O despertador tocou antes das seis.
Rafael rolou na cama, buscando um canto onde o som não o alcançasse, mas não havia escapatória. Valentina já estava meio sentada, os cabelos presos de qualquer jeito, os olhos ainda inchados de sono.
A viagem parecia um sonho. E agora eles acordavam dele, direto para o campo de batalha dos dias úteis.
— Joaquim tem aula hoje. — murmurou ela, se levantando com o peso do mundo nos ombros. — E eu tenho reunião com a coordenadora pedagógica às nove.
— Eu tenho vistoria na obra às sete e meia. — respondeu Rafael, sentando-se com esforço.
Os dois se olharam por um segundo.
Era como se um muro invisível tivesse reaparecido entre eles. Um que a viagem havia derrubado — e que agora se reconstruía sozinho, tijolo por tijolo, feito de prazos, obrigações, lembretes, leite derramado e emails não respondidos.
— Café ou banho primeiro? — perguntou ele, já andando em direção à cozinha.
— Os dois ao mesmo tempo se eu conseguisse.
Joaquim acordou emburrado. Chorou po