Há um velho código dentro da máfia italiana, passado de geração em geração: "O juramento é sagrado. Quem quebra, morre. Quem ama, enfraquece." Amara Bellucci nunca quis fazer parte desse mundo, mas o sangue dela carrega o peso do nome Bellucci — uma das famílias mafiosas mais temidas da Sicília. Quando seu irmão, o verdadeiro herdeiro, desaparece misteriosamente, Amara se vê obrigada a voltar para a Itália, após anos exilada em Londres. Mas há um problema: O Conselho da Máfia não aceita mulheres no poder. E para se manter viva e proteger o império da sua família, Amara precisa fazer o impensável: forjar um juramento de casamento com o homem mais temido da máfia… o executor do Conselho, o próprio Lobo de Palermo. Dante Moretti é frio, calculista e mortal. Foi enviado para vigiá-la… e eliminá-la, se ela fraquejar. Ele odeia fraqueza. Odeia traições. Odeia os Bellucci. Mas o juramento é lei. E o que começa como uma aliança forçada, logo se transforma em algo mais perigoso do que qualquer pacto de sangue: desejo, obsessão… e o caos de duas almas marcadas por segredos. No submundo da máfia, onde alianças são costuradas com mentiras e traições se pagam com sangue, Amara e Dante vão descobrir que existem promessas que nem a morte consegue quebrar.
Ler maisO céu da Sicília estava cinza. Uma camada densa de nuvens se arrastava pelo horizonte, como se o próprio tempo soubesse que algo sombrio pairava sobre aquela ilha maldita.
Amara Bellucci desceu do avião com os ombros tensos, o maxilar travado e o estômago em chamas. Fazia sete anos que não pisava ali. Sete anos tentando esquecer que o sangue dela tinha preço, que o sobrenome Bellucci carregava cadáveres, alianças sujas e promessas de morte. Mas agora… não havia mais fuga. Seu irmão estava desaparecido. E ela era a próxima na linha de fogo. O celular vibrou em sua mão, a tela iluminando o nome que ela temia: O Conselho. Não um conselho político, não um tribunal comum — mas o círculo mais implacável da máfia italiana, formado pelos homens que regiam o submundo da Sicília como deuses invisíveis. Amara atendeu, a voz fria: — Fale. Do outro lado, a resposta veio carregada de desprezo: — Vá para o portão principal. Seu “acompanhante” já está à sua espera. O clique seco encerrou a ligação, e Amara soltou o ar com dificuldade. Ela sabia o que aquela palavra escondia. Acompanhante… não era proteção. Era vigilância. Era ameaça disfarçada. Era o aviso sutil de que ela não estava ali como herdeira legítima, mas como alvo. Seguiu pelas ruas de Palermo com o olhar atento, sentindo a Sicília pulsar sob os pés — antiga, caótica, cheia de história e sangue. O carro preto estacionado em frente ao portão principal da propriedade Bellucci reluzia como um presságio. E, encostado nele, estava o homem que mudaria o curso de tudo. Dante Moretti. O executor do Conselho. O Lobo de Palermo. O predador treinado para eliminar fraquezas… como ela. Ele a observava com olhos cinzentos como aço, frios como a lâmina que, segundo os rumores, já ceifou dezenas de vidas. Era alto, intimidante, de uma beleza cruel e expressão impassível. Amara parou a poucos passos, erguendo o queixo, sustentando o olhar como quem desafia o destino. — Moretti — ela disse, a voz firme, mesmo com o coração em chamas. — Bellucci — ele respondeu, com um sorriso torto que não alcançava os olhos. — Seja bem-vinda ao seu inferno. Ela não recuou. O jogo tinha começado. E no mundo da máfia, o único juramento que se mantém… é aquele selado com sangue. O ar em Palermo tinha cheiro de mar, pólvora e passado. Era pesado, sufocante, impregnado de histórias que ninguém ousava contar em voz alta. Dante Moretti abriu a porta do carro com a mesma calma letal de quem já tinha enterrado corpos e destruído dinastias inteiras. O olhar cinza dele percorreu o corpo de Amara, dos saltos elegantes ao rosto carregado de orgulho, e pousou diretamente nos olhos dela. — Vai entrar? Ou prefere ficar alimentando os abutres que já