Isabella viveu nas sombras — treinada para sobreviver, moldada pela dor, condenada ao silêncio. Filha de um império que jamais conheceu, a herdeira desconhecida da máfia cresceu acreditando que o amor era uma fraqueza… até Alessandro atravessar seu caminho. Entre segredos, vingança e lealdade, Isabella precisará escolher entre o sangue que a condena e o amor que a liberta. Agora, livre das correntes do passado, ela não precisa mais desaparecer para sobreviver — pode reinar ao lado do homem que transformou sua escuridão em luz. Uma história sobre poder, e o tipo de amor que desafia até o destino.
Ler maisExausta e dolorida, Skyla começou a despertar com uma dor de cabeça lancinante.
Não era apenas uma ressaca comum; era como se sua têmpora estivesse sendo punida. Cada pulsação de dor ecoava a batida frenética de seu coração. Com os cabelos castanhos espalhados e o corpo envolto em seda fria, ela moveu-se devagar, sentindo um gosto amargo na boca e o peso esmagador do arrependimento.
Ela levou a mão à cabeça, arfando levemente, tentando se lembrar da noite anterior.
O primeiro pensamento racional que conseguiu formar foi: Onde estou? O quarto era luxuoso, mas totalmente estranho.
É quando se lembrou que foi a uma festa no território neutro com suas melhores amigas Drika e Leona. Havia muitos lobisomens de várias alcateias misturados com humanos e outros seres místicos.
Todas beberam bastante e, quando se sentiu meio tonta e muito quente, ela saiu para respirar ar puro, perdendo-se das duas.
A lembrança seguinte a atingiu com um calor que não era da ressaca. Era um fogo que parecia surgir do fundo de seu útero, espalhando-se por suas coxas.
“— Tão quente... Acho que bebi demais, parece até que estou no Cio.”
Mas Skyla não entendia por que se sentia tão quente. Era como se estivesse no Cio, mas sem uma loba, era impossível.
Sim, ela não tinha uma loba. Essa era a sua dor mais profunda.
Todos receberam seus lobos antes dos dezoito anos, menos ela, que agora já tem 25 anos e é a única da Matilha da Lua Azul sem lobo. Ela era a falha genética, a aberração. Essa ausência sempre a fazia sentir-se isolada, uma casca vazia, justificando o quanto ela se agarrava à promessa de Cillion Night, o filho do Alfa, para ter alguma dignidade na alcateia.
“O que é ser a única sem a proteção de sua loba? É ser o alvo de todas as fofocas, é sentir-se incompleta,” ela pensou, a lembrança da humilhação cortando a dor de cabeça.
Ela se arrastou da cama, procurando uma janela, mas encontrou uma porta de vidro para uma varanda. Abriu-a e saiu, respirando fundo o ar da manhã, na esperança de que a brisa fria dissipasse o calor incômodo que a consumia.
O que foi seu maior erro.
Um aroma a arrebatou, cortando o ar como uma flecha quente e densa. Não era apenas agradável; era visceralmente magnético. Era o cheiro de pinho fresco e terra molhada, misturado com uma nota de poder que despertava algo desesperado e primal dentro dela, algo que ela nem sabia que existia sem sua loba.
Seu coração martelava no peito.
Ela não pensava, apenas reagia.
“— Que cheiro bom.”
Ela caminhava de volta, seguindo o rastro invisível do aroma delicioso para dentro da casa, cega para os lobisomens e humanos que ainda dançavam ou flertavam, espalhados pela piscina e pela sala. Seu corpo estava em chamas, e ela estava se sentindo cada vez mais molhada entre as pernas.
Ela caminha por entre as pessoas, não vendo ninguém à sua frente, seguindo o aroma até a escada. Ao subir, ela tropeça, vendo alguém no alto.
Ela sente o cheiro de pinho e grama virem dele e o segue escada acima, esquecendo totalmente que seu companheiro é Cillion Night, o filho do seu Alfa e seu próximo Alfa.
Apesar de ela não sentir nada por não ter uma loba, ela acredita no que Cillion lhe contou, sobre ele ser o seu companheiro. Era a sua tábua de salvação, a única maneira de fugir do inferno que era sua casa.
