Joana sempre foi a força por trás do Grupo Ayra, empresa de fragrâncias criada por sua mãe. Inteligente, ambiciosa e temida nos negócios, ela acreditava ter tudo sob controle — até descobrir que seu próprio pai planeja entregá-la ao fracasso, colocando sua meia-irmã bastarda no comando da empresa. Determinada a não perder o império que construiu, Joana lança uma aposta arriscada: conquistar primeiro o contrato com o Grupo Santos, o conglomerado mais poderoso da cidade. O que ela não esperava era se envolver com Zain, um misterioso acompanhante contratado para uma noite de prazer, mas que parece esconder muito mais do que mostra. Por trás dos olhos intensos e do toque arrebatador, existe um segredo capaz de mudar não apenas a vida de Joana, mas o destino de todo um império. Entre traições familiares, paixões proibidas e batalhas pelo poder, Joana terá que escolher: proteger seu coração ou salvar sua herança. Mas talvez não consiga fazer os dois.
Leer másO som de um jazz suave preenchia minha cobertura. O cheiro de jasmim — minha fragrância favorita, criada no laboratório do Grupo Ayra — pairava no ar e transformava o apartamento em um refúgio secreto.
Eu estava sentada na poltrona de couro branco, girando uma taça de vinho entre os dedos, quando olhei para ele. Zain. Alto, silencioso, encostado na parede como se estivesse à vontade, mas ao mesmo tempo deslocado demais para não chamar atenção.
Não parecia um acompanhante contratado. Não parecia alguém que estivesse ali apenas por dinheiro. Havia confiança demais no olhar dele, firme demais no jeito como me observava.
— Você não fala muito, não é? — perguntei, quebrando o silêncio.
— Só quando é necessário. — A voz era grave, calma, quase desafiadora. — O silêncio costuma chamar mais atenção do que palavras vazias.
Ergui a sobrancelha. — É mesmo? Então, me diga… o que você vê agora?
Ele não desviou os olhos. — Uma mulher que sabe exatamente o que quer.
Sorri de leve. Quantas vezes eu já tinha visto homens tentando me impressionar com discursos ensaiados, promessas ou elogios baratos? Zain não parecia se esforçar. E isso me intrigava ainda mais.
Me levantei da poltrona e caminhei até ele. O salto dos meus sapatos marcava o chão de mármore, cada passo era calculado. Parei diante dele, tão perto que sentia o calor de sua respiração.
— E se eu disser que, por uma noite, não quero ser CEO? — surrurrei. — Não quero pensar em reuniões, contratos, nem no meu pai. Só quero ser… mulher.
Ele não respondeu. Apenas me puxou pela cintura, de um jeito firme e sem hesitar. O beijo aconteceu de repente, como se tivesse sido aguardado por tempo demais. Ele era decidido e os seus lábios eram macios e quentes.
Meu coração disparou. Por alguns minutos não existia nada além daquele toque.
— Você não tem medo de mim? — murmurei, quando finalmente me afastei um pouco para respirar.
Ele sorriu de canto. — Eu deveria?
Não respondi. Ele me ergueu nos braços, e eu deixei. Entreguei o controle que tanto me custava manter no dia a dia.
A noite seguiu entre carícias, olhares e silêncios que diziam mais do que qualquer palavra. Pela primeira vez em muito tempo, eu não estava competindo, nem comandando. Estava apenas vivendo.
Quando acordei, o Sol já clareava o meu quarto. Meu celular vibrava na mesa de cabeceira. Ainda meio sonolenta, esfreguei os olhos e peguei o celular. O nome na tela fez meu estômago gelar: Carlos. Meu pai.
Atendi de imediato. — Pai?
A voz dele veio dura: — Reunião de emergência. Sala do conselho. Agora.
— Mas o que aconteceu?
— Você saberá quando chegar. — Ele desligou.
Olhei para o lado e vi Zain dormindo profundamente, o seu rosto relaxado sendo tocado pela luz do Sol era tão lindo que me dava vontade de ficar admirando o dia todo. Devo admitir que, ele parecia alguém que carregava segredos, mas que, por algumas horas, tinha conseguido se libertar deles.
Suspirei fundo. Parte de mim queria se enroscar de volta nos lençóis, fingir que o mundo podia esperar. Mas não podia. Nunca podia.
Me lavantei e fui até o meu closet, sem pensar muito escolhi vestir meu tailleur preto, coloquei um salto nos pés, prendi meu cabelo em um coque alto e elegante e fiz uma maquiagem rápida. Em minutos, estava pronta. Não como mulher, mas como executiva.
Antes de sair, parei na porta e olhei de novo para ele. Quem era Zain, afinal? Por que parecia mais do que aparentava?
Balançando a cabeça, deixei o quarto. O jogo real começava dali em diante.
