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Capítulo 5 — A Sala Verde

O relógio marcava 23h20 quando Sarah desceu do táxi diante do portão de ferro.

A mansão da Grosvenor Square parecia diferente naquela noite — mais silenciosa, mais sombria, como se esperasse apenas por ela.

A chuva fina dava às luzes da fachada um brilho líquido, refletido nas poças do chão.

Sarah segurava o pequeno cartão preto com os dedos trêmulos.

“Sexta-feira, 23h30. Sala Verde.”

Entrou.

O mesmo porteiro fez um aceno breve, e ela caminhou sozinha pelo corredor de velas.

O ar estava impregnado de incenso e vinho, o mesmo aroma que agora parecia ligado ao próprio nome de Thomas Walsh.

Ao chegar à escada de mármore, viu Olivia a esperando no alto, envolta em um vestido verde escuro que parecia feito de sombras líquidas.

— Pontual — disse ela, a voz calma. — Ele aprecia isso.

Sarah hesitou.

— Onde está o professor?

— Lá em cima. Mas antes de subir… há algo que precisa entender.

Olivia desceu um degrau, os olhos fixos nela.

— O Clube não é um jogo para corações frágeis. Thomas… não é como os homens que você conheceu. Ele molda, conduz, destrói. Às vezes na mesma noite.

— E você? — perguntou Sarah. — Ele a moldou também?

Olivia sorriu com algo entre dor e lembrança.

— Eu fui a primeira lição. E talvez, a última que ele tentou esquecer.

As duas ficaram em silêncio por um instante, a tensão flutuando entre elas como perfume.

Então Olivia estendeu a mão.

— Venha. A Sala Verde espera.

O corredor acima era estreito, coberto por quadros de mulheres envoltas em véus.

A porta ao final estava entreaberta, e uma luz esmeralda vazava por ela como névoa.

Ao entrar, Sarah sentiu o impacto da beleza do lugar.

As paredes eram cobertas por seda verde-musgo, iluminadas por lâmpadas de vidro que projetavam sombras delicadas.

No centro, um piano de cauda, e sobre ele, um copo de cristal com vinho tinto.

Nenhum sinal de Thomas.

Olivia se aproximou do piano e passou o dedo pela borda.

— Ele gosta de observar o que o silêncio revela.

Sarah olhou em volta.

— Está me testando?

— Não eu. Ele.

— E você gosta disso?

— Gosto de ver quem sobrevive.

Olivia caminhou até ela, tão perto que Sarah pôde sentir o perfume — jasmim e perigo.

— Diga-me, Sarah… — a voz dela soava como seda rasgando — o que exatamente você quer dele?

— Eu… não sei.

— Claro que sabe. — Olivia inclinou o rosto, os lábios quase roçando o ouvido dela. — Você quer ser a exceção. Todas querem.

O som de uma porta se abrindo cortou o ar.

Thomas entrou.

Camisa branca parcialmente aberta, mangas dobradas, olhar calmo e impenetrável.

O silêncio que o acompanhava tinha peso.

— Olivia. — A voz dele era firme, mas baixa. — Isso não é parte da lição.

Ela ergueu o queixo, desafiadora.

— Então me diga o que é.

Thomas caminhou até as duas, o som dos passos ritmado.

— A Sala Verde é um lugar de equilíbrio — disse ele. — Nenhum gesto aqui é gratuito. Cada movimento revela intenção.

Olivia se afastou, o sorriso voltando a ser máscara.

Thomas se voltou para Sarah.

— Feche a porta.

Ela obedeceu.

O som do trinco ecoou como sentença.

Thomas parou diante dela, mantendo uma distância exata — nem fria, nem íntima.

— O que o medo faz com você, Sarah?

— Paralisa.

— E o desejo?

— Faz esquecer o medo.

— Então aprenda a reconhecê-los. Eles sempre caminham juntos.

Ele passou ao lado dela, sem tocá-la, e acendeu outra vela sobre o piano.

A chama refletiu em seus olhos — um ouro antigo.

— Hoje, você aprenderá a olhar sem possuir.

Ele se virou para Olivia.

— Toque.

Olivia se sentou ao piano e começou uma melodia lenta, melancólica.

Thomas ficou atrás de Sarah, próximo o bastante para que o calor do corpo dele atravessasse o tecido do vestido.

— Ouça — sussurrou ele. — Observe a melodia. Sinta-a antes de entender.

A música cresceu, e por um instante Sarah esqueceu de respirar.

O coração batia no mesmo ritmo das notas.

Quando ele se inclinou, o hálito tocou sua nuca.

— Este é o limite — disse ele. — E é aqui que a arte começa.

Ela virou o rosto, quase tocando o dele.

O olhar de Thomas mergulhou no dela com uma intensidade que queimava e acalmava ao mesmo tempo.

Ele poderia tê-la beijado — e talvez ambos quisessem —, mas recuou.

— A terceira lição virá quando aprender a esperar sem desistir.

A música cessou. Olivia permaneceu imóvel, as mãos sobre as teclas.

Sarah tentou falar, mas a voz falhou.

Thomas olhou para ela uma última vez.

— Agora vá. Antes que o desejo decida por nós.

Ela saiu da sala com o corpo em chamas e a mente em ruínas.

Atrás dela, ouviu Olivia rir baixinho — um som elegante e venenoso.

“Ela ainda não entende que aqui ninguém vence o professor.”

Sarah deixa a Sala Verde — confusa, tocada e marcada. Thomas a afasta para não ceder, e Olivia jura não deixá-lo repetir com outra o que fez com ela.

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