Mundo ficciónIniciar sesiónAna não imaginava que uma noite de diversão com a amiga mudaria tanto o rumo da sua vida. Depois de anos tentando se reencontrar, ela só queria esquecer um pouco dos problemas e se sentir leve. Mas naquela boate, entre risadas, música alta e o brilho das luzes, seu olhar cruzou com o de um homem que parecia enxergá-la além das aparências. Marcos, um empresário acostumado ao controle e aos excessos, não esperava se perder nos olhos de uma desconhecida. Bastou um instante para sentir algo diferente — um fascínio que nem ele soube explicar. O encontro entre os dois foi intenso, inesperado e impossível de evitar. Entre beijos, silêncios e toques que diziam mais do que palavras, viveram uma noite que nenhum deles conseguiria esquecer. Ela foi embora sem dizer seu nome. Ele acordou com a sensação de que algo dentro dele havia mudado para sempre. Agora, entre lembranças e dúvidas, os dois carregam um mesmo pensamento: o que aconteceu entre eles foi só acaso… ou o começo de algo que o destino ainda vai cobrar?
Leer másNasci em meio a uma ausência. Minha mãe morreu ao me dar a vida, e meu pai… bem, ele nunca fez questão de mim conhecer —Tudo o que sei é o que minha avó, dona Marta, me contou: os dois se conheceram em uma viagem à Bahia, foi um amor de verão, desses que começa e acaba rápido e deixam profundas. Quando soube da minha existência, ele apenas disse que não queria se envolver. E desapareceu.
Fui criada pela minha avó, uma professora de alma doce e mãos firmes, que fez da nossa casa simples o lugar mais cheio de amor do mundo. Ela perdeu o marido ainda jovem, e quando eu nasci, já estava sozinha. Dizia que eu cheguei para dar novo sentido à vida dela — e, de fato, fui a razão do seu sorriso por muitos anos, nos amávamos muito. Quando completei vinte e dois anos, o coração dela começou a falhar. “Minha filha, não quero que pare de estudar”, ela me dizia com aquele olhar sereno que disfarçava o medo. “Temos essa casa e meu salário,fiz uma pequena poupança. Quero que, quando eu me for, você tenha uma profissão e fique bem.” “Vó, não fala assim... eu só tenho a senhora”, implorei, tentando segurar o choro. “Eu sei, minha querida, mas há coisas que não estão ao nosso alcance. A vida… é uma delas.” Deitei no colo dela na varanda, como fazia quando era criança. As lágrimas caíam, e ela passava a mão nos meus cabelos cacheados, dizendo o quanto os achava lindos. Dizia que eles lembravam o cabelo do meu avô Leonardo, o grande amor da vida dela. Havia tanta saudade no peito dela… e um silêncio que eu já temia ser de despedida. Minha vó sempre fez o possível para me dar o melhor. Graças a ela, estudei num bom colégio particular, onde tive bolsa por ela ser professora,aprendi inglês e me apaixonei pela Itália , através dos livros— tanto que acabei aprendendo a língua sozinha. Ela se orgulhava tanto de mim… “Minha Aninha vai longe”, repetia sempre. Os meses seguintes foram de hospital em hospital. Quando chegou o dia da minha formatura, ela já estava muito fraca, mas insistiu em ir. Lembro dela ali, em sua cadeira de rodas, com os olhos marejados de alegria. Ficou o tempo que pôde. Eu sorri para ela no palco, e o sorriso dela de volta foi o maior prêmio que eu poderia receber. Naquela noite, ela quis que eu ficasse com minha turma para comemorar, já tinha combinado com a Madrinha tudo sem que eu soubesse. Foi a última vez que a vi sorrir.Ela foi para casa com a dinda Lia. Lia era mais que madrinha — era como uma segunda mãe. Viúva, professora, e a melhor amiga