Ele é o rei da máfia. Ela, a assistente do inimigo. Quando o destino os colocou frente a frente, só havia duas saídas: se destruírem... ou se renderem. Luna Santiago sempre viveu à sombra do perigo, trabalhando como assistente de um dos maiores chefes da máfia da cidade. Inteligente, discreta e leal, ela sabia seguir ordens — até ser sequestrada por Dante Moretti, o homem mais temido do submundo. Dante não confia em ninguém. Frio, impiedoso e movido por vingança, ele enxerga Luna como uma ferramenta para acabar com seu maior rival. Mas o que começa como uma estratégia se transforma rapidamente em um jogo perigoso de desejo, controle e sentimentos proibidos. Ela não deveria se apaixonar por ele. Ele não deveria tocá-la. Mas algumas regras foram feitas para serem quebradas — especialmente quando o coração começa a bater mais alto que o ódio. Se prepare para uma montanha-russa de emoções, reviravoltas, cenas quentes e um amor que desafia todas as regras. Perigoso. Intenso. Irresistível.
Ler maisLuna
Trabalhar para um mafioso nunca foi parte do meu plano de vida, mas planos mudam quando a sobrevivência fala mais alto que a moral. E eu sobrevivo. Sempre. Meu pai dizia que a vida era como um jogo de xadrez. Você não precisa ser a rainha, só precisa saber quando mover suas peças. E eu vinha movendo as minhas com cuidado, desde o dia em que entrei no escritório de Marcelo Rivas: olhos baixos, ouvidos atentos, boca calada. Marcelo era exigente, imprevisível, mas ele confiava em mim. O suficiente para me manter por perto, o suficiente para me fazer sentir indispensável.
O relógio marcava 20h47 quando deixei minha mesa, já com os sapatos nas mãos, e segui pelos corredores silenciosos do prédio. Era tarde demais para estar ali, mas um relatório urgente precisava ser entregue antes da reunião da manhã seguinte. A cidade do lado de fora parecia quieta, mas São Paulo nunca dorme de verdade. Sempre há alguém observando, esperando, tramando. E naquela noite, senti isso mais do que nunca. Ao abrir a porta do escritório de Marcelo sem bater, um hábito adquirido depois de tantos meses, percebi de imediato que algo estava errado. O ambiente estava escuro, silencioso demais, com um ar denso que parecia pesar sobre meus ombros. Minhas mãos apertaram a pasta com mais força enquanto dava um passo hesitante para dentro.
Foi quando senti o arrepio na nuca. Um frio repentino percorreu minha espinha e meu corpo ficou em alerta. Virei devagar e o vi ali: um homem alto, de terno escuro impecável, parado junto à estante de livros, envolto pelas sombras como se fizesse parte delas. Seu olhar era intenso, afiado, escuro como a noite sem lua. E ele me observava com uma calma tão absoluta que me fez estremecer. Aquela presença não precisava de gritos, armas ou ameaças. Ele era a ameaça. E ele sabia disso.
— Luna Santiago? — ele perguntou, a voz rouca e grave.
O som do meu nome em sua boca me fez congelar. Eu conhecia aquele homem, mesmo sem reconhecer o rosto. Os sussurros nos bastidores, os arquivos confidenciais, as conversas abafadas ao telefone. Dante Moretti. O nome que fazia os homens de Marcelo empalidecerem. O inimigo. O fantasma do outro lado da guerra. A última pessoa que qualquer funcionário de Rivas esperaria encontrar.
— Quem é você? — perguntei, e não reconheci minha própria voz. Firme, desafiadora, mesmo com meu coração prestes a saltar pela boca.
Ele sorriu de canto, como quem se diverte com o fato de eu ainda fazer perguntas.
— Não se preocupe, Bella. Logo você vai descobrir.
Foi tudo o que disse antes de dar um passo à frente, e antes que eu pudesse me afastar, algo — alguém — surgiu atrás de mim. Um braço forte me agarrou pela cintura, me puxando com brutalidade. A pasta caiu no chão com um baque surdo, e um pano abafou meu grito. Lutei, chutei, tentei morder, mas não tive chance. Dois contra um, e eles sabiam exatamente como me neutralizar sem deixar rastros.
O corredor girou, as luzes tremeluziram, e a última coisa que vi antes de tudo escurecer foram os olhos de Dante, frios, decididos, intensos como o próprio inferno.
Quando despertei, não senti concreto ou sujeira sob meu corpo, mas sim lençóis macios, um colchão confortável, e o cheiro sutil de couro misturado a um perfume amadeirado e quente. Abri os olhos com dificuldade, piscando contra a luz suave que entrava pelas frestas da janela coberta por cortinas pesadas. Meus pulsos estavam presos, mas não por algemas. Fitas de veludo envolviam meus braços, firmes o bastante para me manter imobilizada, suaves o suficiente para parecerem um toque íntimo, quase... cuidadoso.
