma abertura que subiu até o peito. Jantares de negócios não era novidade, mas trocar o crachá de assistente pela aliança me virara do avesso. Não pude trabalhar, nem perguntar demais, nem me intrometer. Se alguém visse com questões sobre a empresa, até onde poderia responder? Ele interviria? Parte das respostas eu tinha; outras, não.— Perdida? — meu cunhado surgiu a minha frente me medindo.Max carregava mistérios que me lembravam meu marido — meu marido? Que bobagem é essa, Clara? Victor é só o seu ex-chefe que fez um contrato por puro negócios e agora esta te fodedo tão deliciosamente que não vê a hora desse jantar terminar para arrancar esse vestido e sentar na cara dele. — Não — respondi, varrendo o salão com os olhos. — Victor está com Duval — apontei com o queixo, e o rompimento soltou os ombros. — Não quero me meter nos negócios.— Victor tem um método específico de negociação — c
O jantar foi organizado para apresentar o novo lançamento de uma parceira da empresa. Não deixaria de comparecer. Max também foi convidado; vivia circulando entre eles, metida em tudo, e isso me irritava. Ainda assim, serviria de restrição dos concorrentes e ajudaria a identificar bons acordos — como o que fechamos com Duval.— Não precisa ficar nervoso — comentei com Clara.Estava elegante e provocante naquele vermelho. Desde que a vi pronta, lá em casa, o corpo pedia para arrancar o tecido e tomá-la sem cerimônia. Aquela mulher me tirou do eixo; a cabeça insistia em voltar para a ideia de preenchê-la, possuí-la por inteiro.— Não estou nervoso — respondeu, firme. — Só não quero
Fomos convidados para um jantar naquela noite. Mesmo cansado da viagem, a presença era necessária. Ainda mais com Max na lista: ele adorava esfregar na minha cara que a empresa estaria melhor nas mãos dele, como se eu não soubesse o que estava fazendo.Eu era o primogênito do primeiro casamento do meu pai; não havia motivo plausível para meu meio-irmão assumir a empresa. Se minha madrasta teve um filho com ele, era outra história. Eu já tinha provado que era capaz de comandar o império — e nunca deixei faltar nada para ela, para minha mãe ou para minha irmã.As pessoas são ingratas na medida do interesse. O mundo não gira, não umbigo de ninguém. Às vezes, o único caminho é ignorar certas existências e deixar clar
Meus dedos estacaram no trinco por um instante que parecia comprido demais; a pele esfriou e a ponta dos dedos formigou antes que a fechadura cedesse sob a rotação da mão. A porta se abriu e Victor apareceu, sério, porém sem a explosão que temi encontrar; o peito afrouxou sozinho e o ar saiu num sopro curto, desorganizado. Os ombros dele baixaram um pouco ao me ver, e isso bastou para que a tensão na nuca aliviasse, ainda que o estômago continuasse enroscado.— Você estava chorando? — Disse, a ponta dos dedos roçando meu rosto, recolhendo a trilha molhada que deslizava pelo queixo.— Não... — murmurei, o olhar caindo para o chão; os lábios inferiores tremeu e os dentes encostaram de leve, tentando segurar a mentira no lugar.
Último capítulo