farejam sua queda? — ele provocou, a voz grave, carregada de deboche. Amara ergueu uma sobrancelha, caminhando na direção do carro como se pisasse num campo minado — o que, na prática, não estava muito longe da realidade. — Estou surpresa que o Lobo de Palermo se rebaixe a motorista — rebateu, jogando a bolsa no banco de trás antes de se acomodar no assento. Dante soltou uma risada baixa, mas havia veneno naquele som. Fechou a porta com força, deu a volta no veículo e entrou, ligando o motor sem pressa. — Rebaixado? — ele disse, acelerando pelas ruas estreitas da cidade. — Você ainda não entendeu, Bellucci… Eu não sou motorista. Sou o aviso. Ela o encarou de lado, os olhos verdes faiscando. — E qual seria o recado, Moretti? Que estou viva por enquanto? Ele soltou o volante com uma das mãos e puxou a manga do terno, revelando discretamente o símbolo tatuado na pele — o brasão antigo dos Moretti, um lobo envolto em espinhos. — O recado é simples — ele respondeu, o tom carregado de ameaça velada. — Você está viva porque o Conselho ainda permite. Mas cada passo em falso… cada demonstração de fraqueza… eu estarei ali, pronto para te lembrar que Bellucci ou não, ninguém está acima da lei da máfia. Amara desviou o olhar para a janela, o maxilar travado. A cidade passava como um borrão: becos antigos, vielas que escondiam negócios sujos, prédios antigos onde famílias inteiras tinham sido condenadas por desafiar o sistema. Ela sabia das regras. Sabia o preço de carregar aquele sobrenome. Mas o desaparecimento do irmão mudava tudo. Riccardo Bellucci era o herdeiro legítimo. O homem que deveria estar ali, enfrentando o Conselho, protegendo o legado da família. Não ela. Mas Riccardo sumiu. E, no vácuo do poder, os inimigos farejavam sangue. O carro parou diante dos portões de ferro forjado da antiga propriedade Bellucci — um casarão siciliano de arquitetura clássica, imponente, com jardins que já foram palco de festas luxuosas e hoje mais pareciam túmulos abertos à espera dos próximos corpos. Os portões se abriram automaticamente, revelando seguranças armados, olhares desconfiados e sussurros abafados. — Prepare-se — disse Dante, saindo do carro e abrindo a porta dela. — A caça começou. E o Conselho quer ver se a princesa mafiosa sabe sobreviver no campo de guerra. Amara desceu do carro com a postura ereta, o coração disparado, mas o rosto inexpressivo. Tinha aprendido cedo que na máfia, o medo é uma arma… e fraqueza, sentença de morte. Dentro da mansão, o ar era frio, os corredores longos demais, o silêncio opressor. Quadros antigos, tapeçarias italianas, retratos de família que contavam gerações de poder, conspiração e sangue. Dante caminhava ao lado dela, a presença imponente como uma sombra grudada na pele. Até que pararam diante da sala principal, onde os membros do Conselho aguardavam. Homens velhos, poderosos, cada um com sangue nas mãos e segredos nos olhos. O líder, um homem de cabelos grisalhos e expressão de mármore, a observou com desprezo. — Amara Bellucci… retornando ao covil. — Ele riu, sem humor. — Mas sem o irmão, sem o herdeiro. Só sobra você. Uma mulher. Um problema. Amara sentiu o veneno nas palavras, mas manteve o queixo erguido. — Sou mais do que suficiente para sustentar o que é dos Bellucci — disse, desafiando-os. O líder a encarou, depois desviou o olhar para Dante. — E você, Moretti? Está pronto para cumprir o juramento? Ou acha que ela não aguenta o peso da coroa? Amara franziu o cenho, o coração batendo mais forte. Juramento? Dante respondeu antes que ela pudesse falar, a voz cortante como aço: — Eu estou pronto. E ela vai aguentar. Não porque é forte… — ele a olhou diretamente, o cinza dos olhos queimando nela — …mas porque agora ela me pertence. O silêncio no salão parecia tão pesado que cada palavra poderia ser um estilhaço capaz de quebrar tudo. O líder do Conselho levantou a mão, impondo ordem. — Basta! — sua voz ecoou, autoritária e fria. — O tempo dos Bellucci terminou. Ou