da minha avó. As duas se conheciam há décadas, e quando eu nasci, Lia ajudou a me criar com o mesmo carinho. Carioca de nascimento, mas mineira de coração, ela morava conosco há anos. E foi essa convivência que me permitiu concluir o estágio sem tantas preocupações. Naquela manhã, acordei e percebi que a casa estava estranhamente silenciosa. Pouco depois, ouvi um grito vindo do quarto da minha avó. Corri. Ela estava passando mal. Chamamos a ambulância, mas o tempo já tinha decidido o que seria. Com lágrimas nos olhos, ela segurou minhas mãos, e no último olhar que trocamos, entendi o que é amor incondicional — e despedida. Os dias seguintes foram apenas cinza. A casa parecia vazia, e meu peito, um deserto. Dinda Lia foi meu amparo, meu porto em meio à dor. Dois meses depois, Eu recebi uma proposta de emprego no Rio de Janeiro. Como tínhamos alguns parentes da minha madrinha lá, decidimos recomeçar juntas. Vendi a casa, juntei o que tinha e parti. Deixei para trás as lembranças mais doces e doloridas da minha vida — e levei comigo a promessa que fiz à minha avó: seguir em frente, não importa o quanto doesseO Marcos, ao chegar comigo em casa, me propôs que eu passasse a noite na cobertura dele, já que ontem ele dormiu aqui.Fico com medo de estar indo rápido demais, porém agora ele é meu namorado… resolvo aceitar.E aproveito para lhe fazer um pedido.— Marcos… gostaria de te pedir uma coisa.— Pode pedir — ele diz.— Gostaria de continuar sendo tratada somente como funcionária lá na empresa. Pelo menos diante dos meus colegas de trabalho.Vejo a mudança de humor dele na hora.Ele franze o cenho e diz:— Não entendo. Você deixou claro que não quer ser só um caso na minha vida… e quando eu resolvo que você está certa e que quero mais, você vem com essa?— Deixa eu te explicar, Marcos… eu estou na empresa há pouco tempo. Quero ser reconhecida pelo meu trabalho.Ele me olha ainda contrariado.— Eu não concordo. Não devemos explicações a ninguém.Mas respira fundo e completa:— Porém… eu respeito. Só que isso vai ser só por um tempo. Eu não quero ficar te escondendo.— É só na empresa — refo
O almoço na casa do Geovani e da Celly era um churrasco à moda brasileira.Conforme combinado, o Marcos nos levou para o almoço de domingo.O trajeto foi muito agradável — a Júlia e eu adoramos sertanejo e pagode, então ela foi logo apresentando algumas músicas pra ele. Acho que ele achou nosso gosto musical duvidoso risos, porque as caras que fazia quando nós duas cantávamos era demais.Quando chegamos, a Celly nos recebeu toda animada, do jeitinho dela.Logo ficamos sabendo que teria mais convidados. O André vinha com a Laura — adoramos a ideia.O que me deixou tensa foi o jeito do Marcos quando descobriu que o Geovani tinha convidado os gêmeos Fernando e Téo. Ele tentou disfarçar, mas aquela expressão dele eu já aprendi bem.Ficamos um bom tempo babando a Clara, que queria nos mostrar os brinquedos todos de uma vez.A babá dela também estava lá — uma senhora tão simpática. Disse que podíamos chamá-la de “Bá”, como a Clara chama. E já avisou que adora esse apelido.O dia estava de s
