No dia seguinte, a cidade se erguia em ritmo normal, mas eu sabia que, por trás da rotina, todos olhavam para as manchetes. Para mim.
Em cima da mesa, pilhas de jornais estampavam minha imagem ao lado de Rafael. As fotos editadas já haviam se espalhado por todos os canais, se multiplicando em versões ainda mais distorcidas.
“Amante do ex-prostituto expõe império Ayra.”
“Guerra de família ou guerra de camas?”
“Investidores exigem renúncia imediata.”
Cada palavra tentava envenenar e corroer a minha posição.
Rafael folheava um dossiê que a matriarca havia mandado, mas eu percebia que ele não estava lendo. As suas mãos tremiam e seu maxilar estava travado.
— Eles conseguiram o que queriam. — ele disse, sem tirar os olhos da cidade. — Transformaram tudo em espetáculo barato.
— Então vamos responder com espetáculo. — repliquei, firme, mesmo com o coração latejando de medo. — Se o jogo é imagem, nós vamos controlar a imagem.
Ele se virou, me encarando com um olhar ardente e predador.
— Está