O corredor era estreito demais para dois egos tão grandes e dois corpos que já se sabiam. Mesmo sem terem se tocado.
Anyellen vinha com uma pasta contra o peito, andando rápido, sem olhar para os lados, quando deu de cara com a figura parada no meio do caminho.
— Licença.
Disse, olhando para o chão, tentando manter o passo.
Miguel não se mexeu. Só ergueu o queixo, observando-a como se analisasse uma obra de arte feita para provocar tormento. Ou prazer.
— Você sempre anda assim? Como se fugisse de algo?
Ela ergueu os olhos devagar. E odiou o fato de sua pele arrepiar só de ouvir aquela voz. Baixa. Quente. Insolente.
— Eu não fujo.
Respondeu seca.
— Eu trabalho.
— E eu atrapalho?
— Sempre.
Ele sorriu de lado, mas não saiu do lugar.
Ela tentou desviar, passando pelo canto estreito do corredor. E foi aí que aconteceu: o quase toque.
O ombro dele quase roçou o dela. Quase. E mesmo assim, ela sentiu. A pele reagiu. O corpo se alertou. Como se aquele “quase” fosse mais poderoso que qualquer