Valentina e Rafael estavam sentados lado a lado no sofá cor de creme do consultório, com os corpos rígidos e os braços cruzados como dois adolescentes de mal um com o outro. Entre eles, o silêncio era cortante, o tipo que não gritava, mas murmurava irritação passiva-agressiva.
Joaquim, agora com cinco anos, alheio ao clima tenso, brincava alegremente no tapetinho de borracha com um dinossauro verde e um gato de pelúcia com uma faixa ninja na cabeça. O mesmo combo temático do aniversário passado, porque, como dizia ele, "dinossauros e gatos ninjas são eternos".
A psicóloga, uma mulher de expressão serena e blazer bege, observava o casal com um bloquinho no colo. Seu nome era Dra. Ivana. E, honestamente, ela já ouvira de tudo. Mas aquele casal prometia render mais do que uma temporada de reality.
— Então vocês vieram para a terapia de casal? — ela perguntou com gentileza, tentando abrir o campo de batalha com diplomacia.
Valentina bufou, os olhos faiscando.
— Não. A gente veio porque di