O Complexo da Penha não dormia. As vielas sempre tinham barulho de moto, música estourando em caixas improvisadas e crianças correndo. Mas naquela noite, o silêncio era outro: carregado, pesado. O encontro de B.K. e Caio tinha espalhado tensão.
Priscila não conseguiu jantar. O estômago estava fechado, a cabeça girava com lembranças. O olhar de Caio, arrogante e possessivo. A voz de B.K., fria, quase como se tivesse decidido que a vida dela era só mais um território pra dominar.
Rute, aflita, entrou no quarto.
— Pri... tu tem que me ouvir. Esse cara não pode voltar.
— Qual deles? — Priscila respondeu com ironia amarga. — O ex ou o atual dono do morro?
Rute suspirou, sentando-se ao lado dela.
— B.K. não é teu namorado, mas ele é a lei aqui. Tu sabe que Caio mexeu com fogo. Se ele insistir, pode acabar morto.
Priscila abaixou a cabeça. A palavra morto ecoava como um presságio.
Enquanto isso, no alto do morro, B.K. estava em reunião com Fabão e mais três soldados. Um mapa do bairro aberto