Quando Anthonella descobre a traição de seu marido, ela se vê em uma situação desconfortável ao acordar na cama de um estranho. Um mês depois, ela percebe que está grávida e decide seguir em frente sozinha, determinada a cuidar de seu bebê. O que ela não esperava era que, anos mais tarde, o pai de sua filha se tornaria seu novo chefe.
Leer másRio de Janeiro, Março de 2018.
Acordei com uma dor de cabeça terrível, meus olhos estavam pesados, tentando se habituar à claridade. Encarei o teto desconhecido e me perguntei onde estava. Quase nenhuma lembrança preenchia minha mente, exceto por um lindo par de olhos verdes.Enquanto tentava processar o que aconteceu, ouvi batidas na porta. Uma pessoa desconhecida me entregou o café da manhã, aumentando minha vergonha. Nunca imaginei estar em uma situação assim.Após o desajeitado café da manhã, escapei para o apartamento de minha amiga Joyce, onde estava temporariamente hospedada. Assim que cheguei, vi a preocupação estampada no rosto de Joyce.— Criatura, onde você estava? Te liguei milhares de vezes! – Joyce exclamou assim que me viu.— Ai, Joyce, nem eu sei, amiga. – Respondi, desanimada.— Como assim? – Ela me questionou sobre minha noite, e eu, envergonhada, disse que saí para beber e tentar esquecer dos problemas. Bebi tanto que mal me lembrava do que havia acontecido.A expressão de Joyce se suavizou, mas sua preocupação permaneceu.— Você sabe que a bebida nunca é a melhor solução, né?— Eu sei, mas você sabe do que ando passando e como é a única amiga que sobrou já que Priscilla que se dizia minha amiga me apunhalou pelas costas ficando com meu marido.— Eu nem sei o que te dizer sobre isso, como ela pôde fazer isso? Éramos amigas, saímos do mesmo orfanato juntas e juramos que sempre seríamos amigas.— Acho que a lealdade e a amizade vinham só de nossa parte.— Também acho. – Joyce concordou. — An, vai tomar banho, você está precisando.Antes de ir para o banho, Joyce me perguntou se eu passei a noite com algum cara gostoso, e eu a lembrei que minha memória da noite anterior estava fragmentada.— Não se lembra de nada mesmo, amiga?— A única coisa que me lembro perfeitamente são de belos pares de olhos verdes vívidos e cativantes.— Só você mesmo, amiga. Como eu sempre disse, a melhor decisão que tomei foi não me apaixonar, pelo menos não sofro. Agora, vá logo tomar banho. Vou te preparar um chá para ressaca.Agradeci a Joyce e fui para o banheiro. Um tempo depois, voltei para a sala e encontrei um chá bem quentinho à minha espera. Tomei tudo e me deitei ali mesmo para descansar.Um mês depoisEstava tomando meu habitual café da manhã quando de repente a bile subiu e eu rapidamente precisei correr para o banheiro. Joyce gritou meu nome perguntando se eu precisava de ajuda, e disse que não.— Amiga, tem certeza que não precisa da minha ajuda? – Ela insistiu.— Já estou terminando aqui, por favor, vá terminar o seu café, pois precisamos sair logo. Durante todo o dia, eu passei muito mal, minha barriga se revirava, e eu tentava ao máximo controlar.— Amiga, agiliza essa limpeza, o seu Márcio tá olhando pra gente.— Joyce, estou tentando, mas estou passando muito mal. – Respondi, enquanto lutava contra a náusea.A noite estava me preparando para ir ao curso quando novamente passei mal e minha amiga foi à farmácia. Quando voltou, jogou um pacote em cima de mim.— Vai ao banheiro e só volta com o resultado. – Ordenou.Quando voltei, estava com os quatro testes na mão.— E então, o que deu? – Joyce perguntou, ansiosa.— Não tenho coragem de olhar, amiga...— Nem precisa pedir.Me sentei e ela olhou um a um e depois me encarou.— É amiga, parece que eu vou ser titia. – Ela sorriu e eu fiquei boquiaberta, por que só pode ser do cara do bar.Aquela revelação me atingiu como um raio. Grávida? Não podia ser. A última lembrança que tinha era de uma noite embriagada e confusa. Não havia espaço para uma gravidez nessa equação caótica da minha vida.— Como assim, grávida? Isso não pode estar acontecendo... – murmurei, mais para mim mesma do que para Joyce.Ela me olhou com uma mistura de preocupação e compaixão.