Meu cunhado, meu marido

Meu cunhado, meu maridoPT

Romance
Última actualización: 2025-11-18
EllenRoza  Recién actualizado
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Resumen
Índice

Lilly só queria salvar a família. James só queria viver. O que era para ser um casamento perfeito, virou um caos. Lilly é abandonada no altar e obrigada a se casar com James, seu cunhado. Os dois, que não são nada compatíveis, tentam sobreviver no mesmo teto, enquanto Christopher, o noivo, tenta recuperar a mulher, a sua prometida.

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Capítulo 1

Capítulo 1 - O casamento

  Lilly

  Nunca pensei que o som dos sinos pudesse soar tão frio. Eles ecoavam pelo pátio da igreja como se zombassem de mim — um lembrete doloroso de que a cerimônia começaria em poucos minutos, e eu, vestida de branco, estava prestes a me tornar a esposa de um homem que mal conhecia.

  O vestido era pesado, o tule arranhava meus braços a cada movimento, e o perfume das flores misturava-se ao cheiro doce e sufocante do nervosismo. Minha mãe andava de um lado para o outro na entrada da igreja, o celular colado ao ouvido, os dedos trêmulos tentando manter a compostura que sempre fora sua marca registrada.

  — Ele ainda não chegou — ela disse, a voz embargada, como se dissesse aquilo a si mesma.

  Por um instante, não entendi. Pisquei, devagar.

  — Como assim, não chegou?

  — Christopher… — Ela respirou fundo, desviando o olhar de mim. — Ele ainda não apareceu.

  Olhei para os convidados que chegavam, sorrindo, animados, completamente alheios ao caos que começava a se instalar nos bastidores. O fotógrafo me observava, pronto para registrar o grande momento, e tudo que eu conseguia pensar era que talvez não houvesse momento algum para registrar.

  Uma das madrinhas me segurou pelo braço e me conduziu até a pequena sala ao lado da sacristia — o “refúgio das noivas”, como chamavam. Ironia do destino. Aquele lugar cheirava a rosas e promessa, mas eu só sentia o gosto amargo da dúvida.

  Minha mãe entrou logo depois, seguida do pai de Christopher, o senhor Zabott, um homem imponente, com olhos que pareciam medir cada um de nós como peças em um tabuleiro de negócios. Atrás dele, estava outro homem — alto, de postura displicente e olhar indiferente. James Zabott. O irmão de Chris. 

  Ouvi alguém comentar que ele tinha acabado de chegar do exterior, convocado apenas para prestigiar o casamento do irmão. Era o tipo de homem que atraía atenção sem precisar fazer esforço algum. As mangas da camisa estavam dobradas até os cotovelos, o paletó aberto, e o cabelo desalinhado parecia combinar perfeitamente com o jeito entediado de quem já havia visto o suficiente do mundo para se aborrecer com cerimônias.

  Enquanto todos tentavam ligar para Christopher, o ar na sala se tornava cada vez mais denso.

  — O telefone está desligado — anunciou meu pai, pela quinta vez.

  — Isso é um absurdo! — bradou o senhor Zabott. — Meu filho jamais faria uma coisa dessas. Deve ter acontecido algum imprevisto.

  Mas os minutos passaram. Dez. Quinze. Quarenta. E a esperança foi morrendo devagar, como vela ao vento.

  Ninguém dizia em voz alta, mas todos sabiam. Christopher Zabott havia me deixado no altar.

  Sentei na poltrona, tentando controlar o tremor das mãos. Sempre fui ensinada a manter a calma, a racionalidade, a não permitir que as emoções ditassem minhas atitudes. Mas como ser racional quando o mundo desaba diante de todos, com as câmeras prontas e os convidados esperando?

  Minha mãe chorava baixinho. Meu pai discutia com o senhor Zabott, e as palavras “vergonha”, “acordo” e “famílias” ecoavam entre as paredes. Eu me sentia um fantoche no meio de um teatro de aparências, uma boneca de porcelana prestes a rachar.

  — O que faremos? — dizia o pai de Christopher. — Esse casamento precisa acontecer.

  — O senhor quer que ela se case com o vento? — retrucou meu pai. — Seu filho desapareceu!

  Foi então que alguém — não sei quem — sugeriu o impensável.

  — James pode substituí-lo.

  O silêncio que se instalou foi cortante. Todos olharam para ele.

  James arqueou uma sobrancelha, e soltou uma risada curta, descrente.

  — Estão brincando, certo?

  — Não há tempo — insistiu o pai. — É o mínimo que você pode fazer pela família.

  — O mínimo? — Ele deu um passo à frente, encarando o pai com um sorriso que não alcançava os olhos.   — O mínimo seria não me empurrar pro altar no lugar de um irmão que finalmente mostrou que é um covarde, pai. Eu não tenho nada a ver com essa loucura. 

  — Você não vai jogar fora tudo que tem, James. Se recusar, está fora da herança. — A voz do senhor Zabott cortou o ar como uma lâmina.

  James piscou devagar, como se calculasse o preço da própria liberdade.

  Por um segundo, pensei que ele diria “não”. E parte de mim queria que dissesse. Queria ir embora, me esconder, sumir debaixo do peso da vergonha. Mas então, ele suspirou. Um som rouco, quase resignado.

