ISABELLA
A briga começou como teatro calculado — intenso, convincente, porém absolutamente controlado. Donatella gravava escondida, mãos firmes, câmera tremendo só o suficiente para parecer clandestina. Eu sentia o coração acelerar, não por medo, mas porque cada palavra, cada gesto, era uma peça afiada do plano.
— Você acha mesmo que pode me dar ordens, Alessandro? — eu gritei, voz cortante.
Ele avançou, encarnando a fúria combinada. — Ordens? Tento apenas evitar que você se arrisque por orgulho!
— Orgulho que me manteve viva quando juramentos e alianças falharam — rebati. As palavras soavam cruas, críveis.
Alessandro empurrou a mesa, papéis voaram; eu saí com passos que soavam como sentenças. Donatella fingiu desligar a câmera. No corredor, quando ele me puxou de volta, o beijo que deu não era cumplice do teatro: era promessa.
— Até a linha de chegada, — murmurou ele contra os meus lábios.
— Até a linha de chegada, — respondi, e parti para a floresta, pés descalços, arco nas costas,