Fico parada na frente dele, sem reação.Meu coração bate tão rápido e tão forte que parece pulsar o corpo inteiro.Ele acabou de me pedir pra ser sua namorada.Eu.A mulher que ele queria transformar num caso.Engulo em seco.Minhas mãos suam.Minha voz sai trêmula, sincera e firme:— Marcos… eu não vou conseguir fingir que não sinto nada. Não vou conseguir ser indiferente… porque eu sinto.Sinto tão profundo… e em nenhum momento soube disfarçar.Ele dá um passo pra perto, mas eu levanto a mão pedindo pra ele esperar.— Mas eu também tenho medo — continuo.— O mesmo medo que vejo nos seus olhos.Tenho medo de você desistir de mim quando eu já estiver inteira nesse relacionamento.Medo desse seu passado ser maior que nós.Medo de eu não ser suficiente.Respiro fundo, junto toda coragem que tenho, toda a coragem que minha avó dizia que eu tinha.— Se é pra tentar… se é pra ser de verdade… pra ser eu e você, sem jogos… então…Olho nos olhos dele, pra que veja a minha certeza.— Então eu
Paraliso.Não sei o que responder.Digito Marcos, apago.Escrevo outra coisa, apago também.Até que finalmente respondo:— Você é meu patrão.Ele não demora nem cinco segundos:— Hoje eu sou só o Marcos… o homem que não consegue tirar você da mente.Da pele.Do corpo.Meu estômago vira, meu coração dispara.Outra mensagem chega antes de eu conseguir respirar direito:— Ana, me dá uma chance de fazer diferente?Fecho os olhos.Penso em tudo.Penso naquele homem me olhando como se me conhecesse há anos.Respondo:— Não podemos, Marcos. Não vai dar certo.Ele rebate na hora, como se estivesse me esperando:— Quem disse? Nós nem tentamos.Eu sei que fiz tudo errado, sei que falei errado também…Mas eu não consigo, Ana.Você me destruiu pra qualquer outra.Rio.Não devia.Mas o sorriso vem sozinho, como se meu corpo respondesse antes da minha cabeça.Satisfação.É isso que eu sinto.Como se uma parte minha estivesse sendo alimentada com exatamente o que queria ouvir… mesmo que eu negue.
O Marcos mexe comigo como ninguém nunca mexeu.O Téo me olhar daquele jeito não foi a mesma coisa… não me atraiu como o Marcos me atrai.Dormi pensando nele, sonhei com ele e só acordei com o despertador.Antes de dormir deixei um bilhete pra Júlia dizendo que hoje eu iria mais tarde.O Gil está com o Carlos e já vão viajar sexta-feira — lua de mel adiantada, segundo o Gil — quase não nos encontramos esses dias.Me arrumo, caprichei na maquiagem, porque esse sonho que não me deixa me dá um ar cansado.Hoje o dia está cheio… chego vinte minutos antes para me organizar.Não gosto de correria.Passo na mesa da Rita, conversamos rapidamente antes de eu ir para minha sala.O André vem ajustar comigo alguns compromissos — que ele poderia fazer pelo telefone — mas ele brinca dizendo que é uma oportunidade de ver gente bonita, já que vive olhando a cara feia do Geovani.Ele fala que está interessado na Laura.Eu aviso que com a fama de mulherengo dele não sei não.Ele diz que aproveita porque
Entro muito irritada ainda com o Marcos. Eu o chamo de senhor Ferrari, já percebi que ele não gosta, mas… problema dele. Hoje, quando cheguei para trabalhar, encontrei um buquê de flores na minha mesa. E um cartão. "Desculpa pelas palavras que lhe disse e se a ofendi. Perdi há muito tempo o jeito com vocês, mulheres. Não posso dizer que as últimas com quem me envolvi eram tão especiais quanto você, pois estaria mentindo. Saiba que sinto muito mesmo. — Marcos Ferrari." Quando li, fiquei pensando: Será que realmente ele sente? Ou é só pra me convencer? Vou ficar de olho. Mas não vou ceder. Não vou ser o casinho dele. Nunca. Volto minha atenção para o serviço. Hoje preciso acompanhá-lo em algumas visitas. Foco nos relatórios que tenho que preencher. Antes do horário de sair, confirmo com a Maria — assistente dos novos associados — tudo sobre as acomodações e as reuniões deles. A Rita entra na minha sala com dois vestidos, dizendo que serão enviados para minha casa para





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