Valentina achava que já tinha visto de tudo no mundo dos aplicativos de namoro - até marcar um encontro no Dia dos Namorados com o match errado. Ela só queria fugir da solidão e esquecer o ex que a trocou por uma influencer fitness, mas acabou jantando com Rafael, um cara sarcástico, espontâneo e completamente diferente do que ela achava que queria. O problema? Ele não era seu match. O pior? Ela também não era o dele. Entre mensagens confusas, encontros desastrosos e uma química inexplicável, Valentina e Rafael descobrem que, às vezes, o amor aparece no erro mais improvável. Será que um match nada perfeito pode virar o par ideal?
Ler maisDo lado de fora, à beira da piscina iluminada, as luzes coloridas dançavam sobre a água calma, mas era o reflexo nos olhos de Rafael que prendia Valentina. Ele segurou suas mãos com força suave, como quem não queria apenas tocá-la, mas ancorá-la ali.— Me desculpa — ele disse, a voz rouca, falhando entre a culpa e o carinho. — Eu devia ter sido mais firme com ela. Mais rápido. Qualquer coisa menos... um vaso de planta passivo observando o caos.Valentina soltou um suspiro e encarou as mãos entrelaçadas, o coração ainda tateando entre o orgulho e a exaustão.— Eu que peço desculpa. Perdi a paciência. Quase chamei a Lorena de “espírito obsessor com salto 15” em voz alta. E ainda considerei jogar uma mini coxinha na testa dela.Rafael riu com a imagem, mas seus olhos não se desviaram dos dela.— Você foi incrível. Engraçada, firme, elegante... E, olha, resistir a um ataque com vinho? Isso aí é nível Jedi de autocontrole. Eu teria aplaudido, mesmo preso num escândalo.Ela riu também, um p
A nova rotina de Valentina e Rafael já tinha encontrado um ritmo gostoso e meio bagunçado, do jeito que eles gostavam. Café da manhã com pão na chapa meio queimado, maratonas de séries que sempre acabavam com um dos dois dormindo no sofá, e Bruce vivendo como um verdadeiro príncipe canino, com direito a almofadas próprias e petiscos gourmet. Tudo caminhava bem — até o temido convite para a festa de aniversário da prima do Rafael chegar.— Amor, a Gabi vai fazer 30 anos e chamou a gente pra festa dela no sábado. Vai ser no sítio da família, todo mundo vai — disse ele, jogando o convite na mesa como quem joga uma bomba e sai correndo.Valentina pegou o papel todo decorado com balões dourados e uma caricatura assustadora da Gabi com um sorriso digno de filme de terror.— Tem alguma informação vital que não tá aqui? Tipo… dress code, presença de inimigos declarados, ex-namoradas psicopatas?Rafael soltou um risinho, aquele risinho clássico que precede notícias péssimas.— Então… talvez. A
Tudo estava indo bem. Talvez até bem demais. Valentina acordava com mensagens fofas, dividia cafés da manhã cheios de risadas, e passava os finais de semana com Rafael e Bruce, como se vivessem num comercial de margarina patrocinado por cupidos. Mas, como a vida adora dar uma chacoalhada quando a gente se acomoda, a tranquilidade durou… até a terça-feira. Terça-feira era o dia oficial em que tudo desanda sem motivo. Valentina estava atolada de trabalho. Tinha três campanhas para revisar, uma reunião com um cliente exigente e um roteiro que simplesmente não saía. Tudo isso somado a uma TPM que gritava “sai da frente ou te mordo”. No meio do caos, Rafael mandou uma mensagem: “Preciso conversar com você hoje. Em casa. É importante.” Pronto. O estômago dela virou uma panela de pressão. “É importante” podia significar qualquer coisa — desde “adotei mais um cachorro” até “vamos terminar”. E com o emocional no modo montanha-russa, a mente dela foi direto para a pior opção. Durante todo
Na manhã do domingo, Valentina estava nervosa. Ela tentou esconder a ansiedade, mas o estômago parecia dar cambalhotas. Ela e Rafael estavam a caminho da casa dos pais dele para o almoço de família, e o nervosismo estava tomando conta dela. O carro estava recheado de bagagem emocional — e Bruce, claro, que parecia mais calmo que ela, com a cabeça apoiada no banco traseiro, curtindo a viagem.— Amor, relaxa — disse Rafael, com uma calma que só ele tinha. Ele estava dirigindo com uma mão, a outra sobre o volante, e não parecia nem um pouco preocupado.— Ninguém que tem uma tia chamada Cleusa pode usar a palavra “tranquila” com essa confiança toda — respondeu Valentina, forçando um sorriso nervoso.Rafael riu, um riso baixo e relaxado. Ele realmente parecia estar tranquilo.— A tia Cleusa é... um acontecimento — ele disse, a voz cheia de ironia, mas com um toque de carinho. — Mas você vai adorar. E, para ser honesto, meu pai já perguntou de você duas vezes essa semana... Isso é tipo um O