— An, respira. Vai ficar tudo bem, eu estou aqui para te apoiar. Eu queria acreditar nisso. Queria poder simplesmente respirar fundo e acreditar que tudo se resolveria por conta própria. Mas a realidade era muito mais assustadora do que qualquer coisa que eu já havia enfrentado.— Mas... E agora? O que eu faço? – perguntei, sentindo o peso do desconhecido se abater sobre mim.Joyce me abraçou, e por um momento, senti-me um pouco mais forte. Mas a incerteza ainda pairava sobre nós, envolvendo-nos em seu manto sombrio.— Primeiro, vamos fazer um teste de sangue para confirmar, certo? – ela sugeriu com serenidade, mas com uma urgência subjacente em sua voz.No dia seguinte fomos à clínica bem cedo e fiz o exame e a enfermeira me avisou que eu só poderia pegar o resultado no dia seguinte.— Droga! Pensei que a gente poderia saber o resultado hoje ainda. – Minha amiga estava fazendo beicinho. — Eu que possivelmente estou grávida de um cara que só lembro dos olhos e… – De repente me lembrei que ele tinha braços fortes e uma tatuagem de escorpião. — O que foi? Ficou muda de repente? – Joyce chamou a minha atenção e eu disse que não era nada demais. — Tem certeza que não é nada demais? – Balancei a cabeça afirmando e ela deu de ombros. Na manhã seguinte minha amiga me acordou animada e me lembrou que hoje era dia de pegar o resultado do teste. — Até parece que é você quem está grávida. — É como se fosse! Agora para de resmungar levanta, se arruma enquanto eu preparo o café, você quer ovos ou mortadela? – Só de ouvir a pergunta de Joyce, senti meu estômago se revirar e precisei correr para o banheiro.Aproveitei, tomei um banho, me arrumei e disse a ela que tomaria só café, Joyce ralhou comigo dizendo que eu deveria comer algo, pois agora tinha um bebê a caminho e eu disse que enquanto não pegasse o resultado clínico, eu não acreditava que estava grávida, ela muito contrariada deu de ombros e ficou calada. Após o café fomos para o ponto e não demorou muito o nosso ônibus chegou, paramos em frente a clínica e peguei meu resultado, minhas mãos estavam trêmulas, então mais uma vez pedi a Joyce que lesse o resultado e quando ela me disse a olhei em choque e pus a mão na barriga. — É real... Eu estou grávida... – sussurrei, me sentindo vulnerável e assustada.Joyce me abraçou novamente, suas palavras de conforto ecoando em meus ouvidos.— Estamos juntas nessa, An. Vamos dar um jeito. E assim, com a força de minha amiga ao meu lado, comecei a aceitar a realidade de minha gravidez e a enfrentar os desafios que estavam por vir.Acordei com uma sensação estranha, uma mistura de pressão e umidade, e demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo. Eu estava deitada ao lado de Pedro, nossos corpos entrelaçados em uma tentativa de aproveitar as poucas noites tranquilas que nos restavam antes da chegada dos nossos bebês. Mas agora não havia mais tempo para tranquilidade. – Pedro... – sussurrei, sacudindo-o levemente. Ele resmungou, virando-se de lado, mas não acordou. – Pedro... – repeti, agora com mais urgência. Ele abriu os olhos lentamente, ainda meio confuso, até que se levantou e me olhou, finalmente percebendo que algo estava errado. – O que foi? Está tudo bem? – perguntou ele, a voz rouca de sono, ainda sem entender o que estava acontecendo. – Minha bolsa estourou – digo calmamente. Pedro arregalou os olhos, o pânico começando a aparecer em seu rosto. Ele sentou-se na cama com um salto, os cabelos bagunçados e os olhos arregalados. – Sua bolsa estourou? Agora? Mas... – Ele olh
Maria Fernanda Fagundes Lancaster Nunca imaginei que o dia de descobrir o sexo do nosso bebê pudesse ser tão significativo. Claro, estava ansiosa, com aquele frio na barriga e borboletas no estômago, mas sabia que o que viria mudaria nossas vidas para sempre. Tinha algo no ar, um sentimento que me dizia que esse momento seria muito mais do que uma simples revelação.Pedro, como sempre, estava ao meu lado, nervoso e agitado. Desde que soube da gravidez, ele havia se transformado em alguém ainda mais protetor e amoroso, o que me fazia apaixonar ainda mais por ele. Mas o que me preocupava não era tanto a ansiedade dele, mas a reação dos meus pais. Sabia que meu pai estava a um passo de hiperventilar só de pensar que sua “bebê” estava esperando um filho — e eu nem sabia como ele reagiria ao saber o sexo.Chegamos à clínica mais cedo, porque Pedro, típico ansioso, insistiu. Ele parecia um garoto que não conseguia esconder a empolgação, embora eu pudesse ver nos olhos dele o nervosismo. M
