O burburinho dos jornalistas era um rugido do lado de fora. Flashes explodiam contra o vidro como tiros, mas ninguém dentro da sala ousava se mover.
Dois promotores caminhavam pelo salão como donos do terreno. Um deles, alto e de olhos severos, ergueu a voz:
— Todos os computadores, celulares e documentos físicos do Grupo Ayra estão sob apreensão. Qualquer tentativa de obstruir será tratada como crime.
Carlos não se levantou. Apenas girou o copo de água entre os dedos, como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Com que base? — perguntou, calmo. — O Grupo Ayra é pilar desta nação. Mexer nele é derrubar milhares de empregos, contratos internacionais, estabilidade política.
O promotor não vacilou.
— Com base em contratos assinados do seu gabinete, senhor Carlos Ayra. Contratos ligados a empresas fantasmas. — Ele apontou para a pasta que eu tinha aberto minutos antes. — A mesma documentação entregue sob sigilo por sua filha.
O impacto percorreu a sala. Vários diretores se voltaram para mim.