Ana nunca desperdiçava tempo, ela podia se aliar a qualquer um, mas sabia como me provocar.
Marcelo. Sempre ele. O homem que um dia prometeu o mundo aos meus pés e depois me apunhalou pelas costas. Agora, era apenas mais uma marionete nas mãos da minha irmã.
— Você conseguiu falar com os seus contatos nos Santos? — ouvi Ana perguntar, de canto, quando cruzei discretamente pelo corredor.
Marcelo respondeu com um sussurro confiante: — Estou trabalhando nisso. Mas o que ganho por te ajudar?
— Além de um lugar ao meu lado, ganha a chance de humilhar Joana. — A voz dela era puro veneno.
Meu sangue gelou. Respirei fundo e segui em frente, eles não me fariam perder a postura ali.
Mais tarde, já no meu apartamento, joguei os relatórios dos Santos sobre a mesa mais uma vez. Eu estava cansada, mas determinada.
A aposta não era só sobre quem conseguiria o contrato. Era sobre quem sobreviveria no tabuleiro.
Zain apareceu, como sempre, sem anúncio e me olhando de uma forma que me despia por completo.
— Está obcecada. — disse.
Levantei os olhos, exausta. — É isso ou perder tudo.
Ele caminhou até mim, lento, estudando cada gesto. — Mas não precisa enfrentar sozinha.
— Já disse. Eu não confio em ninguém. — retruquei.
— Então me use. — Ele sorriu de canto.
Suspirei. — Você sempre fala como se fosse parte do jogo.
— Talvez eu seja. — Ele apoiou as mãos na mesa, e eu pude sentir o seu perfume misturado ao cheiro de papel e uísque.
Meu coração disparou. Eu queria resistir, mas como já era de constume, não consegui.
— Você não entende… — comecei.
Zain me interrompeu, a voz baixa. — Eu entendo mais do que imagina. Você finge ser feita de ferro, mas eu vejo quando seus olhos tremem.
— Tremem? — ergui a sobrancelha, provocando. — Eu não tremo.
Ele riu baixo. — Então prove.
O beijo foi diferente desta vez, era carregado de raiva e desejo. Eu o puxei pela gola e ele me prensou contra a mesa, fazendo os relatórios se espalharem pelo chão.
— Você gosta quando eu tomo o controle, não gosta? — ele murmurou contra meus lábios.
— Eu gosto quando alguém tem coragem de tentar. — rebati, ofegante.
Ele riu outra vez, mordendo meu pescoço. — Sabe o que é melhor? Você tenta mandar, mas seu corpo já me obedece.
Minhas pernas se entrelaçaram na cintura dele. — Arrogante.
— Realista. — Disse enquanto suas mãos deslizavam firmes por minhas coxas.
— E se eu disser que vou te deixar louco e depois voltar pro trabalho? — desafiei, mordendo de leve seu ombro.
— Então eu vou te provar que você não consegue parar. — Ele me ergueu, me sentou sobre a mesa, a respiração quente contra meu ouvido.
Meu corpo queimava. O jogo de provocações era tão excitante quanto o toque.
— Vai mandar eu parar? — perguntou, enquanto deslizava os dedos por minha pele.
— Nunca. — sussurrei, já sem forças para manter o controle. — Continua.
As roupas caíram rápido, mas cada gesto vinha acompanhado de mais provocações, sempre afiadas.
— Você está gemendo e ainda acha que manda em alguma coisa.
— Cala a boca e me beija.
Ele obedeceu, mas apenas por um instante, para depois rir contra minha boca.
— Eu poderia te deixar implorando só para ouvir você pedir.
— Então faça. — provoquei. — Duvido que aguente.
O olhar dele escureceu. — Não me desafie, Joana.
O ritmo ficou mais intenso, os relatórios se amassaram debaixo de nós. O som dos meus gemidos misturados às provocações dele me deixava fora de mim.
O mundo podia ruir, Ana podia tramar o que quisesse, Marcelo podia vender a alma. Ali, naquele instante, só existia a guerra prazerosa entre eu e Zain.
Horas depois, caí na cama, meu corpo estava exausto.
Zain, ao meu lado, me fez sentir, pela primeira vez em muito tempo, que eu não estava mais sozinha e tinha com quem contar.