No primeiro dia, a presença dela era apenas isso — presença.
Um peso no fundo da mente, uma sombra atrás dos pensamentos, uma respiração a mais dentro do meu peito.
No segundo dia, ela começou a sentir por mim.
E no terceiro, ela começou a agir.
Mas naquela manhã, quando acordei com a luz cinzenta filtrando pelas cortinas, ainda havia a ilusão de que eu era a única dentro do meu corpo.
Por alguns segundos.
Levantei da cama devagar, cada músculo consciente demais do próprio movimento.
A cozinha parecia distante, como se eu a observasse através de um vidro.
Thomas estava sentado no balcão, cabelos desgrenhados, a camisa amarrotada.
Tinha preparado café, mas não tocara na xícara.
Quando me viu, endireitou a postura.
— Dormiu?
— Não sei.
Ele franziu a sobrancelha.
— O que isso quer dizer?
— Que… eu não lembro.
Ele colocou a xícara no balcão com força demais.
O som ecoou como uma ameaça involuntária.
— Sarah… você precisa ser honesta comigo.
— Eu estou sendo.
— Não está. — A voz dele saiu