Amara aceita o acordo que propomos, ou sua família será dilacerada até o último fio de sangue. Amara sentiu um calafrio, mas não recuou. Em pé, firme, encarou cada homem naquela sala como se desafiasse o próprio destino. — Qual é o acordo? — perguntou, a voz firme, sem medo. Dante deu um passo à frente, a postura rígida, os olhos como lâminas afiadas. — Um juramento. — Ele falou com uma frieza cortante, olhando para Amara com intensidade. — Vocês dois vão se casar. Formalizar um vínculo que selará a paz entre os Bellucci e o Conselho. O murmúrio percorreu o salão. Alguns sorriram com escárnio; outros franziram a testa. Amara sentiu o mundo girar por um instante. Casar com Dante Moretti? O homem que ela deveria odiar? O executor que a vigiaria como uma presa? — Isso é um castigo — ela disse, a voz baixa, carregada de desprezo. — Um casamento forjado para me controlar. Dante respondeu com um sorriso frio, sem humor. — O casamento é o juramento mais sagrado que existe. Quem quebra, morre. Quem ama, enfraquece. Essa é a regra. Ela o encarou, vendo não só o inimigo, mas o homem que carregava um fardo tão pesado quanto o dela. — Eu não vou fraquejar — Amara afirmou, a determinação incendiando seus olhos. — Nem por você, nem pelo Conselho. Dante se aproximou, tão perto que o cheiro amadeirado do seu perfume misturava-se com o suor frio dela. — Fraquejar? — ele sussurrou, a voz baixa e ameaçadora. — Você ainda não sabe do que eu sou capaz, Bellucci. Por um instante, o silêncio foi quebrado apenas pelo som abafado do relógio antigo na parede. O líder do Conselho bateu a mão na mesa com força, chamando a atenção. — Está decidido. Amanhã a cerimônia será realizada. O juramento será selado diante de todos. E que sirva de aviso: Quem quebrar a palavra, perderá mais que a vida. Amara olhou para Dante. O homem que deveria ser seu carrasco seria, por enquanto, sua única proteção. E naquele momento, uma pergunta cruel ecoou em sua mente: Até onde você está disposto a ir para sobreviver?Amara já estava pronta para dormir, o corpo envolto apenas por uma camisola de seda branca, curta, fina, o tecido escorrendo pela pele, o orgulho ainda queimando no peito. Dante pensava mesmo que ela aceitaria ser deixada para trás? Que ficaria quieta enquanto ele ditava as regras? Engano dele. O som da porta do banheiro se abrindo quebrou o silêncio. Dante saiu, o cabelo molhado pingando nas têmporas, a toalha pendurada no ombro largo, a calça de moletom escura caindo perfeitamente no quadril. O peito nu, os músculos definidos, as tatuagens e cicatrizes desenhando a história dele pela pele marcada. Ele caminhou até a porta, trancou com um giro seco da chave e apagou as luzes. O quarto mergulhou em semiescuridão. Sem dizer uma palavra, deitou-se ao lado dela, ignorando-a por completo, como se ela fosse apenas parte da mobília. Amara apertou o lençol, o orgulho ferido latejando, o sangue fervendo nas veias. Virou-se de lado, encarando a sombra dele: — Vai fingir q
Dante saiu da mansão como uma sombra cortando a noite, os homens armados o seguindo em silêncio absoluto. O ar estava pesado, o clima abafado típico das madrugadas em Palermo, mas o verdadeiro calor vinha da tensão que se acumulava a cada minuto. Ele ajustou o coldre sob a jaqueta e entrou na SUV, o olhar fixo na estrada à frente. Do lado de fora, os becos escuros e as ruelas estreitas pareciam esconder mais do que só escuridão. Enzo Mancini estava se mexendo. E quando um rato se mexe, é porque planeja roubar ou morder. — Estão em que área? — Dante perguntou ao motorista, os olhos duros como aço. — Porto velho. Chegaram há cerca de vinte minutos. Discretos. Mas armados. Dante bufou, os dentes cerrados. — Mancini nunca soube jogar limpo. Prefere agir como um covarde… pelas sombras. O carro acelerou pelas ruas vazias, cortando o silêncio da madrugada. Minutos depois, chegaram ao porto abandonado, um local afastado da zona turística, onde apenas criminosos e cadáveres circulav