Ela sobe as escadas se sentindo cada vez mais molhada entre as pernas, o que a faz cruzar as pernas e se agarrar ao corrimão para não cair.
Nunca se sentiu tão excitada em sua vida, como estava agora por um estranho, apenas por sentir o seu cheiro.
Pé ante pé, seu corpo tremia ansioso, cada passo mais excitado e necessitado que o anterior. Ela podia sentir o cheiro dele, mas não podia mais vê-lo, quando ouve uma voz atrás dela, a fazendo sentir como se um raio a atravessasse.
— Por que está me seguindo?
Com a voz grave tão próxima, ele a fez estremecer e sentir as pernas cederem ao seu peso. Ele a pega pelos braços, prendendo-a contra a parede.
Agora de frente para ele, seu coração quase parou ao se deparar com os profundos olhos ambares. Eles brilhavam com uma intensidade predatória que a fez prender a respiração.
Ele a observa de cima a baixo, sentindo o cheiro de sua excitação no ar.
Desesperada, ela agarra o blazer azul marinho dele sobre o blusão preto, pedindo angustiada.
— Me... Ajuda...
Ele aperta o maxilar e olha ao redor, ciente que a música alta iria atrapalhar de chamar alguém.
E mesmo que ele pudesse chamar por sua ligação, o que ele não queria, já que seu desejo era ficar despercebido,. Ele suspira mexido pelo aroma dela.
- Você é de maior?
O corpo dela estremece novamente, a forçando a apertar ainda mais as coxas molhadas.
- Si...Sim... Te... Tenho 25.
Ela balbucia incoerente, puxando-o para si, cheirando-o e lambendo seu pescoço.
Com um suspiro ele a pega no colo, e como um piscar de olhos ela se vê caindo numa cama macia.
Seus lábios se chocam desesperados um pelo outro. Bruto ele rasga sua roupa e sua lingerie, mas Skyla não se importa, ela o queria e queria agora.
Ele arranca o blazer e a blusa jogando por aí, antes de arrancar as próprias calças, a rasgando também. Ela arfa o vendo nu, antes dele cobrir seu corpo com o corpo dele, tão quente quanto o seu.
Seu coração martelava desenfreado, enquanto ele abocanhava seus seios a fazendo gemer.
Ele a explora com as mãos, percebendo o quanto ela estava pronta para ele, o fazendo sorrir malicioso.
- Isso é por minha causa?
Incapaz de responder racionalmente, ela impõe.
- Só cala a boca e me fode!
Ele sorri malicioso.
- Como desejar.
Ele sorriu, mas o som que saiu de sua garganta era mais um rosnado grave que a fez tremer de excitação e medo. Os dentes dele brilharam por um instante no escuro.
Ele a penetrou de uma só vez, com uma brutalidade que deveria ter doído, mas que, na verdade, foi o encaixe perfeito que seu corpo vazio sempre ansiou. Um grito abafado escapou de Skyla, um misto de dor súbita e prazer avassalador.
O coração dele batia forte contra o dela, e o calor que irradiava de seu corpo era tão intenso que parecia fundi-la. Skyla perdeu a noção de onde ele terminava e ela começava. Não havia loba para sentir o laço, mas havia um instinto primitivo que gritava. “Este é seu!”
Os movimentos dele eram selvagens, descompassados, mas incrivelmente precisos. Ela agarrou seus ombros, unhas cravando na pele tensa. Ela o queria mais rápido, mais forte, desesperada para preencher o vazio que a loba ausente deixara por anos.
— É meu... – ela murmurou contra o pescoço dele, sem saber se falava de seu corpo ou daquele momento caótico.
Ele respondeu com um grunhido profundo, enterrando o rosto na curva do ombro dela. Ele a pressionou contra o colchão, forçando-a a receber cada parte dele. O mundo se resumia ao suor, à escuridão e ao cheiro inebriante que agora estava impregnado em sua pele.
