Mundo ficciónIniciar sesiónLilly só queria salvar a família. James só queria viver. O que era para ser um casamento perfeito, virou um caos. Lilly é abandonada no altar e obrigada a se casar com James, seu cunhado. Os dois, que não são nada compatíveis, tentam sobreviver no mesmo teto, enquanto Christopher, o noivo, tenta recuperar a mulher, a sua prometida.
Leer másLilly Nunca pensei que o som dos sinos pudesse soar tão frio. Eles ecoavam pelo pátio da igreja como se zombassem de mim — um lembrete doloroso de que a cerimônia começaria em poucos minutos, e eu, vestida de branco, estava prestes a me tornar a esposa de um homem que mal conhecia.
O vestido era pesado, o tule arranhava meus braços a cada movimento, e o perfume das flores misturava-se ao cheiro doce e sufocante do nervosismo. Minha mãe andava de um lado para o outro na entrada da igreja, o celular colado ao ouvido, os dedos trêmulos tentando manter a compostura que sempre fora sua marca registrada. — Ele ainda não chegou — ela disse, a voz embargada, como se dissesse aquilo a si mesma. Por um instante, não entendi. Pisquei, devagar.Lilly Eu fiquei alguns minutos parada no centro do quarto, com a toalha enrolada no corpo e o cabelo ainda pingando, como se a vida tivesse me dado um pause involuntário. O silêncio do quarto era tão espesso que parecia ter peso. Era bom não ouvir a voz do James por perto, não sentir aquela energia confusa dele esbarrando na minha, mas a ausência dele também criava um vazio estranho, como se eu estivesse numa casa grande demais, onde os passos ecoavam dentro da minha cabeça. Não sabia o que fazer com aquilo. Nem com a mim mesma. A verdade é que eu queria ir embora. Sumir naquele mesmo instante, pegar um voo, atravessar o oceano e me enfiar debaixo das minhas cobertas em São Francisco, com meus livros empilhados na cabeceira e minha rotina certinha esperando por mim. Eu queria ser a garota de sempre, a que passava o sábado inteiro escrevendo artigos da universidade, a que fazia planos, listas, cronogramas e nunca surpreendia ninguém — nem a si mesma. Mas eu tinha prometido um a
James Pisar fora do quarto devia ter sido um alívio, mas o ar noturno bateu no meu rosto como se estivesse jogando na minha cara a besteira que eu estava fazendo. Mesmo assim, desligar o celular depois daquela ligação me deixara quase… grato. Uma rota de fuga, alguém pra encontrar, qualquer coisa que me tirasse daquela tensão absurda que era dividir um quarto — e uma maldita lua de mel — com a Lilly. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo comigo, só sabia que quanto mais tempo eu passava perto dela, mais minha cabeça rodava. E eu não sou de perder o rumo. Nunca fui. Suspirei pesado e me virei para dentro do quarto, e aí quase perdi o ar todo de uma vez. Ela estava lá, ainda com o vapor do banho agarrado à pele, só de toalha, o cabelo úmido escorrendo pelas costas como se tivesse sido pintado ali na minha frente. A visão me acertou tão forte que precisei desviar o olhar rápido, fingindo que nada demais estava acontecendo, como se meu corpo não estivesse prestes a fazer grev
Lilly O vento da tarde soprou contra meu rosto e, por um instante, senti como se o mundo estivesse do lado de fora do meu corpo, observando junto comigo o que estava acontecendo ali. Eu não sabia o que estava mudando entre mim e James — mas algo estava. Era uma tensão fina, quase invisível, como o fio de uma teia que você só percebe quando encosta sem querer. E eu estava encostando, mesmo tentando evitar. Não era o tipo de coisa que eu queria sentir. Não com ele. Na verdade… não com ninguém, naquele momento. Eu nunca quis estar ali, nunca quis esse casamento, nunca quis que a minha vida fosse conduzida por expectativas alheias. E muito menos queria que, por algum motivo torto, James Zabott começasse a ocupar espaço demais na minha cabeça. Principalmente porque ele era exatamente tudo o que eu sempre evitei. Ele tem aquela beleza que quase irrita — o tipo de beleza que parece que foi feita pra dar problemas. É charmoso, desajeitadamente sedutor, e, o pior, sabe disso. Ele se mo
James O mar estava tão azul que parecia ter sido pintado à mão, mas nada ali puxava meus olhos tanto quanto ela. Lilly sentada na minha frente, com o vestido leve batendo no vento, parecia deslocada naquele cenário — não porque não combinasse. Pelo contrário. Ela tinha aquele jeito de quem nasceu pra ser admirada sem se esforçar. O problema é que ela parecia completamente imune ao efeito que causava. E imune a mim. O restaurante era um dos mais badalados, com garçons que tratam turistas como peças de museu e gente rica que finge que não está olhando o prato do outro. E mesmo assim, quando eu cheguei com Lilly, os olhares femininos começaram a pipocar. Sempre acontece. Faz parte do show. Eu sorria, acenava, cumprimentava; educação, charme… chamem como quiser. Mas quando eu olhava de volta pra Lilly, ela estava ali: reta, tranquila, impassível. Era como fazer truque de mágica pra alguém que já sabe de onde sai o coelho. Havia algo nela que dava coceira na minha cabeça. Ela não r
Lilly A manhã parecia ter ganhado uma textura diferente depois do café. Não exatamente mais leve, mas definitivamente mais clara — como se os contornos da situação finalmente se mostrassem, ainda que eu quisesse continuar fingindo que não via metade deles. James pediu um carro no hotel e, em poucos minutos, já estávamos seguindo pela costa italiana, com o mar de um azul indecente à esquerda e as casas coloridas comprimidas entre penhascos à direita. Ele dirigia com uma confiança irritante, como se aquele lugar fosse a sua segunda pele, e não apenas um destino de lua de mel forçada. — Já estive aqui algumas vezes — comentou, com a janela aberta, os cabelos bagunçando ao vento. — É um dos poucos lugares que me fazem querer ficar… por algumas horas, pelo menos. A forma como ele disse aquilo, natural, quase casual, fez meu estômago se contrair. Havia algo profundamente livre em James, algo que eu não sabia se queria admirar ou temer. Paramos em uma pequena vila de ruas e
Lilly Passei a maior parte da noite acordada, revirando na cama improvisada, como quem tenta fugir de pensamentos que insistem em grudar na cabeça. O quarto estava mergulhado em silêncio, exceto pelo som compassado da respiração de James na cama ao lado. Ele dormia profundamente, com o rosto relaxado, os lábios entreabertos e um ar tranquilo que me irritava um pouco — como se nada tivesse acontecido, como se não estivéssemos presos numa situação completamente absurda. Quando o sol começou a se infiltrar pelas frestas da cortina, tingindo o quarto de um dourado suave, eu já estava desperta há horas. Rolei para o lado e fiquei observando-o por alguns segundos, sem querer, tentando entender que tipo de homem dormia ali, tão próximo, e também tão distante. Ele parecia alheio a tudo — à confusão, ao casamento forçado, a mim. Tive vontade de rir, e de chorar também. Como alguém podia parecer tão indiferente diante de algo tão surreal? Suspirei e me sentei na cama, abraçando os joelh





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