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4: A Primeira Vez que Brigamos (e Sobrevivemos)

Horas Depois

A noite chegou, e com ela a saudade. Valentina ainda tentava processar o que estava acontecendo em sua vida, e como as coisas mudaram justamente no dia dos namorados. O dia que ela imaginava ser o seu pior pesadelo, se transformou na maior surpresa dos últimos tempos.

Deitada no sofá, usando uma calça moletom branca e o casaco do seu match nada perfeito, decidi tirar uma selfie para registrar essa nova fase e experiência de sua vida.

Abre o aplicativo de mensagens, e fixado estava o nome de Rafael. Ela clica. Pensa em digitar uma mensagem e apaga mais de dez vezes. Até que tomada pela coragem das loucas insanas, clica na foto que está usando o casaco dele, e envia com a legenda:

Valentina: “Roubei mesmo. E agora o universo vai ter que lidar.”

Ele responde quase instantaneamente.

Rafael: “Ele vai dar um jeito. Sempre dá.”

Valentina sorri. Fecha a tela e ali adormece sem perceber.

***💘***

Dias depois

Relacionamentos são feitos de risadas, beijos, olhares cúmplices… e brigas. Pequenas, médias, gigantes. Às vezes, por coisas bobas. Às vezes, por nada. No caso de Valentina e Rafael, a primeira desavença surgiu graças a um grupo do W******p e uma figurinha muito mal interpretada.

Era uma terça-feira qualquer. Valentina estava no trabalho, atolada em planilhas e textos de campanha para um cliente exigente que queria vender meias “com personalidade”. Entre uma revisão e outra, seu celular apitou.

Grupo: Jantar com os Casais

Valentina franziu a testa. Era o grupo que Fernanda tinha criado para marcar uma noite de jogos e pizza na sexta. Estavam ela, Rafael, Fernanda, o namorado da Fê e mais dois casais de amigos.

Ela rolou as mensagens até chegar no motivo do alarde: Rafael tinha mandado uma figurinha de um gato revirando os olhos, em resposta à sugestão dela de jogarem “Imagem & Ação”.

— O quê?! — ela murmurou, sentindo o sangue subir.

Na cabeça dela, aquele emoji era um deboche. Uma crítica disfarçada. Um “nossa, que ideia idiota, Valentina”. E ela não estava no clima para lidar com deboche naquela semana. Muito menos vindo de alguém com quem estava construindo algo.

Sem pensar duas vezes, mandou uma mensagem direta pra ele:

Valentina:

Se não curte minhas sugestões, é só dizer. Não precisa ficar mandando figurinha passivo-agressiva em grupo.

A resposta veio minutos depois.

Rafael:

O quê? Tá falando sério?

Valentina:

Tô. Achei desrespeitoso. Não achei graça.

Rafael:

Val… era só uma brincadeira. Um gato fazendo careta, só isso. Você sabe que eu adoro quando você entra nas ideias. Fui na onda da galera, só.

Ela leu. Releu. E sentiu um leve incômodo no estômago. Talvez tivesse exagerado. Talvez fosse só… cansaço. Ou o estresse acumulado. Ou o medo de que tudo desandasse.

Instantes depois decide se desculpar, algo raro de acontecer, mas tudo entre Rafael e ela era inusitado.

Valentina:

Desculpa. Tô sensível demais esses dias.

Rafael:

Tá tudo bem. Mas da próxima vez, fale direto. Não me deixe no vácuo com um gato ofendido.

Ela riu. Sentindo a tensão se dissolver como açúcar no café.

***💘***

Na sexta-feira, o tal jantar com os casais aconteceu. Valentina foi com um vestido simples, mas charmoso. Rafael chegou com uma torta de frango que ele mesmo tinha feito — e que surpreendeu todo mundo.

— Ele cozinha e ainda lava a própria louça — disse Valentina, olhando para Fernanda como quem diz “casei”.

Os jogos começaram animados. Valentina e Rafael eram competitivos, mas em níveis diferentes. Ela queria ganhar, ele só queria rir. Isso gerava momentos caóticos.

— Como assim, isso é uma pista pra "avião"? Você fez um gesto que parecia um frango bêbado! — ela gritou, entre risos.

— Era pra ser um jato! Você que tem imaginação limitada! — rebateu ele, rindo mais ainda.

E foi assim: entre gritos, gargalhadas e batidas na mesa, a noite passou voando. Ao final, Rafael a puxou pro canto da varanda e a abraçou por trás.

— Sabe… brigamos essa semana. E foi chato.

— Foi. Mas a gente sobreviveu — respondeu ela, virando o rosto pra olhá-lo.

— E isso diz muito mais sobre a gente do que qualquer jantar romântico.

Ela encostou a cabeça no ombro dele.

— A gente precisa se lembrar disso. Que nem sempre vai ser leve. Mas pode continuar sendo verdadeiro.

— E engraçado — completou ele. — Sempre engraçado.

Valentina sorri. Leve, feliz e completa. Seus braços automaticamente entrelaçam em torno do pescoço de Rafael. Os olhares fixos um no outro, era o convite para uma única coisa: um beijo apaixonado.

[...]

No dia seguinte, Valentina acordou com uma mensagem dele:

Rafael:

Tô com saudade do seu caos. Topa um piquenique amanhã? Eu levo o pão de queijo, você leva sua risada barulhenta.

Ela respondeu com um áudio dizendo:

— Topo, desde que o pão de queijo seja quentinho e sua figurinha do gato não apareça mais.

Ele respondeu só com um emoji de coração, e foi o suficiente para Valentina suspirar mais uma vez, e pensar:

"Como não se apaixonar por esse homem?"

***💘***

O domingo amanheceu com céu limpo e um sol tímido. Encontraram-se no parque às dez da manhã. Rafael estava com Bruce — o cachorro simpático que insistia em deitar em cima do pano de piquenique.

— Ele tem ciúmes — disse Rafael. — Toda vez que estou com alguém, ele acha que perdeu espaço.

— Então ele vai ter que se acostumar. Porque eu pretendo roubar bastante do seu tempo.

Rafael sorriu, abrindo o isopor.

— Trouxe pão de queijo, suco de laranja, frutas cortadas e… muffins. Fiz ontem à noite.

— Quem é você e onde estava escondido?

— Atrás da mesa sete, lembra?

Eles riram, comeram, deitaram lado a lado na grama e ficaram observando o céu por longos minutos. Às vezes falavam, às vezes não. O silêncio, mais uma vez, era confortável.

— O que você quer daqui pra frente? — ela perguntou, virando-se de lado pra olhá-lo.

— Com você?

— É.

— Quero mais dias como esse. Menos brigas por emojis e mais beijos roubados em parque. Quero te conhecer melhor sem medo de me perder no processo.

Ela mordeu o lábio, emocionada.

— Eu quero a mesma coisa. Só que com direito a brigadeiro na TPM e paciência quando eu surtar por causa de um cliente chato.

— Feito.

— E você?

— Eu? Só preciso que você ria das minhas piadas ruins e nunca me esconda o que sente.

Valentina encostou a cabeça no peito dele.

— Isso eu posso prometer.

Bruce latiu, impaciente.

— Acho que ele tá com ciúmes de novo — disse ela.

— Ele vai ter que dividir. A cadeira sete agora tem dona.

E assim, entre brigas bobas, piqueniques espontâneos e figurinhas mal interpretadas, Valentina e Rafael iam costurando uma história real. Feita de acertos, tropeços e muita vontade de tentar de novo. Porque amor, no fim, é isso: um match nada perfeito, mas cheio de possibilidades.

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