Capítulo 4 – Máscaras e seduções

O Grupo Ayra nunca esteve tão dividido. Bastou um dia para que a notícia da aposta corresse por toda a cidade. Investidores, jornalistas, rivais… todos comentavam. Alguns me viam como a herdeira implacável que nunca cedia. Outros, como a filha rejeitada que arriscava tudo em um jogo perigoso.

E Ana? Ela sabia como manipular a opinião pública.

Dois dias depois da reunião, eu a encontrei em um coquetel com investidores. Vestido branco, sorriso angelical, discurso ensaiado sobre “união familiar” e “continuidade dos valores da mãe”. Quase vomitei só de ouvir.

— O Grupo Ayra é mais do que negócios — dizia ela, levantando a taça de champanhe. — É família, é legado. E eu estou honrada em seguir esse caminho.

Olhares emocionados, risinhos aprovadores, alguns até aplaudiram.

Eu, parada no canto da sala, sabia que era tudo fachada. Quem me olhasse de fora talvez pensasse que eu estava calma, mas por dentro eu ardia. Ana usava a máscara da boa moça para conquistar aliados. E pior: estava funcionando.

Respirei fundo, segurei minha taça e engoli o champanhe de uma vez. Ela não venceria com teatro. Eu tinha que atacar onde doía: nos negócios. E meu alvo continuava sendo o Grupo Santos.

Horas depois, de volta ao meu apartamento, encontrei Zain me esperando. Encostado na bancada da cozinha, camisa aberta no colarinho, olhar que misturava curiosidade e desejo.

— Como foi a festa? — perguntou.

— Um circo. — Larguei a bolsa no sofá e ele me serviu uma dose de uísque.

— Ana sabe atuar bem. Quase convenci a mim mesma de que ela é uma santa.

Zain sorriu de canto. — Aposto que todo mundo acreditou.

— Quase todos. — Tomei um gole longo. — Mas eu não jogo para a plateia. Jogo para o prêmio final.

Ele se aproximou, lento, como se estudasse cada passo.

— E qual é o prêmio, Joana?

— O Grupo Santos. — Respondi sem hesitar. — Com esse contrato, não importa quantas máscaras minha irmã use. Eu ganho.

Zain ficou em silêncio, mas o olhar dele queimava. Ele se aproximou tanto que pude sentir o calor do corpo dele a centímetros do meu.

— Sabe o que eu vejo quando olho para você? — a voz grave, baixa, quase um sussurro.

— O quê? — perguntei, tentando manter a calma.

— Uma mulher acostumada a controlar tudo… mas que está morrendo de vontade de perder o controle.

Meu coração disparou. Coloquei o copo de lado. — E quem disse que eu perderia para você?

O sorriso dele se alargou. — Então prove.

Nossos lábios se encontraram com força, mas o que me incendiou não foi o beijo em si. Foram as provocações.

— Você gosta de mandar, não é? — murmurou, prendendo meu pulso contra a parede.

— Sempre. — minha voz saiu ofegante. — Mas com você é diferente.

— Diferente como? — ele pressionou o corpo contra o meu, quente, firme.

— Diferente porque… — fechei os olhos, sentindo a respiração dele no meu pescoço. — Porque eu quero mandar e, ao mesmo tempo, quero que você me domine.

Zain riu baixo, mordendo de leve meu lábio. — Finalmente sincera.

As mãos dele deslizavam pela minha cintura, firmes, mas não apressadas. O jogo era a parte mais excitante: cada provocação, cada resposta.

— Se eu disser que você não vai ganhar essa aposta… — ele sussurrou, enquanto beijava minha pele e ia descendo devagar. — O que faria comigo?

Soltei um daqueles gemidos involuntários, enquanto prendia meus dedos no cabelo dele. — Te provaria o contrário.

Ele me ergueu e me sentou na bancada da cozinha, me deixando sem saída. Meu corpo vibrava, mas minha mente ainda brigava com o desejo de controlar.

— Vai me mandar parar? — perguntou, olhando dentro dos meus olhos.

— Nunca. — sussurrei. — Continue.

O beijo se intensificou e ele começou a tirar as nossas roupas, seus movimentos eram tão delicados e tão cheios de vontade que eu me senti em um filme. O cheiro de jasmim da minha pele se misturava ao álcool e ao calor do momento. O mundo lá fora desapareceu.

Era guerra nos negócios. Mas ali, na minha cozinha, era rendição.

Horas depois, deitada entre os lençóis bagunçados, encarei o teto. O corpo exausto, mas eu não conseguia desligar os meus pensamentos.

Zain dormia ao meu lado, sereno, como se nada pudesse perturbá-lo. Eu, por outro lado, sentia o peso da aposta como uma lâmina no pescoço.

Mas uma certeza me incendiava: eu tinha aliados. E estava disposta a usar cada arma que tivesse — até meu próprio desejo — para vencer essa guerra.

Ana podia enganar investidores com seu teatro. Mas eu conquistaria o Grupo Santos.

E quando isso acontecesse, não sobraria nada da imagem de “boa moça” que ela tanto cultivava.

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