Maitê Ferreira cresceu entre becos, tiros e segredos que ninguém ousava mencionar. Filha do temido líder do Complexo do Alemão — ou pelo menos é isso que todos acreditam — ela sempre soube que havia algo errado na forma como era tratada. Após a morte brutal do irmão gêmeo durante uma operação policial, ela deixou tudo para trás… mas o morro nunca esquece os seus. Quatro anos depois, ela retorna com feridas que ainda sangram e um passado que insiste em assombrá-la. O que Maitê não esperava era descobrir que sua verdadeira origem é muito mais perigosa do que imaginava. Filha de um assassino lendário do Comando e sobrinha do próprio homem que a criou como inimiga, Maitê se vê no centro de uma guerra não apenas de poder, mas de identidade. Enquanto busca justiça e tenta reconstruir quem é de verdade, ela precisa lidar com traições, alianças inesperadas e um amor que surge em meio ao caos — tudo isso enquanto descobre que, no morro, a verdade tem um preço… e, às vezes, pode matar.
Ler maisNotas da autora ✍️
Todos nós temos nossos próprios monstros. Alguns conseguem domá-los com o tempo. Outros, apenas os escondem. Mas poucos têm alguém que os ajude a enfrentá-los. Então me diz: você tem alguém que te tire da escuridão? Tem alguém que segure sua mão quando tudo parece ruir? Se sua resposta for sim, você é mais afortunado do que imagina. Mas se for não, saiba que eu estou aqui. Meu W******p está aberto. Sinta-se acolhido. Às vezes, um desabafo salva uma vida. Narrado por Maitê Meu nome é Maitê Ferreira, filha do King — o homem mais temido do Complexo do Alemão. Cresci cercada por muralhas invisíveis: poder, violência, silêncio. O morro nunca foi só um lugar para mim, foi prisão e lar. Viver sob o mesmo teto que a esposa do meu pai era como caminhar sobre cacos de vidro. Mas havia algo que amenizava a dor: meu irmão gêmeo, Viktor. Ou como todos o conheciam por aqui, VT. Éramos cinco irmãos, mas apenas ele e eu compartilhávamos o mesmo sangue e a mesma marca do erro. Os outros três — Lui, Larissa e Talita — eram filhos legítimos da esposa do King. Crescer ao lado deles era como viver em um campo minado. Lui, o mais velho, é conhecido como Escorpião. Aos 28 anos, é o braço direito do meu pai. O mais frio. O mais calculista. O tipo de homem que você aprende a temer antes mesmo de entender o porquê. Larissa, com seus 25 anos, vive no luxo. Nunca precisou sujar as mãos. Arrogante, vive como se o mundo estivesse aos pés dela, como se a favela fosse sua passarela. Talita, aos 23, é a cópia da irmã, só que mais ambiciosa. Sonha em ser mulher de chefão, crente de que quanto mais alto o cargo, mais intenso o amor. Ingênua. Ou talvez só cega. E então havia Viktor. Com seus 19 anos, era meu espelho, minha metade. O sorriso dele iluminava até os dias mais escuros. Amava a liberdade, odiava injustiças. Ele era o tipo de pessoa que fazia até o morro respirar mais leve. Mas há quatro anos, tudo mudou. Tudo que eu conhecia, tudo que me dava força… se foi. Lembranças Ligadas Eu tinha 15 anos quando tudo aconteceu. Era uma manhã comum, com o burburinho dos trabalhadores subindo o morro. O sol ainda lutava para nascer por completo quando o primeiro foguete cortou o céu, anunciando o caos: a invasão estava começando. Meu quarto se encheu com a presença apressada do Viktor. Ele me puxou pela mão, o olhar sério. — Vai pro cofre com as meninas. Agora! — ele ordenou. Obedeci sem pensar duas vezes, mas levei comigo um radinho escondido. Algo dentro de mim gritava que eu precisava saber o que estava acontecendo lá fora. — Princesa, vai logo. Não temos tempo! — ele repetia, nervoso. — Tô com um pressentimento ruim. Por favor, fica comigo… — implorei. Ele forçou um sorriso e tocou minha testa como fazia quando éramos crianças. — Vai ficar tudo bem. Já volto pra te buscar. As paredes do cofre eram grossas, mas não o suficiente pra abafar o som dos tiros. Cada disparo parecia atravessar minha pele. Ouvimos vozes do lado de fora. Juca gritou para Viktor: — VT, não segue por aí! — Mas meu irmão não respondeu. A angústia me dominou. Saí correndo do cofre, ignorando os gritos da madrasta. Tranquei a porta por fora, peguei a arma da mesinha e disparei pelos becos. O desespero guiava meus passos. Meu coração batia mais forte que qualquer tiro. Na