Já fazia quatro dias que Priscila tinha pisado na Penha.Quatro dias de olhares cruzados, de provocações veladas, de presença sentida mesmo quando ele não estava. Porque B.K não era o tipo de homem que sumia — ele pairava. Mesmo ausente, ele se fazia sentir. Como o cheiro de pólvora depois do tiro.Naquela manhã, ela acordou com o som de moto subindo a viela. Uma voz gritando:— Ô Rute! Chegou a compra!Priscila saiu do quarto devagar, com a camiseta larga da irmã cobrindo o short. Lá fora, um moleque de uns quinze anos descarregava três sacolas cheias de alimentos: arroz, feijão, carne, leite, café, sabão em pó, bolacha.— Que isso, Rute?Rute empalideceu.— Eu… eu não pedi isso não. — respondeu, olhando o garoto.— Foi o patrão que mandou, tia. Falou que é presente de boas-vindas pra nova moradora. — disse com um sorriso debochado.— Qual patrão? — Priscila perguntou, já sabendo a resposta.O garoto fez o sinal com dois dedos no ar.— O BK, né? — e saiu sem esperar resposta.Prisci
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