Estava em um quarto que mais parecia uma suíte de hotel de luxo. Cada detalhe gritava sofisticação: a madeira escura dos móveis, o tapete grosso sob os pés da cama, as luminárias de vidro, os quadros nas paredes. Nada de câmeras, nada de sangue. Nada do que se esperaria de um cativeiro de máfia. Mas o perigo estava ali, vivo, observando.
Dante estava sentado em uma poltrona próxima à cama, as pernas cruzadas, a camisa social desabotoada no colarinho e as mangas arregaçadas até os antebraços. Ele me observava como se eu fosse uma obra de arte que ele ainda decidia se valia a pena roubar ou destruir. Seus olhos eram impassíveis, mas havia algo neles... uma faísca estranha. Curiosidade? Interesse?
— Onde eu estou? — perguntei, com a garganta seca.
— Em segurança — respondeu ele, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Você me sequestrou — acusei, tentando sentar, mas ele apenas inclinou a cabeça, como quem se diverte com a obviedade.
— Eu te salvei. — Ele se levantou, caminhando até o bar no canto do quarto. Serviu dois dedos de uísque em um copo e tomou um gole antes de continuar. — Marcelo Rivas está morto, Luna.
Minha mente não processou de imediato. Era como se ele tivesse dito algo absurdo. Incrível demais. Impossível.
— Mentira.
— Verdade. O prédio onde você estava vai virar cinzas até o amanhecer. E todos que estavam lá dentro com ele... bem, nenhum deles vai contar o que aconteceu. Mas você, Luna, você saiu viva.
— Por quê?
— Porque você é inteligente. E porque eu estava lá.
Ele voltou a se aproximar, ficando ao lado da cama, perto demais. Podia sentir o calor do corpo dele, o cheiro marcante, a eletricidade que parecia vir de cada gesto. Ele era o tipo de homem que fazia a respiração vacilar mesmo quando tudo em você gritava perigo.
— Você sabe muito mais do que parece — continuou ele. — Acesso a informações, contratos, códigos. E, além disso...
Ele se inclinou, a voz abaixando até virar quase um sussurro.
— Eu queria te ver de perto.
Aquilo me fez prender a respiração. Não era uma ameaça. Era uma confissão. Um aviso. Um desejo.
— E se eu não colaborar? — perguntei, ainda tentando manter o controle, ainda agarrada à ideia de que eu poderia, de alguma forma, sair daquela situação com dignidade.
O sorriso dele sumiu, e o olhar se tornou mais sério, mais sombrio.
— Então vai descobrir o que acontece com quem desafia Dante Moretti. — Ele me observou por mais um momento e acrescentou, mais baixo: — Mas algo me diz que você não é do tipo que quebra fácil.
Aquela frase ficou ecoando em mim, enquanto ele se afastava, deixando um silêncio carregado de promessas. Eu ainda não sabia como, mas alguma coisa me dizia que aquele sequestro era só o início. E que, por mais que tentasse resistir, algo em mim já estava quebrando.
Naquela noite, perdi a liberdade.
Mas sem saber... comecei a perder muito mais do que isso.
EpílogoMarianaO dia começava com barulho, como sempre. Risadas, passos desajeitados, brinquedos sendo arrastados pela casa e dois pares de pés descalços correndo de um lado para o outro como se o mundo estivesse em chamas — ou prestes a virar uma aventura épica.— Mãe, ele pegou meu dinossauro! — Mãe, ela começou primeiro!Suspirei com a xícara de café na mão, encostada na bancada da cozinha, vendo a cena se desenrolar como uma peça que eu já sabia de cor. Mesmo assim, ainda era meu espetáculo favorito. A familiaridade da rotina me aquecia mais do que a bebida quente entre os dedos.Henrique apareceu com o avental sujo de farinha e dois pães de queijo recém-saídos do forno, o cheiro se espalhando pela cozinha como um abraço.— Tentei negociar uma trégua, mas falhei — disse ele, entregando os lanches para os gêmeos, que logo esqueceram a briga. Com comida envolvida, tudo ficava mais fácil.— Você é melhor em análise literária do que em tratados de paz — brinquei.— Culpa sua. Fui me
Capítulo 31MarianaChegamos ao prédio de Luna com uma sobremesa improvisada na sacola e uma pontinha de nervosismo escondida entre os gestos. Henrique segurava minha mão enquanto esperávamos o elevador, e meu coração dançava entre tranquilidade e antecipação.— Está tudo bem? — ele perguntou, ajeitando a gola da camisa. Tinha colocado uma azul clara, a mesma que usou no nosso último dia de aula. Parecia um presságio bom.— Um pouco nervosa. Mas tudo bem. Eles são só... minha família. Só isso.— E você já é minha casa. Então, tudo certo.Eu sorri. Aquilo bastava.Quando a porta se abriu, Enzo foi o primeiro a nos receber. Cambaleava no meio do corredor com o rosto lambuzado de chocolate e um pedaço de biscoito na mão.— Mana! — ele gritou, correndo até mim.Ajoelhei para recebê-lo no colo. Ele me abraçou com força, depois olhou curioso para Henrique.— É ele?— Ele quem? — Henrique entrou na brincadeira, se abaixando também.— O moço da lasanha.— O próprio.— Você trouxe suco?Rimos