Pedro Henrique Soares Depois de mais uma longa viagem com o time, tudo o que eu conseguia pensar era em voltar para casa. Sentir o cheiro da nossa cama, o abraço da MaFê e o conforto de estar no meu próprio lar. Mesmo sendo apaixonado pelo futebol e por tudo o que ele me proporciona, nada se comparava à sensação de estar de volta aos braços dela. O voo foi tranquilo, mas interminável. A saudade de MaFê apertava a cada minuto, e eu não via a hora de chegar. Quando o avião finalmente pousou, eu peguei minha bagagem rapidamente e saí do aeroporto como se estivesse em uma corrida de última hora. Eu sabia que ela estaria esperando por mim, e isso fazia o cansaço da viagem desaparecer instantaneamente. Cheguei em casa e, estranhamente, não a encontrei na sala como de costume. O silêncio me envolveu de maneira desconfortável. Passei pelo corredor, imaginando que ela pudesse estar no quarto, talvez descansando, já que seu treino também havia sido puxado nos últimos dias. — MaFê? — chamei
Dois anos se passaram desde o dia em que eu e Pedro Henrique dissemos o tão esperado "sim". A vida de casada estava sendo tudo o que eu sonhava e mais. Claro, nem tudo era perfeito, havia os desafios, as correrias do dia a dia, as minhas viagens constantes com o time, e os meus treinos exaustivos, o trabalho de Pedro que exigia muito dele. Mesmo assim, sempre encontrávamos uma forma de tirar tempo para nós dois. E isso fazia toda a diferença. Às vezes, eu pensava em como nossas vidas mudaram de maneira tão rápida, mas como as mudanças foram boas. Mesmo com as agendas lotadas, nos empenhávamos para manter o romantismo vivo. Jantares em casa, noites de filmes e até pequenas escapadas de fim de semana eram o segredo para mantermos nossa conexão. Pedro sempre foi um homem dedicado, e eu nunca me senti sozinha, mesmo com a correria dele. Sempre havia uma mensagem carinhosa no celular ou uma surpresa quando eu menos esperava. Nossa vida era movimentada, mas cheia de amor.E não éramos os
Mais um ano havia começado, e com ele a contagem regressiva para um dos dias mais esperados de nossas vidas: meu casamento com Pedro. Março chegou rapidamente, e como eu viajaria com o time no próximo mês, tudo foi preparado em ritmo acelerado. Enquanto eu experimentava meu vestido de noiva pela última vez, Laiane e Valentina estavam comigo no quarto, rindo e fazendo piadas para aliviar a tensão. — Quem diria, hein? Até o Gustavo foi mais rápido que você! — Laiane soltou, com uma risada alta. — Mal posso acreditar que ele vai ser pai. Valentina balançou a cabeça, ainda rindo. — Verdade! Minha irmã está prestes a parir, e estou ansiosa pra ver o rostinho do meu sobrinho — completou Valentina. — Nosso sobrinho. — A corrigi e ela riu. Meu pensamento voltou ao momento em que Gustavo contou sobre a gravidez de Rubia. Meus pais ficaram chocados, principalmente porque Gustavo só tinha dezesseis anos. A reação inicial foi de repreensão, claro. Eles tentaram argumentar sobre a ju
Gustavo Fagundes Lancaster Aquela noite passou como um borrão. Mesmo depois de conversar com a MaFê, eu ainda me sentia como se estivesse carregando o peso do mundo nas costas. Ela me ajudou, claro, mas a ideia de contar tudo para nossos pais me deixava apavorado. Como eles reagiriam? E os pais da Rúbia? Só de pensar nisso, meu estômago revirava.Na manhã seguinte, Rúbia e eu nos encontramos na frente da minha casa. Ela estava pálida, visivelmente nervosa, mas tentou me dar um sorriso de apoio. Segurei sua mão, tentando passar uma confiança que nem eu mesmo sentia.— Vai ficar tudo bem — falei, mesmo sem ter certeza disso.— Eu espero que sim — ela respondeu, apertando minha mão com força.Entramos na casa, e o som abafado da televisão vinha da sala. Meus pais estavam sentados no sofá, minha mãe tomando seu café e meu pai lendo algumas mensagens no celular. Quando nos viram entrar juntos, trocaram olhares curiosos. Não era incomum Rúbia vir aqui nesse horário, mas algo na nossa expre
Último capítulo