O caminho de volta para a mansão foi silencioso.Dentro da SUV, Amara observava o reflexo dos prédios pelas janelas escuras, a mente girando com tudo que havia escutado.Aqueles homens sentados ao redor da mesa… nenhum deles confiável. Nenhum leal. Apenas máscaras em rostos velhos e alianças costuradas com medo.Ela sentiu o estômago revirar de raiva e frustração.Dante dirigia em silêncio, a mão firme no volante, os olhos presos na estrada.A presença dele ao lado dela era sufocante — não pelo espaço físico, mas pela tensão invisível que sempre existia entre eles.— Vai continuar calada? — ele perguntou, a voz baixa, mas carregada de deboche.Amara nem olhou para ele.— Estou pensando — respondeu seca.Dante sorriu de canto, o olhar rápido desviando para ela.— Isso me preocupa.Ela revirou os olhos, o tom afiado escapando antes que pudesse conter:— Deveria. Porque quando eu penso, costumo agir. E quando ajo… costumo incomodar.Ele riu baixo, um som rouco, sem humor.— Está aprenden
O relógio marcava quase meio-dia quando a porta do quarto finalmente se abriu. Amara levantou o olhar, já pronta, sentada na poltrona ao lado da cama, com as pernas cruzadas e o celular ao alcance da mão. Mas foi Dante quem entrou, a expressão impassível, o olhar cinza ainda mais fechado que o habitual. — Pode sair agora — ele anunciou, a voz baixa e seca. Amara arqueou uma sobrancelha, o tom desafiador surgindo antes mesmo das palavras. — Ah, então agora eu tenho permissão? Dante a ignorou, caminhando até o armário e pegando uma jaqueta preta, o celular preso à mão, os dedos digitando mensagens rápidas enquanto falava: — Lorenzo De Santis enviou representantes para tentar limpar a imagem dele — o olhar dele se prendeu nela — Mancini também está se movimentando. Eles estão jogando como sempre, fingindo lealdade e tramando pelas costas. Ela se levantou devagar, os cabelos soltos caindo pelos ombros, o olhar firme. — E o Conselho? — Falsos como sempre — respondeu — J
O sol mal começava a se erguer no horizonte quando Amara acordou, os primeiros feixes de luz atravessando as cortinas do quarto. Por um segundo, o silêncio quase a enganou. Poderia parecer uma manhã normal… se não fosse o fato de estar presa num casamento forjado, em meio à máfia, rodeada de inimigos e com um homem ao lado que tanto odiava quanto desejava. Virou-se devagar, os olhos azuis se encontrando com a figura de Dante, ainda deitado ao seu lado. Ele estava acordado, é claro. De olhos abertos, o braço sob a cabeça, o outro pousado relaxadamente sobre o abdômen, a camiseta preta justa ao corpo, os cabelos ligeiramente bagunçados. Mas os olhos cinza já estavam atentos, como se não dormisse direito há dias. O executor do Conselho, o maldito "Lobo de Palermo", sempre alerta. — Está me encarando faz quanto tempo? — ela perguntou, a voz rouca de sono, mas carregada de ironia. Dante não sorriu, mas o brilho cínico nos olhos entregou o humor. — O suficiente para saber que você
O banheiro estava tomado pelo vapor quente, as gotas d’água deslizando pelas paredes, escorrendo pelos corpos. Dante terminou o banho antes dela, mas não saiu. Encostou-se à parede do boxe, os braços cruzados, o corpo nu à mostra sem pudor algum, e o olhar… O olhar percorria cada centímetro do corpo de Amara, descaradamente, sem pressa, sem vergonha. Ela sentiu o calor subir pela pele, mas manteve o queixo erguido, os olhos azuis encontrando os dele, sem recuar. Se ele queria provocar, ela sabia revidar. Amara virou-se devagar, deixando que a água contornasse suas costas, descendo pelas curvas, escorrendo entre os seios, pela cintura, pelas coxas. Sabia o efeito que tinha. E o olhar de Dante denunciava isso. Ele umedeceu os lábios, os olhos cinza descendo pelas pernas dela, subindo sem qualquer pressa, cravando-se no peito nu, depois nos olhos dela. Por um instante, o silêncio virou corda bamba. Os corpos nus, a tensão, o orgulho atravessando o espaço estreito. Mas nenhum
Último capítulo