  — Que seja. Se é isso que vocês querem… Vamos acabar logo com isso. 

  Meu coração bateu forte, e eu não soube se era medo, raiva ou pura incredulidade.

  Eu me casaria, naquele mesmo dia, com um homem que mal sabia meu nome. E todos fingiriam que estava tudo bem, quando no fundo, era apenas o desespero de ambos os lados falando mais alto. 

                                ***

  O altar parecia mais frio do que antes. Talvez fosse o olhar de James, firme e carregado de um tipo de julgamento que me atravessava inteira. Ele não dizia nada, mas a forma como me observava, como se eu tivesse sido a causa de todo aquele teatro, era o suficiente para me fazer querer desaparecer sob o véu.

  As vozes se misturavam em um murmúrio constrangido. Todos sabiam que algo estava errado, mas ninguém ousava perguntar. As famílias Zabott e Moss eram poderosas demais para admitir um escândalo, e a sociedade, curiosa demais para deixar passar um.

  O padre hesitou por um segundo, olhando discretamente para os pais de ambos, como se pedisse uma confirmação muda. E ela veio, com o simples aceno de cabeça do senhor Zabott.

  James estava ao meu lado, as mãos nos bolsos, o olhar perdido entre o altar e as portas da igreja.

Quando ele finalmente estendeu a mão para mim, o fez com lentidão, como quem segura uma corda que queima.

  Suas palavras no momento do “sim” soaram quase como deboche, uma nota seca e sem emoção. O oposto absoluto do que aquele instante deveria ser. Eu apenas repeti as palavras, sentindo a garganta arder. O noivo errado. O casamento errado. Mas o dever, esse maldito dever, ainda era o mesmo.

  A cada flash das câmeras, eu me sentia menos real. Um retrato bem enquadrado de um erro que não poderia ser desfeito.

  Quando o padre declarou o que todos esperavam ouvir, houve um aplauso breve, quase educado, e então o silêncio desconfortável retornou. Mas o beijo dos noivos, seguiram outro roteiro. Não houve além de olhares e acenos com a cabeça. 

                                    ***

  O salão de festas ficava em uma propriedade costeira, na Carolina do Sul, e o som distante das ondas parecia zombar de nós também. As paredes de vidro refletiam o brilho do mar ao entardecer, e as luzes de cristal pendiam do teto como estrelas cansadas.

  As pessoas tentavam sorrir. Tentavam fazer parecer que nada havia saído do controle, que o novo casal era apenas… improvável, não escandaloso. Mas os olhares denunciavam o contrário. Havia cochichos, sorrisos disfarçados, perguntas não feitas.

  James estava ao meu lado o tempo todo, calado, com uma taça de champanhe que ele mal encostava nos lábios. Parecia observar o mundo como quem assiste a um espetáculo entediante.

  Quando chamaram os noivos para a primeira dança, ele suspirou. Um som breve, quase irônico.

  — Acho que chegou a hora da performance final — disse ele, oferecendo-me a mão.

  Segurei, mesmo sem vontade. Minhas luvas tremiam.

  A música começou numa melodia lenta, quase melancólica. Nossos passos estavam perfeitamente sincronizados, mas tudo no olhar dele gritava distância.

  — Antes que diga qualquer coisa, senhorita Moss — murmurou, inclinado o suficiente para que só eu ouvisse —, deixe-me esclarecer: só estou aqui para salvar a pele do meu irmão.

  Ergui o rosto para ele, e por um instante, nossa proximidade pareceu cortar o ar.

  — Não precisa mentir — respondi com calma. — Fez isso pelo dinheiro.

  Um meio sorriso curvou os lábios dele.

  — Direta. Gosto disso. Mas se quer mesmo saber, não estou interessado no seu dote, nem no seu drama familiar. Eu simplesmente prezo por uma vida confortável. — Ele inclinou o rosto, o olhar faiscando um sarcasmo preguiçoso. — E meu pai é um homem que sabe o que é cortar as asas de quem o desobedece.

  — E o amor? — perguntei, quase sem pensar. — Não faz parte do seu vocabulário?

  — Amor? — ele riu, baixo, o som mais descrente que já ouvi. — Não costumo usar palavras que não entendo.

  Dei um passo para trás, mantendo a compostura, mesmo quando ele segurou minha cintura de novo, trazendo-me de volta à dança.

  — Não se preocupe, Lilly — ele disse, num tom que soou quase gentil, mas carregado de cinismo. — Em breve você será uma mulher livre outra vez. Só precisamos fingir bem o suficiente até lá.

  A música terminou, e as palmas dos convidados ecoaram como um aplauso vazio. Eu sorri. Não por alegria, mas por orgulho — o mesmo orgulho que sempre me impediu de desabar diante de quem quer que fosse. E, por dentro, eu só conseguia pensar em uma coisa: Christopher Zabott fugira do altar, mas quem realmente me deixou sozinha foi o homem que ficou no lugar dele.

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Capítulo 5 - Consciência
Capítulo 6 - Atração
Capítulo 7 - Crepúsculo
Capítulo 8 - Mudanças
Capítulo 9 - Sinceridade
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