Capítulo 5

A sala do Conselho exalava poder e tradição, com suas paredes carregadas de história e olhares desconfiados.

Amara entrou acompanhada de Dante, sentindo na pele cada sussurro e cada fuzilamento silencioso dos homens sentados à mesa.

Don Salvatore Vitale, o patriarca do Conselho, fez um gesto lento para que todos se acomodassem.

— Senhorita Bellucci — começou ele, a voz profunda como um trovão — seu retorno não passou despercebido. E sabemos do peso que carrega o nome Bellucci.

Amara ergueu o queixo, olhos firmes.

— Voltei para assumir meu lugar. Não vou fugir do que é meu.

Don Salvatore a observou com uma mistura de respeito e dúvida.

— Na máfia, tradição é lei. E tradição diz que uma mulher não comanda um clã.

Um silêncio pesado caiu sobre a sala.

O conselheiro Tommaso, homem de rosto duro, franziu o cenho.

— Precisamos de alguém que lidere com punho firme.

Todos os olhares se voltaram para Dante.

— Ele é seu marido — disse Don Salvatore — e, por isso, será o representante do clã Bellucci perante este Conselho.

Amara sentiu o ar faltar por um instante.

— Isso significa que você quer passar o poder para ele? — perguntou, a voz carregada de incredulidade e fúria contida.

Dante permaneceu calmo, mas seu olhar escureceu.

— Eu protegerei os interesses da família — respondeu com firmeza — e garantirei que ninguém aqui se esqueça do poder que os Bellucci ainda têm.

Amara caminhou até o centro da sala, encarando cada homem.

— E eu? — questionou, a voz firme, a determinação brilhando nos olhos — Estou reduzida a um nome, uma aliança, um contrato?

Tommaso riu, seco.

— Você é uma peça, Bellucci. Uma peça importante, mas ainda uma peça.

Don Salvatore ergueu a mão, silenciando a sala.

— O poder deve ser exercido com sabedoria e força. Dante Moretti será nosso braço agora.

Amara cruzou os braços, mas o fogo em seu peito não se apagava.

— Então que fique claro — ela disse, olhando diretamente para Dante —, que essa união é um pacto. Não uma rendição.

Dante sorriu, um sorriso duro, cheio de promessas.

— E eu nunca fui de render-me.

O Conselho assentiu em silêncio. A guerra dentro e fora daquela sala estava apenas começando.

Após a reunião do Conselho, Amara e Dante se afastam para um corredor silencioso da mansão, as sombras amplificando o peso das palavras que precisam ser ditas.

Amara parou no corredor escuro, o rosto iluminado apenas pela luz tênue das velas. Ela virou-se lentamente para Dante, que a observava com expressão fechada.

— Me diz a verdade, Dante… esse casamento, esse juramento ridículo, era só uma peça no seu jogo para tomar o meu lugar? Para ser o líder que o Conselho aceita? — sua voz estava carregada de mágoa e desafio.

Ele franziu a testa, aproximando-se um passo, o olhar firme.

— Você acha que eu queria tudo isso desde o começo? Não subestime o quanto esse jogo é complicado. O que aconteceu hoje não foi só estratégia, foi necessidade. Você sabe disso.

Amara cruzou os braços, mordendo o lábio inferior, tentando controlar a mistura de raiva e decepção.

— Necessidade? Conveniência, talvez. Eles nunca me aceitaram, e você sabia disso desde o início. Será que tudo isso foi só para te colocar no comando, enquanto me mantém como uma marionete?

Dante desviou o olhar por um momento, respirou fundo, depois voltou a encará-la, com um toque de sinceridade.

— Não é assim. Eu não quero seu lugar. Quero o que é melhor para a família. E você… você é o coração dela, mesmo que eles não vejam.

Ela riu, amargo e sem humor.

— O coração? Então por que me fizeram engolir esse juramento? Por que transformaram a minha força em um contrato que me prende?

Dante deu um passo mais perto, a voz baixa, quase um sussurro.

— Porque o mundo em que vivemos não deixa espaço para idealismos. O que temos é o que podemos usar para sobreviver.

Amara se afastou, encarando-o com olhos que brilhavam de fogo.

— Então me diga… até onde vai essa aliança? Até onde posso confiar em você? Ou, no final, vou ser só uma peça do seu tabuleiro?

Ele pousou a mão no braço dela, firme, mas cuidadoso.

— Confiança não é dada, Amara. É conquistada. E eu pretendo conquistar a sua… se você deixar.

Ela soltou um suspiro, misto de cansaço e desafio.

— Não vai ser fácil.

Dante sorriu, meio torto, um brilho de desafio nos olhos.

— Gosto de desafios.

O silêncio voltou a dominar o corredor, mas entre eles, uma tensão palpável crescia, cheia de promessas não ditas e batalhas por vir.

— Você gosta mesmo de desafios, né? — Amara rebateu, com um sorriso torto e a voz carregada de ironia. — Mas não se esqueça, Moretti, eu não sou fácil. Nem sua marionete.

— E eu nunca quis uma marionete — Dante respondeu, a paciência começando a se esgotar.

Antes que ela pudesse reagir, ele avançou um passo rápido e a pressionou contra a parede fria do corredor, o corpo colado ao dela, a respiração quente quase tocando seu rosto.

— Você acha que isso aqui é só um jogo de poder? — ele murmurou, a voz baixa, tensa, quase um rosnado. — Eu poderia fazer qualquer coisa que quisesse com você agora… e ninguém, nem um dos filhos da puta desse Conselho, iriam se intrometer.

Amara engoliu em seco, o olhar desafiador enfrentando o dele, a respiração acelerada.

— Porque eu sou sua? — perguntou, provocando, cada palavra uma faísca.

— Porque você é minha — Dante respondeu com firmeza, o olhar dominador queimando no dela —, por juramento, por sangue… e por tudo que ainda está por vir.

Ela apertou os punhos, o corpo tenso, mas não recuou.

— Isso não vai me calar, Dante. Nem vai me prender.

Ele sorriu sombrio, os dedos deslizando pela pele dela, um toque ao mesmo tempo ameaçador e carregado de promessa.

— Eu não quero te calar. Quero te controlar. E você vai aprender que isso aqui é mais do que palavras — disse, a voz rouca.

O corredor pareceu diminuir, o mundo reduzido àquela tensão, àquele jogo perigoso de poder, desejo e desafios.

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