Todo relacionamento tem aquele momento de prova de fogo. Aquele episódio que poderia ser tranquilamente retirado de uma novela mexicana. Para Valentina e Rafael, esse momento se chamava: Daniel, o ex-namorado que ela jurava ter bloqueado em todas as redes sociais — até que ele apareceu em carne, osso e perfume amadeirado numa tarde chuvosa de sábado.A cena não podia ser mais irônica: Valentina e Rafael estavam no supermercado, comprando ingredientes para uma noite de tacos caseiros, quando, no corredor de temperos, o passado resolveu dar as caras.— Val? — disse uma voz masculina, meio surpresa, meio ensaiada.Ela congelou. Rafael também. O homem alto, de cabelo bem penteado e camisa branca impecavelmente passada parou ao lado do carrinho e sorriu como se tivessem saído ontem de um jantar romântico.— Daniel? — ela respondeu, quase engasgando com o nome.— Nossa, que coincidência te encontrar aqui! Depois de tanto tempo... — ele olhou para Rafael como se fosse apenas um detalhe aleat
Viajar juntos era, na cabeça de Valentina, o teste definitivo de um relacionamento. Mais até do que conhecer a sogra, dividir a coberta no frio ou decidir onde pedir delivery quando os dois estão famintos.— Tem gente que termina na volta da viagem. — ela avisou a Rafael, enquanto encaixotava seus produtos de skincare num nécessaire rosa-choque.— E tem gente que casa. — ele rebateu, jogando a mochila no sofá com a empolgação de quem estava indo pra Disney.Eles tinham planejado um fim de semana em Visconde de Mauá, uma região turística localizada no alto da Serra da Mantiqueira, na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ficariam instalados numa pousada charmosa com lareira, trilhas e café da manhã com bolo de fubá.— É só um bate-volta romântico, sem pressão. — ele disse.— Rafael, nada é “sem pressão” quando a gente viaja com alguém pela primeira vez. Vai ter ronco, vai ter toalha molhada na cama, vai ter você me vendo de touca de cetim.— Touca de cetim é afrodis
Horas DepoisA noite chegou, e com ela a saudade. Valentina ainda tentava processar o que estava acontecendo em sua vida, e como as coisas mudaram justamente no dia dos namorados. O dia que ela imaginava ser o seu pior pesadelo, se transformou na maior surpresa dos últimos tempos.Deitada no sofá, usando uma calça moletom branca e o casaco do seu match nada perfeito, decidi tirar uma selfie para registrar essa nova fase e experiência de sua vida.Abre o aplicativo de mensagens, e fixado estava o nome de Rafael. Ela clica. Pensa em digitar uma mensagem e apaga mais de dez vezes. Até que tomada pela coragem das loucas insanas, clica na foto que está usando o casaco dele, e envia com a legenda:Valentina: “Roubei mesmo. E agora o universo vai ter que lidar.”Ele responde quase instantaneamente.Rafael: “Ele vai dar um jeito. Sempre dá.”Valentina sorri. Fecha a tela e ali adormece sem perceber.***💘***Dias depoisRelacionamentos são feitos de risadas, beijos, olhares cúmplices… e briga
Na sexta-feira à noite, Valentina se viu diante do espelho com uma dúvida existencial que só quem já passou por um encontro importante entenderia: vestido preto básico ou o macacão azul que ela sempre achou estiloso, mas que tinha um zíper traiçoeiro nas costas?— O vestido te deixa sexy misteriosa. O macacão é mais “sou divertida e inteligente, mas também sei cozinhar arroz soltinho” — opinou Fernanda, sentada na cama com uma taça de vinho.— Arroz soltinho?— Ué, você quer impressionar ou não?Valentina riu, mas acabou optando pelo vestido. Era o mesmo que usara no primeiro encontro, o "erro" que deu certo. Se aquilo era uma espécie de superstição fashion, ela estava disposta a aceitar.Quando chegou ao restaurante — outro, mais casual, com luzes amareladas e uma playlist de MPB de fundo —, Rafael já a esperava. Dessa vez, na mesa certa.— Olha só, a dona do sorriso mais difícil de esquecer da Zona Norte — disse ele, levantando-se e abrindo os braços.Ela sorriu de volta, entrando n
Na manhã seguinte, Valentina acordou com a cara grudada no travesseiro e um sorrisinho bobo que tentou, em vão, disfarçar.— Tá rindo de quê, maluca? — perguntou Fernanda, que dividia o apê com ela havia dois anos e tinha o dom de surgir nos momentos mais inconvenientes.Valentina rolou na cama e puxou o edredom até o queixo.— Nada não. Sonhei que eu tava num jantar... com um desconhecido.— Desconhecido bonito?— Bonito, engraçado... e que apareceu na minha mesa por engano.Fernanda arregalou os olhos e se jogou ao lado da amiga, empolgada.— Não acredito! Você saiu com o cara do app?— Saí, mas não com o cara que eu combinei. O Lucas me deu o cano. Quem apareceu foi o Rafael. Sentou na mesa achando que era outra pessoa.Fernanda caiu na gargalhada.— Mentira! Você ficou no jantar com o cara errado?— E foi o melhor erro da minha vida.Valentina contou tudo: o mal-entendido, o jantar divertido, as piadas, o jeito leve como tudo aconteceu.— Ele parecia o tipo de cara que você não pr