CAPITULO 7

ISABELLA

O vento trazia um cheiro estranho naquela noite.

Não era chuva, nem fogo.

Era o cheiro de metal, de roupas pesadas, de homens que se moviam com cautela.

Meu instinto gritou antes mesmo de meus olhos perceberem:

Eles estão aqui.

Levi.

E alguns dos homens mais leais a Alessandro.

Não eram tantos. Não ainda.

Mas era o suficiente para que minha sombra fosse detectada.

Respirei fundo, tentando ouvir além do barulho das árvores.

Eles não sabiam o que enfrentavam.

Mas também não sabiam que eu estava pronta.

O coração disparado, mas a mente fria, corri pela trilha que conhecia desde pequena.

Cada passo calculado, cada galho quebrado ou folha amassada, um alerta silencioso.

Eles rastreavam, seguiam sinais que eu sabia apagar.

Mas o instinto deles, a determinação deles… não podia subestimar.

Não podia lutar contra a Camorra — não diretamente.

Mas podia me mover. E sobreviver.

A floresta é minha aliada.

O silêncio, meu escudo.

O medo, meu guia.

Quando alcancei a cabana, meu corpo latejava, mas não por fadiga.

Era adrenalina.

Era necessidade.

Donatella estava lá.

No meio de mapas espalhados, fotos, registros — rastreando pistas sobre o atentado a Dom Riccardo.

Ela não olhou para mim de imediato.

O olhar dela estava preso a algo muito mais sério.

— “Mamãe…” — comecei, a voz baixa, quase engasgada. — “Eles… Levi… Alessandro enviou homens. Estão rastreando… eu sinto. Eles sabem… sabem sobre mim.”

Ela se levantou devagar.

O olhar de guerreira retornou, implacável.

— “Mostre-me onde eles podem nos ver.”

Caminhei até a porta e apontei para a direção da trilha que eles poderiam usar.

Ela inclinou a cabeça, calculando.

— “Rostova.” — murmurou, para si mesma, baixinho. — “Isso está ficando maior do que pensei. Maior do que eu gostaria”

— “Eles estão atrás de mim.” — confirmei. — “Acho que Alessandro quer me encontrar antes que Viktor tenha chance.”

Donatella respirou fundo, os punhos cerrados.

— “Então é hora de nos movermos. Não podemos esperar que eles venham até nós.”

— “Eles são poucos,” — comentei, tentando medir a situação. — “Podemos despistá-los… por agora.”

— “Não é apenas por agora, Isabella.” — Ela me cortou, firme. — “É por sempre. Sempre que alguém souber onde você está, será caçada. É por isso que você treinou tanto. E é por isso que deve confiar em mim, sempre.”

Senti o peso das palavras.

A adrenalina ainda queimava minhas veias, mas havia também conforto.

Por mais que o mundo inteiro quisesse me reduzir a um alvo, Donatella ainda era meu escudo.

— “Vamos partir então,” — disse ela, já coletando armas, mapas e suprimentos. — “Rastros limpos. Sem confrontos. Sobrevivência em primeiro lugar, não precisamos disso agora"

Concordei silenciosa, ajustando o arco nas costas, a adaga presa à cintura e pegando a minha mochila pequena, sem história.

A floresta à nossa volta parecia respirar conosco, cúmplice do nosso segredo.

Naquela noite, Isabella Moretti não era apenas filha de uma espiã.

Ela era sombra.

E, como sempre, a luz de Donatella atrás dela a mantinha viva.

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