Às 19h em ponto, a ala antiga da universidade cheirava a chuva e papel velho. Eu cheguei dois minutos antes e fiquei observando a porta da Sala de Estudos 3 como quem aguarda um veredicto.

Thomas entrou no horário exato — o tipo de precisão que faz o mundo parecer organizado por dentro.

— Sarah. — Ele disse meu nome como quem lembra uma nota certa no meio de uma sinfonia.

Havia uma pasta de couro sobre a mesa. Ele a abriu devagar, como se revelasse um quadro. Dentro, apenas duas coisas: um caderno de capa preta e uma máscara dourada.

— O que é isso? — perguntei, mantendo a voz neutra.

— O caderno da primeira fundadora do Clube. — Ele passou a mão pela superfície, sem tocar de fato. — E a máscara… a original.

Meu corpo reagiu mais rápido do que minha mente. A Máscara.

A mesma forma que eu vira na foto anônima — aquela que colava em mim feito espinho.

— Por que está me mostrando? — perguntei, sentindo o terreno sob os pés tremer um milímetro.

— Porque confiança não se exige; se oferece.