Mundo ficciónIniciar sesiónSarah Hastings acreditava que o desejo era um instinto — até conhecer Dr. Thomas Walsh, o professor de Literatura mais enigmático da Universidade de Londres. Em suas aulas de erotismo e censura na arte contemporânea, o prazer se transformava em teoria, o controle em arte e o silêncio em convite. Quando Sarah é atraída para o Clube Dominus, descobre que o amor e o poder caminham em linhas idênticas — e que cada lição ministrada por Thomas carrega um preço. Entre olhares, ordens e segredos, ela mergulha em um mundo onde o toque é proibido, o ciúme tem perfume de luxo e o perigo veste gravata. Mas há olhos sobre ela — Olivia Ward, ex-amante do professor e guardiã do clube, e Marcus Langford, curador sedutor disposto a destruí-los por dentro. Enquanto o jogo entre mente e corpo se intensifica, Sarah precisará escolher entre ser a aluna perfeita ou a mulher que desafia o próprio mestre. "Alguns aprendem o prazer. Outros o ensinam. Mas só quem queima descobre o que é o desejo.”
Leer másChoveu de novo antes do amanhecer.Da janela do meu quarto, Londres parecia uma cidade feita de névoa e segredos. As luzes refletidas no asfalto eram pequenas feridas douradas, e o som constante da chuva criava um ritmo hipnótico, quase musical.Não dormi.Não consegui.As palavras de Evelyn ainda ecoavam dentro de mim — “Ela não era apenas sua amante. Era a fundadora.”E agora, cada gesto de Thomas, cada pausa, cada olhar dele ganhava novos significados.Ele não era só um homem que amara alguém antes de mim.Era o guardião de uma história que nasceu de um pecado elegante demais para ser esquecido.E eu precisava saber até onde ela o moldara.Peguei o diário de E. Walsh mais uma vez.Na página seguinte, havia um parágrafo que parecia escrito para mim:“O controle é um idioma. Quem domina, fala. Quem obedece, traduz. E quem compreende — destrói o idioma inteiro.”Fechei o caderno, respirei fundo e decidi:hoje, Thomas iria falar.Mesmo que em silêncio.Cheguei à universidade antes das
Sonhei com ela.Não com o rosto — ele continuava um borrão elegante, feito de ausência — mas com o som.O som de seus passos em um chão de mármore, lentos, calculados, quase dançados.E atrás dela, ele.Thomas, mais jovem.Sem o peso que o tempo lhe colou na pele.Olhar menos frio, mais vulnerável.Como se amar fosse ainda uma hipótese, não uma ferida.No sonho, ela dizia algo que eu não ouvia — mas sentia: “Não existe salvação para quem confunde devoção com amor.”Acordei antes do toque, antes da queda.Amanheceu chovendo.O tipo de chuva fina que não apaga o mundo — o revela.E com ela, veio a pergunta que eu vinha evitando:se ela, a mulher do passado, ainda vivia nele…em que lugar eu caberia?Abri o diário que Thomas me deixara, o de capa preta.Na primeira página, uma caligrafia elegante:E. Walsh — A estética do controle é o disfarce mais bonito da solidão.Li a frase mais de uma vez.E entendi.A mulher antes de mim não era um fantasma.Era um espelho.E eu estava prestes a de
Eu saí da biblioteca com o coração no ritmo estranho de quem não sabe se está prestes a perder algo ou a reinventar tudo.O ar noturno de Londres estava úmido, cheirando a chuva e terra.Carros passavam distantes, luzes refletiam em poças, e eu senti — pela primeira vez em muito tempo — que não estava caminhando para alguém.Estava caminhando para mim.Continuei até a rua principal, respirando o frio como se ele fosse uma verdade que eu precisava ingerir.A cidade parecia menor do que a confusão dentro de mim; os sons abafados, as pessoas apressadas, a pressa dos outros — tudo distante.Às vezes, o mundo parece construído para manter as pessoas ocupadas com coisas menores do que sua própria vida.Hoje, eu estava em guerra com isso.De repente, meus passos desaceleraram.Alguém estava atrás de mim.Não perto demais, não perto o suficiente — mas com a precisão da presença de quem conhece o silêncio como arma.Três passos.Pausa.Três passos.Nova pausa.Alguém que não perseguia — apenas
Às 18h03, atravessei o pátio lateral da universidade.Não corri.A pressa confessa mais do que palavras.E hoje, eu não estava ali para confessar — estava ali para ser ouvida.O campus estava quase vazio, tomado pelo silêncio transparente que antecede uma decisão importante.Um vento frio atravessava as árvores, fazendo-as balançar como se estivessem esperando algo — ou alguém — se partir.Eu parei diante da porta de vidro da biblioteca privada.A mesma porta onde tudo começara.Onde eu havia sido provocada pela primeira vez — não pelo desejo dele, mas pelo meu.Respirei fundo, ajustei o casaco nos ombros e empurrei a porta.Thomas estava lá dentro, de costas para mim, diante da janela alta que dava para o jardim interno.O reflexo dele se misturava ao vidro: um vulto de elegância contida, mãos nos bolsos do casaco como quem prende o corpo para não deixar a alma cair.— Você veio. — A voz saiu sem virada de rosto, baixa, controlada, como se ele tivesse ensaiado e ainda assim estivesse
Eu sempre achei que decisões importantes aconteciam com gritos, lágrimas, anúncios dramáticos.Mas na manhã seguinte, a minha decisão nasceu no silêncio.O tipo de silêncio que pesa na boca antes do café, que raspa a garganta antes da primeira palavra do dia.De um lado, Thomas, esperando às 18h — com uma promessa de verdade e uma ameaça de desmoronamento.De outro, 17h30, a Galeria Lowland e a mensagem anônima — um convite para ver "o resto".Eu não era mais a garota que apenas reagia ao desconhecido.Agora, eu caminhava em direção a ele.Cheguei à galeria 17h32. Deliberadamente dois minutos atrasada — para não parecer pedida, mas também não indiferente.A Lowland era branca demais, limpa demais, com cheiro de verniz novo e dinheiro velho.Uma mulher de blazer preto me recebeu sem expressão:— Sarah Hastings?Assenti.— Ele está no salão interno. Pode entrar.Ele.Evelyn? Marcus? Outro fantasma?Não importava: eu andava com as costas eretas, como quem carrega uma coroa que ainda não
No dia seguinte, Londres amanheceu feita de prata. A luz era tão pálida que as ruas pareciam polidas por dentro.Trabalhei de forma automática — anotações, café, banho. Toda ação era um disfarce para o relógio.17h12. Saí de casa.Prometi a mim mesma: passaria em Eaton Mews, 12 por vinte minutos e depois iria direto à universidade. Seria um desvio curto, quase um gesto de higiene mental. Ver para deixar de imaginar.O táxi me deixou no começo da viela. Eaton Mews tinha casas de tijolo pintado, portas estreitas e arbustos disciplinados. A fachada do número 12 era coberta por hera, uma hera que se lembrava de velhos invernos.A chave girou com um clique macio, íntimo demais para um primeiro encontro.O ar de dentro cheirava a livro guardado e verniz antigo.Fechei a porta, e a cidade desapareceu como um ruído que alguém abaixa.Havia quadros nas paredes — nudez sugerida, não exibida — e uma escada estreita subindo.Um corredor à direita levava a uma sala com um piano vertical e uma jane
Último capítulo