Era véspera do Dia dos Namorados. E Valentina, com o coração agitado como festa junina, decidiu que não deixaria a data passar em branco. Depois de tantos tropeços — do match mais aleatório da história dos aplicativos, dos dias cheios de fraldas, gatos possessivos e crises existenciais com sabor de mamadeira — ela achava que mereciam mais que um “te amo” sussurrado entre um bocejo e um “cadê a chupeta do Joaquim?”.
Eles mereciam um momento digno de final de comédia romântica: com trilha sonora, luz baixa, cheiro de comida boa e amor transbordando pelos poros.
Mas, claro, com ela, nada era simples. Nunca foi.
A cozinha virou uma zona de guerra emocional. O arroz queimou como se tivesse guardado mágoa. A mousse de chocolate derreteu no micro-ondas como um colapso nervoso. E o espumante — ah, o espumante! — estourou dentro da geladeira como se dissesse “chega, vocês já viveram demais hoje.”
— Amor? — gritou Valentina, suada, com a blusa manchada de calda, farinha no nariz, o coque desman