Capítulo 30MarianaO último dia de aula chegou silencioso, como quem não quer fazer alarde do fim, mas apenas abrir espaço para o que vem depois. A manhã estava nublada, e o vento fresco atravessava os corredores da faculdade. Havia uma quietude diferente no ar — uma mistura de alívio e expectativa que pairava sobre todos nós.Entrei na sala com meu caderno de anotações e um livro embaixo do braço. O semestre tinha sido longo. Não só em conteúdo, mas em tudo que me atravessou desde que resolvi começar do zero. Meu lugar na sala já parecia familiar, quase um refúgio. Sentei na mesma carteira de sempre, perto da janela, onde eu podia ver as folhas se movendo lá fora como se o mundo sussurrasse que eu estava no caminho certo.Henrique entrou pouco depois. Usava uma camisa azul clara, arremangada nos cotovelos, e o cabelo parecia levemente bagunçado, o que me fez sorrir sem querer. Carregava uma pilha de papéis e alguns livros. Quando nossos olhos se encontraram, ele me ofereceu um sorri
Capítulo 29MarianaMeus passos ecoavam no corredor da faculdade com a mesma certeza que vinha crescendo dentro de mim nos últimos dias. Eu não era mais a mesma Mariana que começou aquele semestre. E Gabriel… ele ia aprender isso da maneira mais clara possível.Na noite anterior, após conversar com Henrique, algo mudou em mim. Não era só raiva, embora ela existisse, era a consciência de que ninguém mais teria o direito de atravessar os meus limites. Não importava se era colega, professor, familiar. Eu estava aprendendo, com dor, a me proteger. E isso significava não calar diante de abusos disfarçados de "elogios" ou "intenção".Quando cheguei à sala, ele já estava lá. Sentado, relaxado, a postura de quem se sente confortável demais no próprio espaço. O olhar dele me encontrou, e o sorriso veio — aquele que antes eu achava apenas presunçoso, mas que agora me parecia uma armadura de cinismo.Sentei duas fileiras à frente, ignorando-o completamente. Mas ele não desistiria tão fácil. Não
Capítulo 28MarianaO corredor da faculdade parecia mais apertado naquele dia. Talvez fosse o calor, talvez fosse só a sensação de algo prestes a desabar. Meus passos estavam firmes, decididos, como se eu pudesse convencer meu corpo de que nada me abalava. Mas lá dentro… um incômodo se formava, pulsando.Passei pelo bebedouro, ajeitei a alça da mochila no ombro e virei à direita, em direção à sala. Foi quando o vi. Gabriel.Ele estava encostado na parede, o celular na mão, mas os olhos em mim. Assim que me aproximei, ele se endireitou com um sorriso que me pareceu forçado.— Mariana — chamou, como se fossemos velhos amigos.Respirei fundo. Tentei manter a civilidade.— Oi, Gabriel.— Estava te esperando.— Esperando?— Queria conversar. Você saiu meio apressada aquele dia. Nem me deixou terminar o que eu queria dizer.Cruzei os braços, sentindo a impaciência subir pela espinha.— Eu achei que tinha deixado claro. Não estou interessada, Gabriel.Ele riu, um som curto, arrogante.— Ache
Capítulo 27 Mariana Depois da noite anterior com Henrique, eu me sentia estranhamente leve, como se a presença dele tivesse dissolvido parte da ansiedade que costumava me acompanhar nos últimos meses. Entrei na sala com alguns minutos de antecedência, ajeitei meus cadernos e me sentei perto da janela. Era uma turma menor, aula optativa de literatura contemporânea. Henrique ainda não tinha chegado — geralmente, ele aparecia poucos minutos antes de começar, com seu jeito calmo e elegante, carregando livros como se eles fizessem parte do corpo dele. Enquanto rabiscava uma ideia para um texto, alguém sentou-se na cadeira ao lado. Olhei de relance e vi Gabriel — um aluno do mesmo curso que eu, que já tinha conversado comigo algumas vezes, mas sempre de forma casual. — Oi, Mariana — ele disse, com um sorriso fácil. — Você tá bem hoje? — Tô sim. E você? — Melhor agora. — Ele piscou, e eu senti um leve desconforto. Ri, tentando disfarçar. — Legal. — Pensei em te chamar pra
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