Capítulo 2

A mansão Bellucci nunca estivera tão silenciosa, nem tão carregada de tensão.

Cada canto parecia sussurrar segredos, conspirações e o peso de um futuro incerto.

Amara caminhava pelos corredores largos, as mãos firmemente fechadas ao lado do corpo. No espelho do corredor, viu o reflexo da mulher que não queria ser: a herdeira mafiosa forçada a se casar com o homem que desprezava — e que poderia ser sua sentença de morte.

No salão principal, uma reunião tensa se desenrolava. Os membros do Conselho discutiam estratégias, e os olhares lançados a ela eram uma mistura de desdém e expectativa. Não havia espaço para dúvidas: o poder estava em jogo, e Amara era a peça chave.

— Ela não tem experiência para liderar — murmurou um dos conselheiros mais velhos, cruzando os braços. — Se o irmão Bellucci está desaparecido, isso é sinal de fraqueza. Dante deve garantir que ela não se torne um peso.

Dante estava ao lado da lareira, as mãos cruzadas, imóvel como um lobo em repouso. Quando ouviu o comentário, seus olhos azuis cortaram o ambiente com um brilho letal.

— Amara não é um peso. Ela é uma ameaça — sua voz saiu firme, a certeza de quem conhece a força oculta nas sombras. — Se subestimá-la, vocês podem se preparar para o caos.

O silêncio caiu sobre a sala, e os homens se entreolharam, divididos entre o medo e o respeito.

Mais tarde, no quarto reservado para ela, Amara sentou-se diante da penteadeira.

O vestido de noiva — branco, clássico, mas pesado como uma armadura — estava dobrado ao lado, um lembrete cruel do que viria.

Ela tocou a cicatriz fina na costela, sentindo o frio do passado e a urgência do presente. A lembrança do irmão desaparecido latejava na mente, a responsabilidade que ela não pediu pesava sobre os ombros.

O som da porta sendo aberta a fez se virar.

— Preparada para o juramento? — Dante estava ali, parado na soleira, os olhos fixos nela.

Amara levantou o olhar, a tensão estampada em cada linha do rosto.

— Nunca estarei pronta para um casamento forjado no fogo do poder — respondeu, a voz firme.

Dante deu um passo à frente, aproximando-se lentamente.

— Então vamos torná-lo um fogo que você não poderá apagar — murmurou, a voz rouca e intensa.

O ar entre os dois parecia vibrar, um campo minado de emoções não ditas, ódio e uma atração impossível de ignorar.

Amara desviou o olhar, sabendo que essa guerra não seria apenas contra o Conselho, mas contra algo ainda mais perigoso dentro dela.

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Enquanto isso, nas sombras da Sicília, os olhos do inimigo observavam.

Enzo Mancini , rival dos Bellucci, sorriu ao receber a notícia do casamento. Para ele, aquela união era uma chance de infiltrar-se e derrubar ambos os clãs.

— Que o juramento comece — disse, enquanto suas garras se preparavam para rasgar a aliança.

O salão principal da mansão Bellucci estava lotado. Não de convidados alegres, mas de rostos frios, homens armados e sorrisos carregados de falsidade.

Esse não era um casamento.

Era uma negociação selada com alianças, sob a mira de armas invisíveis.

Amara caminhava pelo corredor improvisado entre as colunas de mármore, com o vestido branco ajustado ao corpo, cada passo pesando como se as correntes da máfia se enrolassem em torno de seus tornozelos. Os saltos batiam no piso de pedra como se anunciassem a execução e não uma união.

Todos a observavam.

Os aliados. Os traidores. O Conselho.

E no altar improvisado, o homem que agora seria seu "marido".

Dante Moretti.

Impecável, de terno escuro, o olhar cinzento tão frio quanto o oceano em noite de tempestade. Ele estava parado, imóvel, como se fosse parte da estrutura daquela mansão maldita.

Quando os olhos dele encontraram os dela, Amara sentiu o corpo inteiro reagir. Não era desejo — ou talvez fosse. Mas era também raiva, desafio e uma tensão que queimava sob a pele.

Ela parou diante dele, mantendo o queixo erguido, mesmo com o coração disparado.

O velho do Conselho, com a expressão de mármore, iniciou o discurso formal:

— Hoje, diante das famílias, do Conselho e sob as leis do submundo, selamos um juramento sagrado. Um pacto de sangue e lealdade. Quem quebrá-lo… morre.

Dante estendeu a mão para ela, e por um segundo, Amara hesitou.

Ele a encarou, a voz baixa o suficiente para só ela ouvir:

— Não pense nisso como um casamento, Bellucci. Pense como um campo de guerra. E agora… você está no meu lado do front.

Ela segurou a mão dele, firme, sentindo o toque quente e o poder escondido ali.

O Conselho continuou:

— Amara Bellucci e Dante Moretti, juram, perante nós, lealdade ao Conselho, às famílias e um ao outro, até que a morte — ou o sangue — os separe?

Dante não piscou.

— Eu juro — disse, o tom tão firme que parecia uma ameaça e não uma promessa.

Todos aguardaram a resposta dela.

O salão parecia mais silencioso que um túmulo.

Amara sentiu o peso do olhar dele, dos conselheiros, de todo o passado. E ainda assim, sustentou a própria coragem:

— Eu juro — respondeu, com um fio de voz, mas com a determinação de quem sabe que, a partir dali, não havia mais volta.

As alianças deslizaram pelos dedos, frias como aço. O juramento estava feito.

Mas quando Dante se inclinou, aproximando os lábios do rosto dela, Amara soube que aquilo ia além de uma formalidade.

Ele a puxou pela cintura, o toque forte, possessivo, e sussurrou contra os lábios dela:

— Bem-vinda ao inferno, esposa.

O beijo veio seco, cheio de faíscas, sem romance, mas carregado de promessa e veneno.

E no fundo, ambos sabiam: o verdadeiro jogo começava agora.

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