CAPITULO 5

ALESSANDRO

O cheiro de desinfetante e sangue misturado ainda me persegue desde o hospital.

Os corredores da ala privada estão silenciosos, mas o som dos aparelhos — aquele bip contínuo — parece zombar de mim.

Meu pai ainda respira, mas apenas porque as máquinas não desistiram dele.

O olhar de Giorgia está perdido.

Ela não chora mais.

Ela espera.

E eu… não tenho esse luxo.

A Camorra não espera.

O poder não espera.

E os inimigos, muito menos.

Quando Levi entra na sala, sei que ele traz algo importante.

O olhar dele é rápido, nervoso, mas focado — como quem traz uma bomba e teme o impacto que ela vai causar.

— “Fala,” — ordeno, sem levantar os olhos do copo de uísque perfeitamente escolhido por aquele que agora luta pela vida. Trazido por algum dos seguranças, a situação exigia.

— “Pegamos um dos homens que estavam no perímetro do ataque,” — ele começa. — “Falou mais do que devia depois de umas horas. Você teria gostado”

— “Quem mandou?” -Sem margem para qualquer outro comentário desnecessário

Levi hesita. — “Não exatamente quem, mas por quê.”

Levanto o olhar. Ele sabe que não tenho paciência para rodeios. Principalmente diante da situação em que estávamos

— “Viktor Rostova.”

O nome cai como chumbo no ar.

Bratva. Rússia.

Um império que só se move quando há sangue a ser cobrado.

— “Rostova?” — repito, devagar. — “Por que ele atacaria Riccardo D’Amato?”

Levi engole seco.

— “O agente disse… que não era pelo Don. Era por algo que o Don sabia.”

Silêncio.

Meu pai sempre foi o tipo de homem que sabia demais. Agia no silencio

— “Continua.”

— “Rostova está procurando alguém. Um herdeiro.”

Meu corpo endurece.

— “Um filho?”

Levi afirma com um aceno. — “Foi o que o agente jurou antes de desmaiar, ou morrer, não sei. Viktor quer o filho. Foi por isso que seu pai foi atacado — ele sabia onde o garoto estava. Ou, pelo menos, sabia quem podia levá-lo até ele.”

O ar fica denso.

As engrenagens se movem na minha mente, rápidas.

Rostova. Um filho escondido.

Um Don quase morto.

As peças começam a se alinhar — e o instinto fala mais alto.

Aperto o copo entre os dedos, sentindo o estalo do vidro rachando.

Olho para Levi enquanto só sangue do vidro começa a gotejar.

— “Se Viktor quer o filho…” — minha voz sai baixa, gélida. — “…nós o encontramos primeiro.”

Levi hesita. — “E se for uma armadilha?”

— “Então queimamos a armadilha junto com quem a montou. Mas foi por um Rostova que meu pai se feriu, o Don, se é inocente ou nao. Eu o quero sob minha custódia”

Me levanto, o olhar fixo na janela do hospital, onde a noite cobre Nápoles como um lençol de chumbo.

Meu pai pode estar entre a vida e a morte.

Mas o império ainda respira.

E, agora, o nome Rostova volta a ecoar — um nome que o inferno não esqueceu.

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