esquina, parei. Meu corpo congelou. Um homem — o dono do morro rival — estava de frente pro meu irmão, arma em punho. Escondi a minha nas costas, mas foi tarde demais. Três tiros. Um. Dois. Três. Cada um rasgando o peito do meu irmão como punhais em meu próprio coração. — NÃO! — Gritei com tudo o que tinha. As armas se viraram pra mim, mas nada mais importava. Corri até ele, caindo de joelhos. O sangue dele escorria pela minha roupa, quente e denso, como se tentasse me lembrar de que era real. — Viktor, por favor… me olha. Fica comigo. — Meus gritos eram pedidos desesperados, afogados em lágrimas. — Fica parada aí! — gritaram. Mas eu já não os ouvia. Meu mundo havia parado ali. A mão em minhas costas encontrou a arma. Com o dedo no gatilho, encarei o assassino do meu irmão. — Acha que vai sair viva daqui, garota? — ele zombou. — Você já me matou por dentro… agora não tenho mais nada a perder. — E atirei. Uma. Única. Vez. A bala acertou em cheio a testa dele. O silêncio que se seguiu foi assustador. As armas ainda apontadas pra mim, mas ninguém se moveu. Todos paralisados. O caos deu lugar ao medo. Protegi o corpo do meu irmão com o meu. Fechei os olhos por um segundo. Quando os abri, vi o King se aproximando. Os homens abaixaram suas armas assim que o viram. Meu pai encarou o corpo do filho. Pela primeira vez, vi lágrimas em seus olhos. Mas sua voz saiu firme, sem vacilar: — A partir de hoje, o Jacarezinho é nosso. Os homens vibraram. Comemoraram a vitória. Mas eu? Eu só sentia luto. O velório foi naquela mesma noite. Meu corpo ainda carregava o cheiro do sangue. Minhas mãos tremiam, minha mente oscilava entre raiva e dor. Meus olhos, que antes brilhavam com a inocência da juventude, agora estavam opacos. Mortos. Naquela noite, jurei nunca mais voltar. Lembranças Desligadas Agora, quatro anos depois, aqui estou. Dentro de um avião, voltando para o mesmo lugar que me destruiu. O céu lá fora é cinza, como se soubesse que o que me espera não é nada fácil. Cada nuvem que passa parece carregar um pedaço do passado que tentei enterrar. Mas não tem como fugir do que vive em você. — Você tá bem? — Fumaça pergunta. Ele sempre esteve lá. Desde pequena, foi meu segurança, meu protetor. Quando tudo desmoronou, ele largou tudo e veio comigo. Foi o único que me ajudou a sobreviver. — Não sei, Fumaça. As lembranças tão voltando… tudo de uma vez. — Respondo, olhando pela janela. Ele segura minha mão. Forte. Firme. Como quem diz “tô aqui”. E é com essa mão que vou enfrentar os fantasmas do passado. Porque agora, mais do que nunca, estou em busca da verdade.Narrado por LúciferEu a observo enquanto as lágrimas continuam a escorrer de seu rosto. Maitê está quebrada, despedaçada por uma dor que eu sei que é profunda, que atravessa cada pedaço dela. E, no entanto, ainda há uma força em seus olhos, uma centelha de resistência que se recusa a desaparecer completamente, apesar de tudo o que ela tem enfrentado.Ela me permite entrar em seu espaço, e eu a vejo, frágil e vulnerável, algo que raramente vejo nela. Ela sempre foi uma mulher forte, mas hoje, algo dentro dela cedeu. Eu queria poder fazer mais. Queria poder apagar toda a dor que ela sente, mas sei que isso está além das minhas capacidades.Eu me aproximo devagar, cada passo ecoando no silêncio pesado do quarto. Maitê está tão imersa em sua dor que mal percebe que estou ali, até que sussurro seu nome, em um tom baixo e suave, quase como se temesse quebrar o momento, ou pior, invadir mais uma ferida já aberta.— Maitê… — a minha voz parece preencher o espaço com uma calma que só eu poss
Narrado por MaitêOuvindo as palavras de Bruna, sinto um misto de admiração e tristeza pela jornada difícil que ela tem enfrentado. Ao mesmo tempo, não posso deixar de me sentir tocada por sua força e pela maneira como ela tem enfrentado tudo isso com coragem e determinação. Cada palavra dela me faz refletir sobre o que vivemos, o que perdemos e, acima de tudo, sobre a dor que continua a nos assombrar.— É difícil pensar sobre isso… é uma situação que eu jamais pensei em viver, mas meu pai escolheu o caminho da vingança contra pessoas que só sofreram nas mãos do meu irmão, eu e principalmente você — Bruna desabafa, e suas palavras pesam no meu coração. Eu sei o quanto o peso do passado ainda a afeta. Cada lembrança, cada dor que ela viveu, faz com que eu me sinta ainda mais culpada por tudo que aconteceu.Seus relatos sobre as injustiças que ela testemunhou e experimentou me deixam sem palavras. Como é possível que uma pessoa tenha que carregar tanto sofrimento? Como é possível que o
