No dia seguinte, Londres amanheceu feita de prata. A luz era tão pálida que as ruas pareciam polidas por dentro.
Trabalhei de forma automática — anotações, café, banho. Toda ação era um disfarce para o relógio.
17h12. Saí de casa.
Prometi a mim mesma: passaria em Eaton Mews, 12 por vinte minutos e depois iria direto à universidade. Seria um desvio curto, quase um gesto de higiene mental. Ver para deixar de imaginar.
O táxi me deixou no começo da viela. Eaton Mews tinha casas de tijolo pintado, portas estreitas e arbustos disciplinados. A fachada do número 12 era coberta por hera, uma hera que se lembrava de velhos invernos.
A chave girou com um clique macio, íntimo demais para um primeiro encontro.
O ar de dentro cheirava a livro guardado e verniz antigo.
Fechei a porta, e a cidade desapareceu como um ruído que alguém abaixa.
Havia quadros nas paredes — nudez sugerida, não exibida — e uma escada estreita subindo.
Um corredor à direita levava a uma sala com um piano vertical e uma jane