O silêncio dentro do SUV era quase mais insuportável que o barulho do tiroteio que deixamos para trás.Lucas respirava com dificuldade entre nós, a cabeça tombada no meu colo. Cada vez que ele arfava, parecia que seu corpo inteiro desejava não estar mais vivo.— Aguenta, por favor. — sussurrei, pressionando o ferimento no ombro dele com a minha mão.Os dedos de Rafael se fechavam com tanta força no volante que os nós estavam brancos. Ele não olhava para mim, nem para Lucas. Olhava para a estrada, como se pudesse atravessar o asfalto apenas com sua fúria.— Vamos conseguir, Joana. — disse, mas a voz era baixa, rouca, como se tentasse convencer a si mesmo.O bunker nos recebeu com correria. Médicos improvisados já estavam à espera, mas ao verem Lucas naquela condição, hesitaram.— Está muito instável. — murmurou um deles. — Se não levarmos para um hospital, ele não resiste.— Hospital está fora de questão. — Rafael cortou, a voz dura. — Qualquer sala de emergência da cidade está comprom
A madrugada estava carregada.Dentro do carro, eu sentia cada solavanco na pele. O colete pesava sobre o peito, mas não era nada perto do peso no coração.Rafael estava ao meu lado, silencioso, mas o silêncio dele era um sinal de alerta do perigo que nos esperava. O maxilar travado, os punhos cerrados sobre as pernas.— Você não precisa ir. — ele disse, sem me olhar.— Preciso. — respondi. — Porque essa guerra é minha também.Ele suspirou, mas não insistiu. Sabia que eu não recuaria.Atrás de nós, os homens armados ajustavam carregadores, checavam rádios. O cheiro de pólvora impregnava o ar mesmo antes do primeiro tiro.O comboio parou a duas quadras do armazém. A zona leste era um deserto de ferro e concreto abandonado.O irmão mais novo dos Santos desceu primeiro, analisando a área com binóculos térmicos.— Há movimento. Guardas no perímetro. — murmurou. — Dez, talvez quinze. Mas pode haver mais dentro.Rafael olhou para mim.— Preciso que você fique muito atenta, se lembre que não
Chegando na minha cobertura, o silêncio parecia mais pesado do que qualquer explosão.Eu ainda sentia os flashes queimando meus olhos, ainda ouvia os gritos dos jornalistas ecoando. Mas o que me corroía era a frase final de Rafael:"Você fez história hoje."História, sim, mas também uma sentença. Porque cada vez que eu o enfrentava em público, meu pai se tornava mais letal.E agora… ele tinha Lucas.No edifício Ayra, a tempestade estava se formando.Carlos caminhava de um lado para o outro em sua sala, as mãos atrás das costas, com os olhos fixos em nada. Ana o observava, sentada, cruzando as pernas como se estivesse assistindo a uma peça.— O mundo acredita nela agora. — disse, quase divertida. — Olga confirmou em público.Carlos parou e se virou devagar.— O mundo acredita no que mostramos por último, não no que mostramos primeiro.— Então o que vamos mostrar? — ela perguntou, inclinando-se.Ele abriu um sorriso lento, cruel.— Medo.Ana arqueou a sobrancelha.— E Lucas?Carlos pego
No dia seguinte, a cidade se erguia em ritmo normal, mas eu sabia que, por trás da rotina, todos olhavam para as manchetes. Para mim.Em cima da mesa, pilhas de jornais estampavam minha imagem ao lado de Rafael. As fotos editadas já haviam se espalhado por todos os canais, se multiplicando em versões ainda mais distorcidas.“Amante do ex-prostituto expõe império Ayra.”“Guerra de família ou guerra de camas?”“Investidores exigem renúncia imediata.”Cada palavra tentava envenenar e corroer a minha posição.Rafael folheava um dossiê que a matriarca havia mandado, mas eu percebia que ele não estava lendo. As suas mãos tremiam e seu maxilar estava travado.— Eles conseguiram o que queriam. — ele disse, sem tirar os olhos da cidade. — Transformaram tudo em espetáculo barato.— Então vamos responder com espetáculo. — repliquei, firme, mesmo com o coração latejando de medo. — Se o jogo é imagem, nós vamos controlar a imagem.Ele se virou, me encarando com um olhar ardente e predador.— Está
O burburinho dos jornalistas era um rugido do lado de fora. Flashes explodiam contra o vidro como tiros, mas ninguém dentro da sala ousava se mover.Dois promotores caminhavam pelo salão como donos do terreno. Um deles, alto e de olhos severos, ergueu a voz:— Todos os computadores, celulares e documentos físicos do Grupo Ayra estão sob apreensão. Qualquer tentativa de obstruir será tratada como crime.Carlos não se levantou. Apenas girou o copo de água entre os dedos, como se tivesse todo o tempo do mundo.— Com que base? — perguntou, calmo. — O Grupo Ayra é pilar desta nação. Mexer nele é derrubar milhares de empregos, contratos internacionais, estabilidade política.O promotor não vacilou.— Com base em contratos assinados do seu gabinete, senhor Carlos Ayra. Contratos ligados a empresas fantasmas. — Ele apontou para a pasta que eu tinha aberto minutos antes. — A mesma documentação entregue sob sigilo por sua filha.O impacto percorreu a sala. Vários diretores se voltaram para mim.
A sala de reuniões estava tomada por tensão.O som abafado das vozes dos jornalistas lá fora vibrava contra as vidraças como uma tempestade prestes a arrebentar.Mas ali dentro, o silêncio se partia apenas pela respiração irregular dos presentes — diretores, advogados, conselheiros.E no centro, a encenação de um tribunal privado: Carlos Ayra no trono, Ana ao seu lado como uma sombra branca, e Lucas jogado ao chão como um animal ferido.O rosto dele estava inchado, sangue seco nas bochechas, o corpo tremendo de dor. Ainda assim, quando ergueu os olhos para mim, encontrei neles algo que me partiu: lealdade. Ele não havia me traído, mesmo quebrado.Rafael avançou um passo, mas os seguranças já se colocaram entre ele e o centro da sala. O olhar dele era o de um lobo cercado.— Então é isso? — minha voz ecoou. — Vocês trazem um homem espancado como troféu, como se isso limpasse suas mãos sujas?Carlos riu baixo, sem se levantar.— Não distorça, Joana. Este homem está aqui para provar que
Último capítulo