Narrado por Lúcifer Dormir e acordar ao lado de Maitê não tem preço. Não existe nada neste mundo que pague a sensação de tê-la ao meu lado. Meu maior acerto na vida foi ter esperado por ela, a cada minuto, a cada segundo possível.Hoje, era o dia de voltarmos para o Brasil. Eu sabia que a Itália não tinha sido tudo o que poderíamos ter vivido juntos, mas também sabia que, no futuro, traria minha princesa de volta aqui para que ela finalmente conhecesse o mundo com outros olhos.Posso ser um bandido frio e cruel nas ruas, mas com ela sou sempre um príncipe. Um homem que respeita seus limites, que estará ao seu lado nos momentos bons e ruins. Eu seria sua âncora, seu amigo, seu fiel escudeiro.— Bom dia, minha princesa. — Falo, beijando seus lábios com suavidade.Ela abre os olhos devagar e sorri, iluminando o ambiente. — Bom dia, meu príncipe. — Ela responde com um sorriso doce, retribuindo o beijo. — Eu poderia facilmente me acostumar a acordar assim todos os dias.— E você vai acord
Narrado por MaiteAbro os olhos lentamente, encontrando-me na cama, e ao olhar ao redor, percebo que estou no quarto do Gabriel. Um sorriso brota em meus lábios ao vê-lo entrar no quarto com uma bandeja de café da manhã.— Bom dia, príncipe. Que horas chegamos? Estamos comemorando algo? — Pergunto, curiosa.— Bom dia, meu amor. Chegamos na madrugada e preferi não te acordar. Estamos comemorando sim, estamos comemorando o fato de que você é minha e está deitada na minha cama, de onde nunca mais sairá — ele responde com um brilho nos olhos.Seu tom carregado de carinho aqueceu meu coração. Observo-o com admiração enquanto ele coloca a bandeja sobre a cama, revelando uma seleção de alimentos deliciosos.— Eu amo esses momentos tranquilos contigo, nem parece que vivemos em uma montanha russa. — Murmuro, pegando uma torrada e espalhando um pouco de geleia sobre ela.Ele sorri, um sorriso que parece iluminar todo o quarto.— Eu também, Maitê. É como se o tempo parasse quando estamos juntos,
Narrado por FumaçaO ar, que antes pairava carregado de uma tensão quase palpável, subitamente se incendeia. Meu coração dispara um ritmo frenético no peito quando Bruna se atira em minha direção, seus olhos faiscando com uma intensidade que me desarma por completo. Seus lábios encontram os meus em um choque quente e possessivo, um beijo que irrompe como um incêndio inesperado, consumindo qualquer resquício de dúvida ou hesitação que pudesse haver em mim.Uma corrente elétrica percorre cada fibra do meu ser no exato instante em que seus lábios macios e ávidos pressionam os meus. Suas mãos, antes hesitantes talvez, agora exploram a extensão do meu pescoço com uma possessividade urgente, como se quisessem gravar em sua memória cada curva, cada relevo da minha pele. Sinto o calor de seu toque queimar através da minha camisa, acendendo um fogo que se alastra rapidamente por todo o meu corpo.Um arrepio deliciosamente selvagem serpenteia pela minha espinha quando seus dedos se enredam em m
Narrado por Fumaça Ela se aproxima de mim com uma rapidez que me deixa sem reação, e em um movimento instintivo, nossos corpos se encontram. Ela se encaixa nos meus braços, e a tensão que antes pairava no ar parece dissipar, substituída por algo mais intenso, mais vulnerável. É como se ela estivesse buscando algo além de palavras, como se o peso de tudo o que passou, e o que ainda enfrenta, tivesse ficado por um momento suspenso, sem espaço para mais angústia. Não sei se é o conforto que ela procura, ou se é apenas a necessidade de sentir que alguém a entende, que alguém a vê além da dor e da confusão.Fico em silêncio por um momento, apenas sentindo o calor do seu corpo contra o meu. Eu sabia que algo estava acontecendo com ela, mas jamais imaginei que seria assim. Ela estava buscando algo, talvez consolo ou uma válvula de escape para a turbulência interna que a consumia. Não sei ao certo, mas, de algum jeito, posso sentir a necessidade dela de se entregar, de se permitir ser tocada
Último capítulo