ISABELLA
A estrada cortava a floresta como uma serpente negra.
O motor rugia sob o comando de Donatella, as mãos firmes no volante, o olhar preso no retrovisor.
Atrás de nós, as luzes.
Levi e seus homens.
O vento batia contra o vidro rachado, misturando o som do motor ao bater frenético do meu coração.
Podíamos escapar.
Estávamos tão perto.
Mas então, o estampido.
Um único tiro.
Seco. Preciso.
O pneu dianteiro explodiu, e o carro girou com violência.
O mundo se tornou um borrão de luzes, metal e gritos.
O impacto veio como um soco de aço.
Depois…
Silêncio.
...
Minha cabeça latejava.
Um zumbido tomava conta de tudo.
Não sabia se o sangue que sentia no rosto era meu ou da minha mãe.
Tentei abrir os olhos, mas a visão era turva, embaralhada.
Mas percebi, não estava mais no carro.
Vozes.
Primeiro distantes, depois cada vez mais próximas.
Lembro-me das lições, cheiros, ambientes.
Mas não consigo manter a concentração.
Algo estava errado.
— “O que fez com ela?! O que fez com a minha filha