Em meio ao clímax violento, Skyla sentiu uma pressão repentina e agonizante em seu pescoço. Não era um beijo ou uma mordida suave de possessão; era uma dor aguda, seguida por uma onda de eletricidade escaldante que se espalhou como fogo líquido por seu corpo.
Ele a estava marcando.
Seus olhos azuis se arregalaram em choque, e um soluço cortou sua garganta. A mordida foi profunda, possessiva, final. O corpo de Skyla se curvou, atingida por uma onda de prazer tão forte que quase a fez desmaiar. Era a prova física e visceral de um laço que a Deusa da Lua havia traçado para ela.
Ele finalizou com um grito gutural, seu corpo caindo pesado sobre o dela. A marca pulsava com um calor intenso, a dor lentamente se transformando em uma queimação deliciosa e poderosa.
Lembrando de tudo, Skyla abriu os olhos, piscando contra a pouca luz que entrava. O cheiro de pinho e a bagunça ao redor confirmavam a loucura. Ela olhou para o lado, encontrando-o adormecido. Ele era ainda mais impressionante em repouso, o corpo musculoso relaxado, coberto apenas até a cintura por um lençol amassado.
“- O que foi que eu fiz?”
O pânico subiu pela sua garganta como bile. Ela traiu Cillion, seu futuro, sua única chance do inferno que era sua vida, acabava de ir para o espaço.
Ela tentou se mover lentamente, mas a dor a atingiu. Não era a dor da brutalidade; era a dor da queimação controlada em seu pescoço.
Com as mãos trêmulas, Skyla levou os dedos ao ponto dolorido. A pele estava quente, pulsante e ligeiramente inchada. O toque fez seu estômago revirar. Não havia dúvida: ele a tinha marcado.
A marca. A prova definitiva.
ALESSANDRO O som dos monitores cardíacos ainda ecoava dentro da minha cabeça quando deixei o quarto.Cada bip parecia um lembrete cruel de que a vida de Isabella pendia por um fio — e que eu estava impotente.Antes de sair, deixei minhas ordens:— Dois na porta, dois no corredor. Ninguém entra sem minha permissão. Se alguém insistir, atirem primeiro e expliquem depois.Os seguranças assentiram.Mesmo assim, olhei uma última vez para a porta do quarto — ela estava lá dentro, frágil, lutando.E mesmo inconsciente, eu sabia que lutava como sempre fez: em silêncio, contra o impossível."Eu sobrevivo."As palavras dela me rasgavam por dentro.Mas eu não queria mais que ela sobrevivesse.Queria que vivesse.…A mansão D’Amato parecia um mausoléu quando cheguei.As luzes estavam baixas, o ar pesado de segredos e culpa.Donatella me esperava na biblioteca, o olhar fixo num ponto vazio, uma taça intocada nas mãos trêmulas.Fechei a porta.— Quero respostas. — disse, a voz controlada, gelada.
ISABELLA A madrugada era silenciosa, interrompida apenas pelo som do monitor cardíaco e o tic-tac do relógio.Alessandro dormia sentado ao lado da minha cama, os dedos entrelaçados nos meus, como se tivesse medo que eu desaparecesse se soltasse.Fiquei observando o rosto dele.Tão calmo quando dormia… tão diferente do homem que o mundo via.Mas eu sabia o que se escondia por trás daquela calma.Medo.O mesmo medo que eu sempre carreguei — de perder o controle, de falhar, de amar alguém o bastante para ter algo a perder.Respirei fundo, tentando reunir forças.— Alessandro… — sussurrei.Ele despertou num segundo, os olhos alertas, como se tivesse dormido de ouvido aberto.— Isabella…? Está tudo bem?Assenti devagar.— Está. Só… quero te contar uma coisa.Ele se aproximou, ainda com o olhar preocupado.— Não precisa agora, amor. Você precisa descansar.— Preciso que você entenda quem está ao seu lado — interrompi, com a voz rouca. — Porque o que fizeram comigo… é parte do que eu sou.O
