A manhã seguinte chegou tão silenciosa que parecia suspeita.
Nenhum vento.
Nenhum som de rua.
Nenhum ruído do prédio.
Apenas a luz — uma luz branca demais, límpida demais, como se alguém tivesse lavado Londres com neve líquida.
Acordei sentindo o corpo leve… leve demais.
Como se parte de mim tivesse passado a noite em outro lugar.
Thomas estava sentado na beira da cama.
Não dormira.
Os olhos tinham aquele vermelho de quem chorou sem fazer barulho.
— Sarah… — a voz dele era quase um sussurro — você desmaiou três vezes ontem à noite.
Tentei falar — mas minha língua demorou um segundo para obedecer.
Como se fosse preciso “acordar” duas vozes para formar uma.
— Eu lembro de tudo — respondi, enfim. — E também lembro dela.
Thomas respirou fundo, fechou os olhos por um instante.
— Eu achava que podia lidar com fantasmas. Mas isso… isso não é fantasma, Sarah.
É invasão.
A palavra ficou pairando no ar.
Pesada.
Verdadeira.
— Ela não quer me matar — disse. — Quer usar meu corpo.
— E eu não vou d