Mundo ficciónIniciar sesiónNo Complexo da Penha, ele é a lei. Bruno Kaio — ou só B.K — é o nome que silencia conversas e faz corações dispararem. Dono do morro, rei do tráfico, homem que nunca amou. Frio, sujo de poder, cercado por drogas, armas e mulheres que se jogam pelo sabor do perigo. Amar? Isso ele não conhece. Ele só precisa gozar... e dominar. Até que ela aparece. Priscila fugiu de um relacionamento abusivo e jurou nunca mais entregar seu corpo — nem sua alma. Marcada por traumas, chega à Penha para recomeçar ao lado da irmã mais velha, casada com um dos homens de confiança do próprio B.K. Ela quer paz. Ele quer posse. Ignorando o medo e o desejo, ela o enfrenta. E pela primeira vez, o dono do morro se vê desarmado por uma mulher. Entre fuzis e paixões, começa uma guerra de vontades. Quem se rende primeiro: o coração dela... ou o dele?
Leer másA manhã nasceu abafada no Complexo. O sol batia nas lajes e refletia nas telhas de zinco, enquanto a favela já fervilhava: criançada correndo descalça, mulheres discutindo no portão, motos subindo e descendo as vielas. Mas havia algo diferente no ar. Um silêncio escondido, como se todos estivessem esperando a próxima jogada de uma partida perigosa.Priscila sentia isso no corpo. Desde o encontro com Caio, o coração parecia viver em sobressalto. Cada passo na rua era um risco, cada sombra um aviso. Mas havia também a voz de B.K. ecoando: “Então escolhe, Pri. Só não demora. Aqui, quem hesita, morre.”Ela não queria escolher. Não queria estar entre dois monstros. Mas sabia que a vida não dava pausa.Era quase meio-dia quando uma viatura da PM parou na entrada do beco principal. O giroflex desligado, mas o peso da farda falava por si só. Do carro, desceu Caio. Uniforme impecável, óculos escuros, a arma presa no coldre. Não parecia mais o homem que a espancava no escuro do quarto — parecia
A manhã nasceu cinzenta na Penha. O céu pesado parecia refletir o clima do morro, ainda marcado pelo confronto dos dias anteriores. Nos becos, o cheiro de pólvora já havia se misturado com o da comida fritando cedo, mas o silêncio denunciava: ninguém estava em paz.Priscila acordou com o coração acelerado, mesmo sem ouvir tiros. Era como se o corpo tivesse aprendido a viver em alerta. Cada batida na porta, cada passo no corredor a fazia prender a respiração.Rute a observava da cozinha.— Tu não tá dormindo direito, mana. Vai acabar ficando doente.Priscila deu de ombros, mexendo no café com desatenção.— Como é que alguém dorme aqui, Rute? Toda noite parece que o mundo vai acabar.A irmã tentou sorrir, mas o olhar era sério.— O mundo sempre acaba um pouco aqui. Mas a gente aprende a levantar e fingir que não.As palavras a atingiram fundo. Priscila queria acreditar que era forte, que estava recomeçando. Mas, no fundo, sentia-se mais prisioneira do que nunca.Mais tarde, um dos rapaz
O Complexo da Penha acordou com o gosto de pólvora ainda no ar. As paredes traziam as marcas de tiros recentes, janelas quebradas denunciavam a noite de guerra, e o silêncio dos becos dizia mais do que qualquer notícia. Não era o primeiro confronto, mas algo naquela madrugada tinha sido diferente: tinha sido pessoal.Priscila abriu os olhos devagar, o corpo ainda rígido pelo medo. A lembrança dos estampidos ecoava em sua mente, como se cada bala tivesse atravessado também sua pele. Rute estava ao seu lado, exausta, mas firme.— Dorme mais um pouco, mana. — Rute passou a mão nos cabelos dela, tentando transmitir calma. — A manhã vai ser longa.Mas Priscila não conseguiu. Levantou-se, caminhou até a janela, e viu homens armados descendo pela escadaria. Alguns riam, outros limpavam sangue que não sabiam nem de quem era. Um garoto de não mais de 17 anos carregava o fuzil maior que ele próprio, o olhar duro de quem já tinha visto mais morte do que deveria.Ela sentiu o estômago embrulhar.
A noite desceu sobre o Complexo da Penha como uma manta pesada, cobrindo cada viela e beco com sombras que pareciam vivas. O cheiro de pólvora e suor ainda pairava no ar, resultado da primeira noite de sangue, e a comunidade inteira estava em alerta. O morro respirava tensão, cada som se transformava em ameaça, cada sombra escondia perigo.Priscila estava trancada no quarto da irmã, abraçada à mochila, mas não era apenas o medo que a mantinha imóvel. Era a percepção de que aquela guerra agora a envolvia diretamente. Cada disparo da noite anterior ainda ecoava em sua cabeça. Cada grito que ela ouvira — de moradores, soldados, homens e mulheres do Complexo — parecia fundir-se ao próprio coração dela.Rute entrou silenciosa, sentando ao lado da irmã. — Pri… — começou, a voz baixa, quase sussurrada. — Hoje vai ser pior.— Eu sei — respondeu Priscila, respirando fundo. — Mas não posso mais ficar parada. Ontem eu sobrevivi, hoje não sei se consigo.Rute a segurou pelos ombros, firme. — Nã
O sol nasceu manchado de fumaça sobre o Complexo da Penha. O dia seguinte à primeira noite de sangue trouxe um silêncio pesado, cortado apenas pelos sons de sirenes distantes e passos apressados nas vielas. Carros abandonados ainda bloqueavam as ruas, marcas de tiros espalhadas pelo concreto. O morro não dormiu, e agora carregava suas cicatrizes visíveis.Priscila estava sentada no chão da sala da casa de Rute, os joelhos abraçados ao peito. A respiração ainda era irregular, e as mãos tremiam. Os sons de passos e vozes do lado de fora a mantinham alerta.— Pri… — Rute se aproximou, com o rosto pálido, olhos inchados de cansaço e medo. — Eu fui ver o que restou na quadra… parece que explodiu uma guerra de verdade.Priscila fechou os olhos, lembrando dos tiros, da correria, do cheiro de pólvora e do grito de moradores desesperados. Cada imagem martelava na mente dela.— Eu… — começou a falar, mas a voz falhou. — Eu não sei como sobrevivi àquela noite.— Tu não tava sozinha — disse Rute,
A tarde caía sobre o Complexo da Penha com um silêncio que parecia quebrar ossos. Os sons típicos do morro — risadas, crianças correndo, rádios estourando — haviam se apagado, substituídos por um clima pesado e palpável. Cada sombra parecia espreitar, cada porta rangia sob a ameaça de algo prestes a acontecer.Priscila estava no quarto, sentada na beira da cama, olhando para o chão. O coração batia tão rápido que parecia tentar atravessar o peito. As mãos trêmulas seguravam o lençol como se fosse a última âncora de segurança.— Pri... — a voz de Rute, suave, entrou no quarto. — Eu sei que tu tá pensando em fugir.— Fugir? — Priscila riu nervosa, sem humor. — Pra onde? Não tem lugar nesse morro que eu possa ir sem ser vista.Rute sentou ao lado dela, passando a mão nos ombros da irmã. — Eu sei, mana. Mas fugir não é só distância, é sobrevivência. Caio não vai desistir, B.K. não vai perdoar, e eu não quero perder nenhuma de vocês.Priscila respirou fundo. — Eu só queria que ele sumiss





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