ISABELLA Os dias após a cerimônia pareciam uma sequência de ecos. A cada manhã, eu me levantava tentando entender o que significava ser esposa. A palavra soava pesada — como uma missão que não pedi, mas aceitei. Alessandro tentava me poupar, mas eu via a tensão em seus olhos cada vez que o nome “Rostova” surgia nas conversas veladas do conselho. Mesmo assim, havia algo diferente nele… Algo que me fazia querer lutar de outro modo. Naquela manhã, pedi para ver o padrinho. — Preciso vê-lo — insisti. — Antes que tudo mude de novo. Alessandro hesitou, mas acabou me levando. O hospital cheirava a éter e lembranças. Olhar para aquele homem, imóvel, que um dia foi a força da Camorra, me fez pensar em tudo que a guerra entre famílias destruiu. E por um instante, senti que algo dentro de mim começava a quebrar — o corpo, o coração, ou talvez os dois. A tontura veio primeiro. Depois, a dor — uma pressão esmagadora no peito. Tentei avisar Alessandro, mas a voz não saiu. O chão se in
ALESSANDRO O salão estava silencioso, mas carregado de tensão. Cada olhar dos conselheiros, familiares e aliados de Dom Ricardo pesava, avaliava e calculava movimentos. Não era apenas um casamento; era estratégia, poder e proteção.Eu estava de pé, rígido, controlando cada músculo, cada expressão. Mas meus olhos não desgrudavam da porta, esperando por ela. Talvez uma parte de mim temendo que ela tivesse desistido.E então, Isabella entrou.O capuz preto que a escondia nas sombras havia desaparecido. Cada passo que ela dava era firme, mas elegante; cada movimento carregava a presença da guerreira que conheci, que me salvou, que enfrentou inimigos e a própria morte.Mas agora… ela parecia uma fada.O vestido branco flutuava delicadamente ao redor dela, quase leve demais para o corpo treinado que eu conhecia tão bem. Seus olhos — atentos, vigilantes, desconfiados — se fixaram nos meus. Eu engoli em seco. Por um instante, tudo mais desapareceu: os conselheiros, a política, os riscos. Só
ALESSANDRO Entro na mansão e encontro Isabella no salão principal, ainda pálida, os ombros tensos e os olhos atentos a cada gesto meu. Ela me observa, desconfiada, como se cada palavra fosse uma armadilha.— Alessandro… — diz, cruzando os braços, a voz firme, mas com algo por trás que não consigo definir — você não vai me transformar em refém do seu poder, certo?— Não, Isa. — respondo, aproximando-me devagar, medindo cada palavra — Não é sobre poder. É sobre segurança. Sobre você e o bebê.Ela franze o cenho, respirando fundo, e por um instante algo muda no olhar: há desconfiança, sim, mas também… um fio de compreensão que a minha proposta desperta.— E qual é exatamente o seu plano? — pergunta, a dureza retornando à voz, mas com menos rigidez — Porque eu não sou só um troféu para proteção política.— Não será — afirmo, firme — Esta união é para garantir que ninguém possa usar você ou a criança como moeda de troca. Mas a decisão é sua. Eu apenas proponho uma forma de proteção que ni
ALESSANDRO O quarto do hospital estava frio e silencioso.Monitores bipavam ritmicamente, cada som um lembrete da fragilidade e da força que coexistem ali. Meu pai, Riccardo, repousava inconsciente, preso entre a vida e a borda da morte, cercado por fios e máquinas que regulavam cada respiração. A visão dele sempre trouxe respeito e medo, mas hoje carregava uma urgência nova — um fardo que só eu podia carregar.Pisei devagar, cada passo calculado. Falar com ele era um gesto de dever e promessa, mesmo que ele não pudesse ouvir.— Pai… — comecei, a voz baixa, firme — Eu encontrei seu segredo, Isabella… ela está viva. Sobreviveu a tudo. E não apenas isso… ela está grávida.A palavra saiu dura, quase impossível de pronunciar. A responsabilidade que carregava não era apenas minha, mas também de todo o sangue da família. Ela não é apenas filha de Donatella e de Viktor Rostova, mas agora carrega o meu sangue, o nosso legado.Sentei-me à bei
Último capítulo