O sol se despedia no horizonte quando Rafael parou na porta da sala, com a testa franzida e um embrulho pequeno nas mãos. O céu estava pintado de tons laranjas e cor-de-rosa, como se o universo tivesse decidido dar o seu toque final num dia que, até então, tinha sido… peculiar.
— Valentina? — ele chamou, tentando manter a voz firme.
Do outro lado da casa, um barulho semelhante a uma avalanche precedeu o grito:
— Se o Joaquim colocar mais um brinquedo molhado na geladeira, eu vou criar uma lei municipal aqui dentro!
Rafael sorriu. A rotina tinha se tornado uma montanha-russa, mas era a única onde ele queria estar preso para sempre. Ele se aproximou devagar, o embrulho escondido atrás das costas.
Valentina surgiu na cozinha com uma toalha no ombro, o cabelo preso em um coque bagunçado e um rolo de papel-toalha como arma improvisada.
— Adivinha quem achou um dinossauro de borracha mergulhado no suco de uva?
— Joaquim? — Rafael chutou.
— Não, Bruce. Claro que foi o Joaquim! — ela responde